SALMO 57
Senhores defensores da Ordem e da Lei:
porventura o vosso Direito não é de classe?
o Civil para proteger a propriedade privada
o Penal para aplicá-lo às classes dominadas
A liberdade de que falam é a do capital
o seu «mundo livre» é a livre exploração
Sua lei é a das armas, sua ordem a dos gorilas
vossa é a polícia
são vossos os juízes
Na prisão não há latifundiários nem banqueiros
Extraviam-se os burgueses já no seio materno
têm preconceitos de classe desde que nasceram
como a cascavel nasce com venenosas glândulas
como nasce o tubarão devorador de gente
Oh Deus acaba com o statu quo
arranca os colmilhos aos oligarcas
Que se precipitem como a água dos autoclismos
e sequem como as ervas sob o herbicida
Eles são os «gusanos» quando chega a Revolução
não são células do corpo mas somente micróbios
Abortos do homem novo que é preciso atirar
Antes que lancem espinhos que o tractor os arranque
O povo irá divertir-se nos clubes privativos
entrará na posse das empresas privadas
o justo há-de alegrar-se com os Tribunais do Povo
Festejaremos em grande praças o aniversário da Revolução
O Deus que existe é o dos proletários
Ernesto Cardenal
2 comentários:
Mais um poema e uma autoria meus desconhecidos. obrigado.
antuã: é nicaraguense, bispo, e foi ministro no primeiro governo de Ortega.
Um abraço.
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