POEMA

SONETO ESCRITO NA MORTE DE TODOS
OS ANTIFASCISTAS ASSASSINADOS PELA PIDE


Vararam-te no corpo e não na força
e não importa o nome de quem eras
naquela tarde foste apenas corça
indefesa morrendo às mãos das feras.

Mas feras é demais. Apenas hienas
tão pútridas tão fétidas tão cães
que na sombra farejam as algemas
do nome agora morto que tu tens.

Morreste às mãos da tarde mas foi cedo.
Morreste porque não às mãos do medo
que a todos pôs calados e cativos.

Por essa tarde havemos de vingar-te
por essa morte havemos de cantar-te:
Para nós não há mortos. Só há vivos.

José Carlos Ary dos Santos

7 comentários:

Sal disse...

Que poema tão forte.
Que bom lê-lo, hoje, agora.
Tinha que ser José Carlos Ary dos Santos, poeta de Abril.

FS, Obrigada MESMO.

bjs

samuel disse...

Ary!!! Quando acertava era bem em cheio!

Anónimo disse...

Este batia forte no sítio certo!
Que jeito nos dava agora ter o zé Carlos!
Abraço
Manangão

Fernando Samuel disse...

sal: o Poeta da revolução de Abril, como ele gostava de ser considerado.

samuel: na mouche!

josé manangão: e temo-lo, para sempre.

Anónimo disse...

Como diz o fernando Samuel gemos o nosso poeta sempre. Todavia, não estejamos à espera que seja ele a fazer o que deve ser feito por nós.

Anónimo disse...

Como diz o fernando Samuel gemos o nosso poeta sempre. Todavia, não estejamos à espera que seja ele a fazer o que deve ser feito por nós.

Anónimo disse...

o que eu queria dizer é que temos Ary sempre como diz o fernando samuel. houve aqui um trocar de teclas.