POEMA

CANTAR DE AMIGO

Eu e tu: milhões!...
Entre nós - perto ou longe -
entre nós, rios e mares,
montanhas e cordilheiras...

Eu e tu, perdidos
nesta distância sem fim do desconhecido;
eu e tu, unidos
para além das cordilheiras,
por sobre mares de diferença,
na comunhão de nossos destinos confundidos
- a minha e a tua vida
correndo para a confluência
num mesmo Norte.

Eu e tu, amassados,
nesta angústia que é de nós,
minha e tua,
e mais do que de nós...

Eu e tu,
carne do mesmo corpo,
amor do mesmo amor,
sangue do mesmo sacrifício!...

Eu e tu,
elos da mesma cadeia,
grãos da mesma seara,
pedras da mesma muralha!...

Eu e tu, que não sei quem és,
que não sabes quem sou:
Eu e tu, Amigo! Milhões!


Joaquim Namorado

A preparação

Filme sobre a preparação da Conferência Nacional do PCP - Questões Económicas e Sociais.



Mesquitices

Dá que falar (se é que há ainda alguma coisa por falar): e talvez fosse esse o objectivo da deputada Luísa Mesquita: estar em todos os meios de comunicação. Que oportunidade para atacar o PCP.

Aliás, o direito democrático de resposta a declarações exteriores nunca fora cumprido em Portugal excepto num caso: Luísa Mesquita é convidada especial no Jornal das 22 da rtp2 para responder a declarações do Jerónimo de Sousa. Irónico não?: quando o partido é atacado, denegrido, injuriado nunca tem direito a resposta e, hoje, vá-se lá saber porquê, a Luísa Mesquita obteve o exclusivo e inédito direito de resposta.

Até diria que estávamos num país democrático ao assistir a isto não fosse agora o PCP não poder "responder à resposta".

Porque numa intervenção tão longa da Luísa Mesquita (em contraste aos 20 segundos do Jerónimo de Sousa) o PCP teria, caso possuíssemos uma televisão verdadeiramente democrática, direito à resposta. E, prevejo, não o vir a ter. Se é que vale a pena teimar na mesma tecla, passo a expressão:

-a ex-militante assinou um documento onde, além de outras coisas, se propunha a ceder o seu lugar de deputada aquando ordens da direcção do PCP e se propunha a apenas receber o ordenado de profissional da educação entregando, assim, (por seriedade, fraternidade, solidariedade e justiça) o resto ao Partido. A segunda parte não mereceu comentários por parte da RTP2 (o que acho natural visto não estar em discussão, mas poderia, pelo menos, ser exaltada a democracia interna dentro do PCP- esta até parece uma opinião inocente de quem não sabe como funciona a democracia dos MEDIA), e a primeira de nada valeu pois o que estava em causa era a suposta conversa oral que a "ex-comunista" (como se assumiu) teve com a direcção do Partido.

E pronto, já temos título para livro: Foi assim, parte II: Luísa Mesquita, a boa da fita. Numa banca perto de si...

A Ilusória Soberania Popular

"Far-se-ão tantos referendos quantos os necessários até o «sim» ganhar." (Jacques Delors, ex-Presidente da Comissão Europeia, acerca da concretização do Tratado de Maastricht (pai da afamada UE) e do voto negativo ao primeiro referendo, sobre esta questão, realizado na Dinamarca)

Então para que se vangloriam com palavras como Democracia e Liberdade? Contamos apenas com palavras soltas proferidas ilusoriamente, infestas de carga sugestionável ou mesmo hipnótica, cujo único objectivo é o de conquistar as cruzes no papel e a cadeira do poleiro?


Como o próprio argumento dita, a voz do povo é a menos importante quando se trata de decidir, e infelizmente, o que para uns é decidir de acordo com a vontade de todos (realmente interessados e que sofrem, na pele e na prática, as consequências de políticas encardidas), para outros é um populismo permanente, ao qual os eleitos democraticamente não se podem submeter, sob pena de terem que repetir procedimentos até levar a que o povo entenda o caminho a seguir, de encontro não à resposta que gostavam de obter, mas à que têm obrigatoriamente que obter no matter what.

Mais uma vez se prova a verdade de um amigo que recorre muitas vezes ao dito popular antes de o ser já o era, para descrever os actos supostamente democráticos que se concretizam, mesmo antes de se realizarem, e rumam trilhos traçados a quem interessa e não a quem de direito devia interessar.



Fonte: Editorial do Jornal Avante!

Pires Jorge


Joaquim Pires Jorge, militante e dirigente do Partido que, pela sua actividade política antes e depois do 25 de Abril, pela sua luta contínua e infatigável de décadas, pela sua vida de sacrifícios e de privações mas também de entusiasmo combatente em prol da liberdade, da justiça social e de um futuro socialista para os portugueses e para Portugal, merece figurar na lista dos mais heróicos lutadores do nosso Partido contra o fascismo e pela conquista e consolidação da democracia.

Lembramos hoje este resistente de Abril, pelo centenário do seu nascimento.



Excerto retirado de um texto, in O Militante, por Fernando Correia

PETIÇÃO

EM DEFESA DAS CRIANÇAS

Exmo. Senhor Presidente da República Portuguesa
Prof. Aníbal Cavaco Silva
Palácio de Belém, Calçada da Ajuda, nº 11, 1349-022 Lisboa

Assunto: PETIÇÃO para estabelecimento de medidas sociais, administrativas, legais e judiciais, que realizem o dever de protecção do Estado em relação às crianças confiadas à guarda de instituições, assim como as que assegurem o respeito pelas necessidades especiais da criança vítima de crimes sexuais, testemunha em processo penal.

Excelência,

No exercício do direito de petição previsto na Constituição da República Portuguesa, verificado o cumprimento dos pressupostos legais para o seu exercício, vêm os signatários abaixo assinados, por este meio, expor e peticionar a V. Exa. o seguinte:

Somos um conjunto de cidadãos e de cidadãs, conscientes de que o abuso sexual de crianças não afecta apenas as vítimas mas toda a sociedade, e de que “a neutralidade ajuda o opressor, nunca a vítima. O silêncio encoraja o torturador, nunca o torturado” (Elie Wiesel).

Estamos unido(a)s por um sentimento de profunda e radical indignação contra a pedofilia e abuso sexual de crianças, de acordo com a noção de criança do art. 1.º da Convenção dos Direitos da Criança, que define criança como todo o ser humano até aos 18 anos de idade, e partilhamos a convicção de que não há Estado de Direito, sem protecção eficaz dos cidadãos mais fracos e indefesos, nomeadamente, das crianças especialmente vulneráveis, a viver em instituições ou em famílias maltratantes.

Os direitos especiais das crianças são dotados da mesma força directa e imediata dos direitos e liberdades e garantias, previstos na Constituição da República Portuguesa, nos termos dos arts. 16.º, 17.º e 18.º da CRP e constituem uma concretização dos direitos à integridade pessoal e ao livre desenvolvimento, consagrados nos arts 25.º e 26.º da CRP, e do direito da criança à protecção do Estado e da sociedade (art. 69.º da CRP).

Indo ao encontro das preocupações reveladas por V. Exa. relativamente às investigações em curso sobre crimes de abuso sexual de crianças a viver em instituições, e também ao anterior apelo de Vossa Excelência para que não nos resignemos e que não nos deixemos vencer pelo desânimo ou pelo cepticismo face ao que desejamos para Portugal, sendo que é dever do Estado de fiscalizar a actividade e o funcionamento das instituições particulares de solidariedade social e outras instituições de reconhecido interesse público (art. 63.º, n.º 5 da CRP) e de criar condições económicas, sociais, culturais e ambientais para garantir a protecção da infância, da juventude e da velhice (art. 64.º, n.º 2, al.d) da CRP), vimos requerer a intervenção de V. Exa, através de uma mensagem à AR, ao abrigo do art. 133.º, al. d) da CRP, para a concretização dos seguintes objectivos:


1) A criação de uma vontade política séria, firme e intransigente no combate ao crime organizado de tráfico de crianças para exploração sexual e na protecção das crianças confiadas à guarda do Estado;

2) O empenhamento do Estado, na defesa dos direitos das crianças em perigo e das crianças vítimas de crimes sexuais, em ordem a assegurar a protecção e a promoção dos seus direitos;

3) O estabelecimento de medidas sociais, administrativas, legais e judiciais, que assegurem o respeito pela dignidade e necessidades especiais da criança vítima de crimes sexuais, testemunha em processo penal, que evitem a vitimização secundária e o adiamento desnecessário dos processos, e que consagrem um dever de respeito pelo sofrimento das vítimas, nos termos dos arts. 8.º e 9.º do Protocolo Facultativo à Convenção sobre os direitos da criança, relativo à venda de crianças, prostituição e pornografia infantis, documento ratificado pelo Estado Português, nomeadamente:

a) Proibição de repetição dos exames, dos interrogatórios e das perícias psicológicas;

b) O direito da criança à audição por videoconferência, sem «cara a cara» com o arguido;

c) O direito da criança se fazer acompanhar por pessoa da sua confiança sempre que tiver que prestar declarações;

d) Formação psicológica e jurídica especializada da parte das pessoas que trabalham com as vítimas, de magistrados e de pessoas que exercem funções de direcção em instituições que acolhem crianças, assim como de funcionário(a)s das mesmas;

e) Assistência às vítimas e suas famílias, particularmente a promoção da segurança e protecção, recuperação psicológica e reinserção social das vítimas, de acordo com o art. 39.º da Convenção sobre os Direitos da Criança e o art 9.º, n.º 3 do Protocolo Facultativo à mesma Convenção relativo à venda de crianças, prostituição e pornografia infantis;

f) Uma política criminal que dê prioridade à investigação de crimes de abuso sexual de crianças e de recurso ao sexo pago com menores de 18 anos;

g) Proibição da aplicação de pena suspensa ou de medida de segurança em regime aberto ou semi-aberto (ou tutelar educativa, no caso de o abusador ter menos de 16 anos), a abusadores sexuais condenados;

h) A adopção de leis, medidas administrativas, políticas sociais e programas de sensibilização e de informação da população, nomeadamente das crianças, sobre a prevenção da ocorrência de crimes sexuais e sobre os seus efeitos prejudiciais, no desenvolvimento das vítimas;

4) Proibições efectivas da produção e difusão de material que faça publicidade às ofensas descritas no Protocolo Facultativo à Convenção dos Direitos da Criança.

Requeremos a Vossa Excelência, que num discurso solene, dirigido às crianças, as cidadãs mais importantes do nosso país, assuma, para com elas, estes compromissos, prestando uma manifestação de solidariedade para com o sofrimento das vítimas, pois como disse Albert Camus “não é o sofrimento das crianças que se torna revoltante em si mesmo, mas sim que nada justifica tal sofrimento”.

Com os melhores cumprimentos,

Os signatários




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http://www.petitiononline.com/criancas/petition.html


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Lopes-Graça

Recordamos hoje o desaparecimento de Fernando Lopes-Graça.

Entre os músicos, mais do que entre outros artistas, permanece viva a designação de «mestre» para as suas figuras mais destacadas e merecedoras de respeito. Em relação a Lopes-Graça essa palavra deve ser tomada literalmente a sério, e não apenas na referência ao grande artista, ao grande músico e criador musical.

Fernando Lopes-Graça é um mestre e um exemplo como músico, e é também um mestre e um exemplo de coerência, coragem e verticalidade cívica e de invulgar lucidez e firmeza política.





Texto retirado de O Militante

É Necessário, É Urgente...

Uma Política Diferente!


Em prol de uma sociedade não mais baseada na exploração do Homem pelo Homem e pela consequente e crescente perda de direitos, e para que esta realidade patente nos nossos dia se torne um vislumbre do passado não memorável, apelamos à consciência de todos os trabalhadores da Administração Pública, bem como, ao apoio solidário de outros trabalhadores, para que a greve de dia 30 de Novembro, seja para não mais esquecer.


Parabéns Fausto!

O Colectivo do Cravo de Abril canta os parabéns a Carlos Fausto Bordalo Gomes Dias.

Fica a merecida homenagem com este vídeo da autoria de Cravo de Abril.

POEMA

VIAGEM ATRAVÉS
DE UMA LÁGRIMA


Nós, comunistas,
não habitamos
o deserto
nunca.

Há sempre
alguma coisa
alguém
uma palavra
uma canção
um nome
que de repente
se transforma
em lágrima.

A lágrima
ao sol
é um pequeno punho
de cristal.

Mário Castrim
(«Viagens» - edição da célula do PCP da Renascença Gráfica/Diário de Lisboa, para a Festa do Avante/77)

A DEMOCRACIA DELES

DITADURA DO GRANDE CAPITAL


Durante mais de dois meses, milhares de militantes e simpatizantes comunistas debateram a situação económica e social do País.

Neste fim-de-semana, cerca de 1300 militantes do PCP - homens, mulheres, jovens, operários, empregados, camponeses, micro, pequenos e médios empresários, reformados, intelectuais, quadros técnicos - reunidos em Conferência Nacional, fizeram a síntese desse amplo debate: apontaram causas e consequências da situação existente e apresentaram propostas concretas visando a resolução dos problemas económicos e sociais que flagelam os trabalhadores, o povo e o País.

Num regime democrático, com órgãos de comunicação social democráticos - isto é: cumpridores do dever de informar e respeitadores do direito de ser informado - esta teria sido a grande notícia do fim-de-semana.
Não foi: as televisões concederam à Conferência apenas uns breves segundos do seu precioso tempo; os jornais dedicaram-lhe meia dúzia de linhas do seu precioso espaço.

Por duas razões essenciais:
1 - os média privados são propriedade do grande capital;
2 - os média públicos são propriedade do Estado que, por sua vez, é propriedade desse mesmo grande capital.

É por isso, também - isto anda tudo ligado, não é verdade? - que esses média privados e públicos chamam regime democrático à ditadura do grande capital em que vivemos.


POEMA

DA DEMOCRACIA

Descendia o rei
de outros reis e senhores
matadores
de Índios
(pois já o diz a sabedoria
das grandes nações:
que o único índio bom
é o índio morto).
E então o bom rei quis
silenciar o índio.
Mas a era dos índios
calados
acabara
e o rei saíu da sala
com a coroa entre as
pernas
e a fama de democrata -
como convém a um rei
por um grande democrata
nomeado.
Os democratass, em
uníssono,
aplaudiram.
O índio?
Não! O rei.


José António Gomes
(in «Avante!» 22.11.2007)

A nossa Conferência Nacional

Para aqueles que que estiveram presentes, e para os que não estiveram - como é o meu caso - partilho algumas fotos da Conferência Nacional do PCP sobre Questões Económicas e Sociais.

Apesar de não ter estado presente, consegui acompanhar a Conferência através da transmissão em directo no site do Partido. Os meus parabéns pela transmissão!


Emir Kusturica

Emir Kusturica é hoje aniversariante, comemora a quinquagésima terceira primavera.

E como nos irá visitar, em Janeiro do próximo ano, com a frenética No Smoking Orchestra para dois concertos inseridos na Tournée de 2008, deixo aqui o vídeo “Unza Unza Time!”.


POEMA

VIAGEM ATRAVÉS
DE UMA INSCRIÇÃO A LÁPIS
EM CAXIAS


«Encontramo-nos
nesta sala
setenta e dois camponeses
do Couço
e de Montemor.
Sempre
sempre nos demos
como irmãos.

Vocês devem continuar
a fazer o mesmo»


Mário Castrim
(«Viagens»)

Juliette Greco

Com um grande abraço

Françoise Hardy

A amizade cantada por uma flor

POEMA

VIAGEM ATRAVÉS
DE UMA TIPOGRAFIA CLANDESTINA


Gritar Liberdade!, é fácil
quando existe liberdade.
É fácil defender a liberdade de expressão
num off-set sofisticado
com ar condicionado, telex, telefones,
salário, hora para almoço, avales bancários,
protecção das leis e do governo
amplas janelas para o Sol, quebrado
por estores de alumínio, docemente.

Assim
ser pela liberdade de expressão
é cómodo e é fácil.

Mas do que eu estou a falar é doutra coisa.
Se entendeste, o poema está cumprido.
Se não, o poema espera
com a paciência tradicional de todos os poemas.


Mário Castrim
(«Viagens» - edição da Célula do PCP da Renascença Gráfica/Diário de Lisboa, para a Festa do Avante!/77)

Tirania?!? Em qual dos lados?

"O Rei Espanhol Juan Carlos faz amanhã 32 anos que subiu ao trono."

Humm... dá que pensar: afinal quem é tirano?: quem é eleito em 3 eleições e 1 referendo em apenas 9 anos, ou quem está no poder há 32 anos por obra e graça do real esperma?

Nara Leão

"Sua voz quando ela canta me lembra um pássaro
mas não um pássaro cantando
lembra um pássaro voando..."

Ferreira Gullar



«IMPRENSA LIVRE E DEMOCRÁTICA»

VENEZUELA
UMA «BOÉMIA»ESPECIAL


«Boémia»: assim se chama uma revista venezuelana - dessas que, lá como cá, são propriedade de grandes grupos económicos e financeiros cujos interesses servem, e se apresentam como exemplos de imprensa livre e democrática.

A edição da «Boémia» de 14 de Abril de 2002, reveste-se de uma curiosidade que vale a pena registar: nesse dia, toda ela era dedicada ao golpe que, julgavam os donos da revista, havia derrubado Hugo Chávez.

Acontece que, nesse dia 14, já os golpistas tinham sido derrotados e, à hora a que a revista devia estar na rua, as ruas estavam ocupadas por uma multidão que festejava o regresso de Chávez à presidência da República Bolivariana.

Os editores da «Boémia» - que integra uma cadeia mediática que se chama, significativamente, «Bloque de Armas» - deram ordens para que a revista não fosse posta á venda e para que todos os seus exemplares fossem queimados.

E assim foi feito... quase: na verdade, tipógrafos da empresa que imprime a «Boémia» conseguiram trazer cá para fora alguns exemplares.

Um camarada venezuelano ofereceu-me uma fotocópia desse exemplar histórico - desse número feito à pressa e, á pressa, recolhido e queimado... salvo, para raiva dos editores do «Bloque de Armas», os tais exemplares.

Nesse número, pode ver-se, na capa, uma foto de Hugo Chávez e a legenda:

«Las últimas horas del tirano»

e, no canto superior direito. «edición extraordinária».

Na terceira página, uma foto de Hugo Chávez por detrás das grades de uma janela e o seguinte texto:

«ENTRE REJAS - La presente foto no es actual, aunque alegraria mucho la vista del lector si así lo fuera, porque es la imagen que merece ver, en estos momentos, toda Venezuela. Es el Chávez que mira desde una ventana enrejada en la prisón de Yare. Hoy dia se halla incomunicado, pero bajo una severa vigilancia, no vaya a ser que sus hermanos del alma (Castro, Kadafy, Saddam Hussein) intente rescatarlo de su reclusion».

Nas páginas interiores, os golpistas da «Boémia» celebram o golpe - SÍ, HUBO GOLPE! - e assumem-se como seus participantes e executores.
Assim, por exemplo:

«Que se tenga bien entendido, el oscuro teniente coronel con rango de comandante en jefe, no renunció. Es decir que fue derrocado».

«Que quede bien claro... 1) Chávez no renunció. Chávez fue derrocado por la Prensa y el pueblo, y por todos los elementos que contribuyeran a su derrocamiento, e solo para cumplir con una formalidad que, a nuestro juicio, en nada era necesaria, se le hizo renunciar, a fin de que el Estado de Derecho no sufriera, a la luz de propios e extraños, una transgresión».

«Es la Prensa a la que queremos reconocer, una vez más, su entrega invalorable. Gracias a ella, en buena parte, el tirano fue derrocado».

«Todos los ministros fueron automáticamente destituidos y, en su lugar se nombró a un plantel de eficientes funcionarios capaces de enderezar todos los entuertos dejados por los usurpadores».

«Larga será la lista de remociones, pero se he hecho como debe hacerse».

«Así comienza con buen pie los mejores aspectos de esta nueva Venezuela».


SEM COMENTÁRIOS.


«LOS CUATRO GENERALES»

OS QUATRO CRIMINOSOS


Bush: «É verdade que muita da informação se mostrou errada. Como Presidente, sou o responsável pela decisão de ir para o Iraque».

Blair: «Peço desculpa pela informação, que se mostrou errada. Mas não peço desculpa por ter removido Saddam Hussein do poder».

Aznar: «Todo o mundo pensava que havia armas de destruição maciça no Iraque e afinal não havia. Sei-o agora, mas antes não sabia».

Barroso: «Vi os documentos, tive-os à minha frente, dizendo que havia armas de destruição maciça. Isto não correspondeu à verdade».


A verdade: os quatro sabiam que o Iraque não tinha armas de destruição maciça; todos exibem, orgulhosos, o estatuto de criminosos de guerra responsáveis pelo morticínio de centenas de milhares de pessoas.
Logo, todos aguardam o julgamento e a respectiva condenação.

No caso de Barroso, condenação agravada por sabujice e corrupção criminosas: «Nós realizámos a cimeira dos Açores porque nos foi pedida pelos nossos aliados e amigos. Os Estados Unidos, o Reino Unido... Espanha. Sobretudo a Espanha (...) E Portugal, ao dizer que sim (...) não perdeu nada na Europa com isso. Repare, eu fui, depois dessas decisões que tomei, convidado a ser Presidente da Comissão Europeia e tive o consenso de todos os países europeus».

Se os donos da União Europeia quiserem fingir que, no processo da sua construção, há ainda algum resquício de vergonha democrática, não lhes resta outra coisa que não seja demitir imediatamente este Barroso de Presidente da Comissão.

A propósito, lembremos LOS CUATRO GENERALES - canção célebre da Guerra de Espanha, dedicada aos quatro generais fascistas Franco, Sanjurjo, Mola e Queipo de Llano:

«Los cuatro generales,
los quatro generales,
los cuatro generales,
mamita mia,
que se han alzado,
que se han alzado.

Para la nochebuena,
para la noche buena,
para la nochebuena,
mamita mia,
serán ahorcados,
serán ahorcados.

..............................

Iraque

Durão Barroso admitiu -em declarações ao Telejornal da RTP de 18.11.07- que foi enganado em relação à suposta existência de armas químicas no Iraque. No entanto, sublinhou que "não há nada a lamentar na ajuda que Portugal concedeu aos EUA, Inglaterra e Espanha na invasão do Iraque."


Era o que faltava lamentar centenas de milhares de vítimas civis...


RECORDEMOS

TODOS OS ANOS...


... no dia 17 de Novembro, milhares de gregos manifestam-se na capital do seu país, assinalando a passagem de mais um aniversário dos acontecimentos ocorridos nesse mesmo dia, no ano de 1973, na Escola Politécnica de Atenas - onde, então, as forças repressivas fascistas mataram duas dezenas de estudantes e prenderam e feriram muitos outros.

Todos os anos, também, a manifestação termina junto à Embaixada norte-americana. Por razões óbvias: como se sabe, foram os EUA e o seu braço terrorista chamado NATO, que organizaram e planearam o golpe militar que - concretizado em 21 de Abril de 1967 por um grupo de coronéis assumidamente ao serviço do dono - instaurou na Grécia uma das mais bárbaras e cruéis ditaduras fascistas de sempre - que duraria até Julho de 1974.

Na manifestação ontem realizada, os milhares de manifestantes beneficiaram da protecção especial de mais de 8.000 polícias... (onde é que eu já ouvi isto?)

Recordemos, entretanto, que a tortura na Grécia dos coronéis às ordens dos EUA, assumiu graus extremos de crueldade: nas prisões de Bouboulinas, do rochedo de Yaros, de Aghia Paraskevi, de Halikarnassos (prisão para mulheres, com tortura no feminino...), milhares e milhares de resistentes antifascistas foram submetidos às mais brutais torturas - e, em muitos casos, de lá saíram cadáveres.

Recordemos, entretanto, que alguns dos protagonistas directos dessa repressão selvática, não hesitaram em expressar o que lhes ia nas almas:

Recordemos declarações de um dos membros da Junta fascista, o coronel Patakos: ««O governo grego tem o dever de se proteger e de proteger o seu povo contra os inimigos comunistas. Um comunista não é um grego»; «Os presos que se recusam a assinar a declaração de arrependimento e de submissão, só conseguirão saír dos campos em estado de cadáveres a apodrecer».

Recordemos declarações de dois dos principais torcionários:
O chefe dos torturadores, Basil Lambrou: «O governo grego não está sozinho, por detrás dele encontram-se os americanos. Nós somos os americanos».
O mais célebre dos torturadores, o carrasco Kouvas, dirigindo-se a um preso: «Vamos continuar a interrogar-te enquanto nos apetecer. E mesmo que o actual governo caia, continuarás a sofrer enquanto exisitir a NATO».

Recordemos. Para que ninguém possa dizer: «eu não sabia...».


Tratado de Lisboa

Durão Barroso: “É tão legítimo aprovar Tratado de Lisboa no Parlamento como por referendo” In Público de 18.11.2007

Tem toda a razão no que diz. Como teria se dissesse: seria tão legítimo aprovar a pena de morte no Parlamento como por referendo ou seria tão legítimo alterar a Constituição da República Portuguesa para Constituição da Monarquia Portuguesa no Parlamento como por referendo. Teria toda a razão se houvesse certezas absolutas antes dos referendos se realizarem. O que nunca houve, não há e jamais haverá. Portanto se houvesse referendo e nele ganhasse o SIM ao tratado então estaríamos de acordo: seria tão legítimo aprovar por referendo ou no parlamento. Mas isto só assim seria se o SIM ganhasse no referendo. E só se saberia se o SIM ganharia ou não depois da realização do referendo. Isto é, só depois de o referendo feito e o SIM ter ganhado se poderia afirmar a legitimação que a sua não realização poderia ter tido, e que caso tivesse vencido o NÃO não teria tido. Quero eu dizer: como saber o resultado de um referendo antes de o realizar, ou seja, como legitimar uma coisa - afirmando-a como positiva - antes da sua concretização?


"Para que os nossos filhos não mendiguem de joelhos na Pátria que os seus pais ganharam de pé." (Parte V- final)

2. Liberdade de expressão (Parte II)


Como o disse, sabiamente, Chomsky: “Cuba, trata-se provavelmente do território que mais atentados sofreu em todo o mundo”. Naturalmente, em qualquer país “democrático”, entre os quais se encontra Portugal, caso se encontrassem dissidentes pagos por uma potência estrangeira para destabilizar o governo nacional o que lhes aconteceria? Não seriam presos instantaneamente? Mas parece que as medidas de prender mercenários terroristas podem ser utilizadas em qualquer país do mundo, menos em Cuba. Porque aí os mercenários são apenas “dissidentes independentes” e os terroristas não passam “dissidentes pacíficos”. Outro caso mediático passado em 2003 em Cuba foi a execução de três opositores (que actuavam, segundo os meios de comunicação, claramente a favor da paz…) que sequestraram um barco que fazia a ligação entre Havana e Regla, desviando a embarcação para o alto- mar e ameaçando de morte os 50 passageiros (dos quais alguns eram estrangeiros). A operação de resgate foi lenta e houve mesmo passageiros que não aguentaram a pressão a que estavam submetidos e se atiraram ao mar. Que se critique a pena aplicada (pena capital) a estes terroristas, acho natural. Eu próprio condeno esse crime: a pena de morte jamais é alternativa, em caso algum. Mas isso nunca apareceu em meio nenhum de comunicação. A detenção de 3 dissidentes pacíficos (que não passavam de terroristas) é que era motivo de escândalo e de revolta pelo mundo fora. Só não percebo que jornalistas imparciais são estes que criticaram tão abertamente este caso e relativamente à resposta que o governo americano dá ao terrorismo (em pouco mais de 60 anos, em 32 países, milhões de mortos, torturados e trucidados) se limitam a glorificá-la devido à sua “permanente disponibilidade e determinação em acabar com o terrorismo”. Que valor tem, afinal, a vida humana para estes jornalistas? Nos dois meses antes deste atentado ocorreram sete sequestros de aviões, os quais aterraram depois em solo americano. Recorde-se que desde o 11 de Setembro de 2001, o espaço aéreo americano é controlado por aviões bombardeiros que têm ordens para abater qualquer avião que não tenha passagem marcada pelos EUA. E em todos esses 7 sequestros aconteceu o impensável: os aviões não foram abatidos no espaço aéreo americano. A única hipótese viável é o conhecimento antecipado pelo governo americano de tais sequestros. Teria sido este o patrocinador de tais actos terroristas? Tudo aponta que sim…

Em Cuba já morreram 3478 pessoas vítimas de atentados e 2099 ficaram inválidas. Isto, proporcionalmente à população, é 6 vezes mais desastroso que o colapso do Worl Trade Center. Até quando Cuba vai ficar privada de se proteger contra o terrorismo sem ser acusada de violadora dos direitos humanos? Até quando Cuba vai ficar impossibilitada de julgar criminosos sem ser acusada de julgar simples dissidentes?

Outro método de provocar instabilidade e fomentar a emigração ilegal em Cuba é a Rádio e a TV Marti que acusa, continuadamente, Fidel Castro de ser responsável pela miséria que há em Cuba. Se falam da miséria económica então utilizem outros nomes como bloqueio ou embargo em vez de Fidel. Porque se falam no Fidel Castro e em miséria estão a cometer uma falácia. Ou será que miséria, para a Rádio e TV Marti, é sinónimo de esperança média de vida de 77 anos, taxa de mortalidade infantil de 0,6 por cada 100 nados vivos, 4 milhões de estudantes em 11 milhões de habitantes, 590 médicos por cada 100 mil habitantes, o mais elevado número (proporcionalmente ao número de habitantes) de médicos e professores do mundo? Ou será que miséria é ter 11% dos cientistas da América Latina, tendo apenas 2% da população latino-americana?

Continuam a “organizarem-se incontáveis planos de assassinatos, terrorismo, sabotagem, bloqueio económico, isolamento diplomático, excomunhão política e separação das comunidades internacionais” (Cláudio Guevara), mas Cuba insiste em dar ao mundo uma “lição de dignidade e resistência” (idem).

Cuba jamais renunciará à sua condição de país socialista porque os seus filhos não estão dispostos a mendigar de joelhos numa Pátria que os seus pais ganharam de pé.

"Para que os nossos filhos não mendiguem de joelhos na Pátria que os seus pais ganharam de pé." (Parte IV)

2. Liberdade de expressão (Parte I)

“Terrorista segundo o dicionário é: "o que emprega actos de violência para difundir terror". Mercenário está definido claramente como "quem serve por dinheiro um país estrangeiro".

Aqueles que foram julgados e condenados em Cuba, em todo o direito, com toda as garantias, sem humilhações, sem torturas, sem vexações, eram terroristas e mercenários, financiados pelos Estados Unidos para destruir o povo cubano e suas conquistas sociais.”

(Graciela Ramírez)

Outro assunto que tem inundado as notícias passadas na televisão e nos jornais é a existência de “presos políticos” em Cuba.

Antes de tomar o cerne da questão gostaria de recordar alguns pontos interessantes: o Relatório da Comissão de Ajuda para uma Cuba Livre elaborado pelo Roger Noriega (um dos autores da lei Helms-Burton) declarava, entre outros, alguns tópicos interessantes de analisar: a “cedência de 59 milhões de dólares para financiar as acções destinadas à destruição da revolução”, “dedicar 26,9 milhões de dólares às transmissões das (mal) chamadas TV e Rádio Marti (das quais falarei mais à frente), por meio de um avião C-130, dedicado exclusivamente a isso”, “os cubanos recém chegados aos EUA só poderão voltar a Cuba três anos depois” (Porque será que foi imposta esta medida? Porque têm medo que voltem a Cuba nos 3 primeiros anos?), “incentivar países terceiros a negar vistos a funcionários cubanos que queiram viajar para esses referidos países”.

Fala-se de Cuba como sendo uma ditadura. Se assim o é, que é feito dos campos de concentração, dos presos políticos, das torturas e assassinatos tão característicos dos sistemas ditatoriais? Nunca alguém encontrou vestígios destes casos naquela ilha. Os meios de comunicação insistem em falar de “dissidentes pacíficos” que são presos e assassinados. De dissidentes é natural que se fale, jamais algum governo terá a aprovação da totalidade da população, havendo sempre espaço para opiniões contrárias. Agora, o adjectivo pacífico não caracterizou e jamais caracterizará algum dos dissidentes presos em Cuba. Porque se o fossem não teriam sido julgados e presos posteriormente. Todos os “dissidentes pacíficos” cometeram crimes, fascinados pelos lucros económicos caso saíssem vitoriosos. E de que tipo de criminosos falamos nós? De mercenários ao serviço dos EUA que puseram em perigo a vida de centenas de pessoas. Dou o exemplo dos 78 “dissidentes pacíficos” mais famosos de Cuba, que foram presos em 2003. Esses 78 cismáticos “independentes” (que de independentes não tinham nada) estavam, como confessaram durante o julgamento, ao serviço do Capital norte- americano). Todos os MEDIA internacionais falaram destes “exemplares” cubanos sem nunca terem referido o facto de eles receberem ordens da SINA (Secção de Interesses Norte- Americanos), extirpando assim toda a verdade dos factos narrados.

António Aleixo

ANTÓNIO ALEIXO (1899-1949)

Assinala-se hoje o quinquagésimo oitavo ano da morte de António Aleixo.

Poeta popular, quase analfabeto, tendo sido pastor, servente de pedreiro e cauteleiro. Nesta última profissão, de terra em terra, de feira em feira, encontrou o ambiente inspirativo para desenvolver os dotes invulgares de fazedor de quadras de sabor aforismático e profundamente popular, a traduzirem forte “capacidade de expressão sintética de conceitos com conteúdo de pensamento moral”. “Que esperança será aquela/Que sinto desde criança/Que ainda dou restos dela/Aos que já não têm esperança?!” O tom dolorido, emanando de uma certa visão amarga da existência, com ironia por vezes mordente, traz-nos o eco da vida difícil que ao poeta foi dado viver. “O Destino, por ser forte,/esta má sorte me deu/de ter de vender a sorte/ aos mais felizes do que eu.”
Os títulos que compõem a obra de António Aleixo têm sido reeditados e desde 1969 aparecem reunidos em Este Livro que Vos Deixo …, a que posteriormente (1984) se juntou um volume de Inéditos.

In: Bibllos - Enciclopédia Verbo das Literaturas de Língua Portuguesa - 1995

«POPULISTA» E «LOUCO»

LEMBRAM-SE?


«Populista» e «louco»: eis duas palavras que o linguajar dos propagandistas ao serviço da classe dominante arremessa contra os governantes que, seja em que país for, levem por diante uma política favorável aos interesses dos trabalhadores.
Trata-se de uma prática clássica desses propagandistas do grande capital: denegrir a pessoa para derrotar a política - enquanto os patrões, à cautela, vão preparando o recurso a práticas mais persuasivas e contundentes...

É o que está a ser feito, agora, em relação ao «populista» e «louco» Hugo Chavez, na Venezuela.

Assim fizeram, noutros tempos, em relação ao «populista e «louco» Samora Machel, em Moçambique.

E o mesmo se passou cá em casa - lembram-se? - em relação a esse outro «populista» e «louco», a quem nós chamávamos Companheiro Vasco.

Vale a pena relembrar estas coisas, tanto mais quanto, como é sabido, há sempre boa gente que embarca no paleio desses propagandistas. Boa gente que, quando acorda... já é tarde.


"As grandes empresas estão envolvidas em fraudes...

...disse hoje o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, João Amaral Tomaz." In Público 15.11.2007

Quem diria..., as grandes empresas a cometerem fraudes. Por muito estranho que pareça aos olhos mais cépticos de quem ler esta notícia, o mais anormal disto não está propriamente no quem comete as fraudes: todos nós sabemos que- infelizmente- todas as grandes empresas existem e exclusivamente para obtenção de lucros. E, na luta pela acumulação de capital, os fins justificam todos e quaisquer meios. O estranho da questão é um Secretário de Estado assumir tal barbaridade como sendo normal e algo de pouca importância que se pode acrescentar à lista infindável e inconcretizável de promessas do governo. Afinal, quem é o grande responsável por vigiar as empresas? Quem tem obrigação de não permitir que isto aconteça? O Exmº Srº João Amaral Tomaz atirou para o ar, com jeito de inocência, que há empresas grandes que enganam e ultrajam o governo. Que as há, há! (nunca ninguém pôs isso em causa- e, como tal tem que se eliminar esse mal), mas que as deixam haver, também!


A CIMEIRA QUE OS PERTURBOU

A HISTÓRIA CONTINUA


A turba canora ao serviço da exploração e da opressão capitalista, prossegue o afinado coro de raivas, ódios e insultos contra o Presidente Hugo Chavez - ao mesmo tempo que se desdobra na adulação louvaminheira ao ínclito Rei Juan Carlos e ao ofendido democrata Aznar.

Percebe-se que assim seja: o que se passou na Cimeira Ibero-Americana não estava nas previsões destes propagandistas de serviço, pagos - e bem pagos! - para escrever o que aos donos do mundo interessa que seja escrito.

Eles acreditaram mesmo no «fim da história» que uma Fundação norte-americana encomendou a um tal Fukuyama, há uns quinze anos atrás. E, assim sendo, a afirmação clara e frontal, na Cimeira, de que a História Continua, perturbou-os, desaustinou-os, fê-los perder as estribeiras.

Esses escribas de serviço - com lugares cativos nos média propriedade do grande capital - não toleram que esses chavez, morales, ortegas, lages... - conjuntamente com milhões de trabalhadores em todo o mundo - digam, todos os dias, em palavras e actos, que há uma alternativa à barbárie capitalista: o socialismo - e que essa alternativa será vencedora. Quem sabe se mais cedo do que tarde...

É nisso, então, que reside a essência dos ódios que vertem ao «fascista» atirado por Chavez a Aznar. É nisso, então, que reside a essência dos louvores ao «por qué no te callas?» atirado pelo Rei a Chavez.

A representação de hoje coube ao inevitável Pedro Lomba (PL) no inevitável Diário de Notícias.
PL cumpriu a tarefa, aliás de fácil execução: fazendo uso da cassette disponível, curvou-se e beijou a mão do «magnífico Rei de Espanha», e disparou sucessivas rajadas de insultos contra «o ditador» Hugo Chavez.

Para PL é crime inominável «insultar Aznar de fascista».
E para o mesmo PL, quem tal «insulto» proferiu foi esse sinistro Chavez com o seu «regime populista e autoritário, pouco importa se apoiado pela maioria dos venezuelanos»; esse tenebroso Chavez que «usa uma linguagem entra a paranóia e a arruaça»; esse «triste Chavez» de «baixo quilate»; esse Chavez «ditador da Venezuela» - enfim, esse Chavez sobre o qual, PL pergunta, respondendo: «Não serás tu o fascista, ó Chavez?».

Até aqui, nada de novo: é PL igual a si próprio, isto é: gémeo de todos os seus colegas de ofício.

Mas, a dada altura, decide elevar o nível da sua reflexão: desprezando as «orações injuriosas» de Chavez, PL, sobranceiro, majestático, puxa dos seus (e dos seus colegas) galões democráticos e apresenta-se (e aos seus colegas): «nós, os que acreditamos que a democracia não depende só de votos mas de uma certa legitimidade de exercício, os que acreditamos numa comunidade organizada segundo princípios da democracia liberal (liberdades, separadas dos poderes, checks-and-balances, respeito pela oposição, responsabilidades e prestação de contas), os que acreditamos que os recursos de um país devem ser geridos e distribuídos de forma transparente, sem tentações clientelares ou chantagistas.»

Assim ficámos a saber do que consta a democracia de PL e dos seus colegas.
Infelizmente, PL esqueceu-se de nos dizer onde é que podemos encontrar um exemplo - um, apenas um - do paraíso terreal que anuncia.
E assim, fechando o seu segredo a sete chaves, o cruel PL obriga-nos a viver no inferno que é esta espécie de democracia em que vivemos.

Tempos Modernos

Deixo-vos este vídeo, um pequeno teatro inspirado no filme Tempos Modernos, onde participam alguns dos membros do Cravo de Abril.
Nele vamos encontrar uma grande vitória depois de uma a luta conjunta e organizada por parte dos trabalhadores.
É caso para reafirmar, a luta não pode parar, pois só a luta os pode parar.




PS: obrigado Fred.

"Porque será que...

... os portugueses assaltam cada vez mais caixas multibanco?"

Talvez porque Portugal possui o nível de vida mais baixo da Europa dos 15. (E é um lugar muito atraente, visto que se juntarmos os restantes 12 países, a posição de Portugal desce ainda mais uns quantos lugares...)


POR QUÉ NO HABLAS, JUAN CARLOS?

CUIDADO: ELES ANDAM POR AÍ


Hugo Chavez, em conferência de imprensa após o encerramento da Cimeira Ibero-Americana: «Senhor Rei, responda: sabia do golpe de Estado contra a Venezuela, contra o governo democrático da Venezuela?»(...) «É difícil admitir que o embaixador espanhol estivesse no palácio (presidencial de Caracas) apoiando os golpistas sem a autorização de Sua Majestade».

Não consta que, até agora, Sua Majestade tenha respondido.
Por qué no hablas, Juan Carlos?

Miguel Ângel Moratinos, ministro dos negócios estrangeiros de Espanha: «Houve um golpe de Estado e a prática do então Governo (de Aznar) não correspondeu às normas diplomáticas».

Moratinos informou, ainda, que «o embaixador espanhol recebeu instruções para se encontrar com Pedro Carmona (o golpista) e aconselhá-lo nos passos que devia dar para ser reconhecido internacionalmente».

Ou seja: o reconhecimento do golpe pelos EUA estava assegurado (desde antes de ele se concretizar, não é verdade?...), mas era necessário o apoio da União Europeia - tarefa de que se encarregaria esse democrata impoluto (e «eleito democraticamente», não esqueçamos!) que dá pelo nome de Aznar e que, na sua democrática função de criado para todo o serviço de Bush, se notabilizou no apoio aos democraticíssimos bombardeamentos sobre o Iraque e o Afeganistão e no assassinato de centenas de milhares de pessoas.

Palavras para quê?: é a democraCIA em pleno funcionamento.

Entretanto, as associações patronais ibero-americanas expressaram a sua «profunda preocupação pelo aumento da insegurança política e jurídica» na Venezuela.
Essa «insegurança» decorre, segundo dizem, da nova Constituição Bolivariana, muito especialmente devido ao «desenvolvimento da propriedade social» (leia-se nacionalizações) por ela previsto.

Os venezuelanos que se cuidem: a História já nos mostrou repetidas vezes que estas «preocupações» com a «insegurança» por parte do grande capital antecedem, sempre, uma escalada de actos de violência terrorista que tem, precisamente, o objectivo de colocar os terroristas no poder - e, assim, acabar com a «insegurança»...


Cuidado: eles andam por aí!

¿Por que no te callas?




Retirado de http://mundodisparatado.blogspot.com/

Carta a um jovem comunista no dia do seu aniversário

Meu amigo,
Não te escrevo – apenas- os teus dezassete anos feitos hoje (caso a carta tenha chegado no dia previsto). Escrevo-te o que tem sido – e continuará a ser- a nossa amizade. Amizade feita de sorrisos, de confidências, de sonhos e esperanças: amizade feita de amizade. Quantas vezes, afinal, não estás comigo mesmo estando longe? Quantas vezes, estando eu sozinho, não te evoco e invento e te partilho o mais íntimo de mim? Desenho-te e pinto-te com quantas cores tem a alegria, digo: a ternura da amizade. E falo-te dos meus projectos, sabendo certa a luz ávida de saber no teu olhar. O que sonhei, meu querido amigo, cabe dentro do teu peito, cabe inteiro nas tuas mãos: um mundo novo com suas lágrimas esquecidas no passado. Um mundo onde não haja mais sangue violado, mas apenas o rumor diurno da fraternidade. Conheço-te tão bem que sei certo um mar de esperança inviolável a inundar-te o peito. Não a deixes transbordar, amigo: para que o sonho nunca traia a razão. Deixa-os viver de mão dada: cada um acompanhará o outro, passo após passo. Mas sobretudo nunca deixes de sonhar: não terias mais o que viver. E não sei, Afonso, com que mais palavras escrever a utopia da nossa amizade.

«POR QUÉ NO TE CALLAS?»

«PORQUE SOMOS LIBRES!»


Na sexta-feira, intervindo na XVII Cimeira Ibero-Americana, o Presidente Hugo Chavez chamou «fascista» a Aznar. Chavez lembrava a implicação e o apoio que o então primeiro-ministro espanhol deu à tentativa de golpe na Venezuela, em Abril de 2002 e os esforços que fez para que a União Europeia apoiasse o dito golpe - e, não sei, mas é bem provável que tenha denunciado os ataques constantes de Aznar à Venezuela, os insultos ao presidente venezuelano; e, provavelmente, as responsabilidades do lacaio de Bush no assassinato de centenas de milhares de pessoas no Iraque.

Ontem, quando Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, intervinha denunciando práticas de empresas espanholas no seu País, Hugo Chavez atirou um aparte visando Aznar.

SM, o Rei de Espanha - recuando no tempo, julgando-se ainda o colonizador todo-poderoso, arrogante e autoritário - «chegou-se à frente na cadeira para que todos o vissem» e soltou o seu grito de raiva: «Por qué no te callas?».

Zapatero, incomodado, pediu a palavra. Michelle Bachelet, presidente chilena, que dirigia a sessão - certamente intimidade com o real grito de raiva - retirou a palavra a Ortega e, indiferente aos protestos do presidente da Nicarágua, deu-a a Zapatero.

Este, numa atitude de, digamos assim, automática solidariedade de classe, fez a defesa da honra ofendida de Aznar, baseado essencialmente no facto de este ter sido «eleito democraticamente pelos espanhóis».
Presume-se que, para Zapatero, o facto de um indivíduo ter sido «eleito democraticamente» lhe confere legitimidade para apoiar golpes noutros países - e, até, para cumprir, sempre democraticamente, o seu papel de criminoso de guerra.

A senhora Bachelet, generosa e democrática, concedeu mais «três minutos» a Daniel Ortega.
Este, começando por dizer que falaria o tempo que lhe apetecesse, ofereceu a palavra a Chavez - que, citando o «pai da pátria» do Uruguai, José Gervásio Artigas, disse apenas: «Com a verdade, não ofendo nem temo» - com isto dizendo tudo.

Ortega falou, depois, durante vinte minutos, apoiando as posições e as declarações de Hugo Chavez sobre Aznar.
E, sempre olhando de frente para Zapatero e para o Rei, sublinhou que «Aznar fez e continua a fazer campanha contra a Venezuela», acrescentando: «Se nós temos que vos respeitar, vocês têm que se dar ao respeito».

Foi então que Sua Majestade, possuído por aquela irritação raivosa dos que - porque lhes corre no sangue (neste caso azul, é claro) o hábito ancestral do autoritarismo, da arrogância e da prepotência e não admitem ser minimamente contrariados - abandonou a sala.

Às cinco arrogantes palavras do Rei de Espanha, respondeu a Venezolana de Television com três palavras:

«Por qué no te callas?»

«Porque somos libres!»

Mais palavras para quê?

Transformar o sonho em vida


Recordo o Homem, amigo e camarada que tanto da sua vida dedicou ao que nos une, confiando é possível construirmos uma sociedade diferente, livre da exploração do homem pelo homem.

Deixou-nos a herança mais rica de todas, a paixão pela luta, que nos mobiliza através das suas variadas obras e teses, caracterizadas pelo rigor, de grande profundidade de análise, de assinalável sensibilidade política e ideológica.

Reforço a ideia de que estas palavras apenas servem para recordar o contributo que Álvaro Cunhal nos deixou e que estará sempre presente e que colectivamente iremos "transformar o sonho em vida".

POEMA

OS ESTATUTOS DO HOMEM



Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade,
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
de duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo único:
O homem confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Artigo V
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com o seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.

Artigo VI
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal do seu suor.
Mas sobretudo tenha
sempre o quente sabor da ternura.

Artigo X
Fica permitido a qualquer pessoa,
qualquer hora da vida,
uso do traje branco.

Artigo XI
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII
Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begónia na lapela.

Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.

Artigo XIII
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.


Thiago de Mello

Era uma vez...

Era uma vez um menino que tinha o sonho de voar... Chegou até -um dia- a construir (aquilo que uns anos mais tarde se chamou) uma asa-delta. O seu pai, consciente do perigo que tal engenho artesanal representava, não deixou o menino experimentar a sua criação. Anos mais tarde, quando se deu a concretização da verdadeira asa-delta, ele sabia que era sua aquela inovação. Hoje o menino cresceu e transformou-se num homem, mas nunca perdeu a sua maior virtude: a capacidade de amar o sonho. E é a esse homem, meu muito amigo, que eu dedico esta música. Mesmo sabendo que não gosta de Pedro Barroso, não poderia deixar de lha mostrar: tais são as incríveis semelhanças da música com o sonho da asa-delta.

14-Agora não é tarde.mp3

"Para que os nossos filhos não mendiguem de joelhos na Pátria que os seus pais ganharam de pé." (Parte III)

1. El Bloqueo (parte III)


Do bloqueio fascista e desumano às notícias falsas e sucessivas mentiras e calúnias sobre a liberdade de expressão em Cuba é um pequeno salto dado, com todo o gosto, pelos campeões da maratona do imperialismo. Não há eleições em Cuba? Que maior injúria poderá ser dirigida ao país onde todos os cidadãos tem participação activa na política? Todos os Cubanos com mais de 16 anos têm direito ao voto. E votam, não como nas “democracias” ocidentais num candidato ao serviço do capital com poder de propaganda e corrupção, mas sim num candidato proposto em assembleias presididas por eles mesmos. E, repito, todas os cubanos com mais de 16 anos têm direito ao voto, sem exclusão por serem negros ou hispânicos como acontece no país vizinho (EUA). A eleição é voluntária e secreta e atinge sempre mais de 90% de adesão. Recorde-se que em Portugal é raro haver uma adesão maior que 65%. E não é, ao contrário do que é transmitido pelos MEDIA, necessário pertencer ao Partido Comunista Cubano (PCC) para se ser eleito. O PCC existe como resposta à necessidade histórica, social e política de unir a resistência de um povo face à agressão imperialista vinda de um país mono- ideológico, no entanto mascarado, “para inglês ver”, de um enganador multi- partidarismo. E Fidel Castro, por muito estranho que pareça aos olhos e ouvidos dos seguidores cegos e surdos do capitalismo atroz e assassino, é admirado e amado pela maioria do povo cubano.

E talvez, o Presidente Bush, ao afirmar tal atrocidade se estivesse a referir a Cuba anterior a 1959 onde “em cada manhã apareciam na ruas de Havana numerosos jovens assassinados, com marcas de terem sofrido a calcinação das suas peles, a extracção das suas unhas ou a amputação da suas línguas. Eram os sinais de tortura que haviam sofrido em mãos de verdugos como Esteban Ventura Novo, Conrado Carrataá ou José María Salas Cañizares.” (Lisandro Otero) Porque recorde-se, Senhor Presidente, que “tudo isso desapareceu com o triunfo da revolução de Janeiro de 1959 e nunca mais tornou a aparecer.” (idem).

Se, no entanto, se estava realmente a referir a Cuba actual, a única hipótese era ter a prisão de Guantanamo (apesar de se situar em Cuba está arrendada - contra vontade do governo cubano – ao governo americano para enclausurar os delinquentes que supostamente estiveram na origem do 11 de Setembro) no pensamento: onde os presos políticos não possuem direito a advogados, visitas nem a julgamentos. Há frequentemente denúncias de violações, espancamentos, torturas, trucidações, … E para espanto mundial, a ONU não está autorizada a visitar esse campo de concentração (interdição absurda vinda do “país mais democrático do mundo”).

"Para que os nossos filhos não mendiguem de joelhos na Pátria que os seus pais ganharam de pé." (Parte II)

1. El Bloqueo (parte II)


Apesar da ONU condenar o bloqueio com 173 votos a favor do levantamento do cerco contra apenas 3 votos contra (Israel, Ilhas Marshall e… Estados Unidos da América), ele continua mais forte e firme que nunca. A recusa no seu levantamento encontra-se numa fala do Presidente Bush: “Existe em Cuba violação dos direitos humanos.” Irónico ou não, nesse tal país onde existe “violação dos direitos humanos”, existe também o acesso gratuito e universal à educação (apenas 0,2% de analfabetos, a menor taxa do mundo e insuperável internamente devido a 0,2% da população ser deficiente e, por inerência, impossível de alfabetizar), à saúde (considerado pela ONU o país com melhor sistema de saúde do mundo), à habitação (onde 85% dos cubanos tem casa própria isenta de impostos, e os restantes 15% vivem em casas alugadas por quantias simbólicas e que tendem, dentro de poucos anos, a “herdá-las”), à alimentação e à segurança (a taxa de violência e homicídios em Cuba é mínima). Por outro lado na pátria de quem proferiu tão ditosa sentença, milhões de homens, mulheres e crianças não têm direito a assistência médica, nem a casa e muito menos a educação e, ironia das ironias, é mesmo nesse tão “humano país” que se encontra a maior taxa de racismo e criminalidade do mundo.

Isto que os EUA insistem em fazer fora previamente pressentido por Bolívar, aquando disse: “os Estados Unidos parecem predestinados pela providência a encher as Américas de misérias em nome da liberdade”. Afinal, o único objectivo deste bloqueio é mesmo vergar e destruir a Revolução Cubana em nome da democracia e liberdade ocidental, submetendo Cuba, caso fosse atingido o objectivo (e todos sabemos que jamais o será), aos interesses económicos do país neo- colonizador.

REGISTO MAIOR

A LUTA É O CAMINHO


Dos últimos 31 anos, 2007 foi, já, aquele em que os trabalhadores portugueses levaram a cabo o maior número de grandes acções de massas:

2 de Março - foram muitos, muitos mil...

31 de Maio - Greve Geral!

18 de Outubro - foram mais do que muitos, muitos mil...


E A LUTA CONTINUA.

"Para que os nossos filhos não mendiguem de joelhos na Pátria que os seus pais ganharam de pé." (Parte I)

1. El Bloqueo (parte I)


Falar de Cuba é delicado e complicado. Talvez o melhor seja começar pelo bloqueio imposto, “oficialmente”, pelos Estados Unidos da América (EUA) em 1962. Qual o motivo do embargo e a sua justificação legal? Antes da Revolução de 1959 toda a produção cubana era repatriada para o país colonizador (os EUA) e não utilizada para visível evolução das terrificantes condições sociais a que os cubanos estavam submetidos. A Revolução- de teor anti- imperialista – cessou a submissão cubana aos EUA. A aliança de Cuba com a União Soviética e os mísseis instalados na ilha (pela União Soviética) para defesa de possível invasão ianque originou o bloqueio imposto pelos EUA e de cumprimento obrigatório para todos os países do mundo (ou pelo menos para aqueles que não querem arranjar problemas com a primeira potência militar). Não obstante, seria só a aliança de Cuba com a União Soviética que preocupava os EUA? O fim da URSS veio confirmar aquilo que se esperava: o embargo não foi levantado, como ainda- pasmem-se! - foi reforçado em Outubro de 1992 pela lei “Torricelli ”, que pretendia travar a expansão de novos motores da economia cubana, afectando as entradas de capitais e de mercadorias. Como se não bastasse, o bloqueio foi ainda mais longe, ao ser fortalecido em Março de 1996 pela lei “Helms-Burton”.

Este cerco fascista levantado contra Cuba “penaliza as actividades da banca, as finanças, os seguros, o petróleo, os produtos químicos, a construção, as infra- estruturas, os transportes, os estaleiros, a agricultura e a pesca, a electrónica e a informática, bem como os sectores de exportação: açúcar, tabaco, níquel, rum…” (Remy Herrera) Os danos económicos do embargo, desde a sua instauração, estão avaliados em 70 mil milhões de dólares.

UM POEMA

Três Quadras

A ninguém faltava o pão,
se este dever se cumprisse:
ganharmos em relação
com o que se produzisse.

Quem trabalha e mata a fome,
não come o pão de ninguém,
mas quem não trabalha e come,
come sempre o pão de alguém.

Vós que lá do vosso império
prometeis um mundo novo,
calai-vos que pode o povo
querer um mundo novo a sério.

António Aleixo

Alunos deficientes de Viseu obrigados a deixar escola por falta de apoio educativo

"Seis alunos com necessidades educativas especiais, pertencentes ao Agrupamento de Escolas do Infante D. Henrique, em Viseu, deixaram de poder frequentar os respectivos estabelecimentos de ensino por não terem quem os acompanhe na escola."


É melhor poupar. Sim, não haja dúvidas: é melhor contermos o nosso dinheiro para que o não gastemos em causas inúteis. E o alfabetizar, educar, culturalizar alunos deficientes é sempre uma causa inútil neste país de pelintras. Foram "só seis" alunos, dizem-nos as vozes sábias dos governantes: e que opção nos sobra senão o silêncio perante tão douta afirmação. E digo agora eu: foram "só" seis pessoas que viram os seus direitos mais básicos serem violados. E bastavam só mais 2 ou 3 milhares de € mensais, remunerando assim as auxiliares de educação que os pudessem acompanhar, para que isso não acontecesse neste estado "de direito". Mas temos que compreender: são sagradas essas migalhas de orçamento num país de contenções. Contenções que apenas afectam a classe trabalhadora, claro está!, ou não existissem ordenados excêntricos em cargos públicos: EDP, RTP, CGD, GALP,.. E a lista continuaria por cargos conhecidos, ou por outros mais obscuros (normalmente chamados por tachos e cunhas)... Ah, mas compreendamos: não se pode cortar nesses ramos: estaríamos a pôr em causa o desempenho, reconhecido e aclamado por todos, de tão importantes personalidades que sempre ao bem-fazer foram dadas.

UM IMENSO ADEUS

ALEXANDRE BABO


A morte de Alexandre Babo era esperada: a idade avançada e, especialmente, o seu estado de saúde nos últimos tempos, tornavam-na previsível.
Mas dói muito ver partir um amigo, um camarada, que fez da sua vida uma entrega generosa aos valores da liberdade, da democracia, da justiça social - um Homem vertical, um lutador coerente e solidário; um Homem da Cultura que deixa o seu nome ligado à criação de importantes associações culturais e a uma obra literária de reconhecidos méritos.

Aqui recordamos hoje, sentidamente, o camarada Alexandre Babo.
Militante do PCP, ele esteve sempre com o Partido. Sempre: nos bons como nos maus momentos:

no tempo sombrio do fascismo, dando, desde muito jovem, o seu contributo corajoso e entusiástico ao Socorro Vermelho, ao Bloco Académico Antifascista, ao MUD, ao Partido - e, como advogado, defendendo combatentes da liberdade nos sinistros tribunais fascistas;

no tempo luminoso de Abril, integrando a luta da classe operária e das massas, participando na festa e na alegria colectivas das grandes conquistas revolucionárias;

neste tempo, outra vez sombrio, da contra-revolução que tudo tem feito para destruir tudo quanto de positivo e progressista Abril nos trouxe e que, por isso, coloca novas dificuldades à luta que travamos.

Saudamos o camarada Alexandre Babo - sempre com o Partido:

reforçando-o com a sua militância abnegada e lúcida;

defendendo-o dos inimigos declarados que tudo têm tentado para verem cumpridos os seus vaticínios sobre «o declínio irreversível e a morte do PCP»;

defendendo-o desses outros inimigos que, nascidos e criados no interior do Partido, se passaram para o outro lado da barricada, e para esse destino o quiseram arrastar.

Alexandre Babo: sempre como o Partido, com este nosso PCP - Partido Comunista Português, partido revolucionário, marxista-leninista, que, estando presente nas lutas de todos os dias, não desiste de lutar pelo seu objectivo maior: a construção de uma sociedade livre, justa, fraterna, solidária, liberta de todas as formas de opressão e de exploração.

Para Alexandre Babo:
a amizade, a camaradagem, a admiração.
Um imenso adeus.

A certeza de que a luta continua.

Ao que chegou

Andava a ler as notícias pela Google e despertou-me o seguinte título “Fisco publica edital para penhora de passes de sete jogadores do Boavista”.

A notícia traz-nos algo de insólito para o desporto nomeadamente para o futebol portugês, ora pasme-se: “a penhora do passe de jogadores é inédita em Portugal e levanta o problema de, caso apareça uma proposta para a compra do passe de um jogador em leilão, se ele sai do clube ou não, já que é preciso conhecer a vontade do atleta”.

Que os clubes estão afundados em dívidas, já todos sabemos. Que gastam milhares de euros em aquisições e chorudos vencimentos, também o sabemos.

Agora que os jogadores poderiam ser LEILOADOS, perdoem-me o termo, mas tal como anunciado “a venda dos passes será feita no dia 10 de Dezembro, pelas 10h00, contra entrega de propostas em carta fechada”.

É caso para se afirmar, AO QUE O FUTEBOL (já todos sabemos) CHEGOU.

PS: depois desta notícia, amanha vou mesmo cumprir o meu desejo, assistir a um “puro” jogo de futebol, afastado da realidade do FUTEBOL/EMPRESA/NEGÓCIO, ou seja, vou até à Tapadinha de Alcântara ver o Atlético vs Carregado. Pelo menos por lá não há jogadores em vias de ser licitados!


DILEMA SHAKESPEARIANO

TORTURA OU NÃO TORTURA: EIS A QUESTÃO


No Senado dos EUA trava-se aceso debate em torno da questão de saber se a pasta da Justiça daquele país deve, ou não, ser entregue a um indivíduo que recusa classificar como tortura a prática de interrogatório designada por «submarino».

O indivíduo em causa é Michael Mukasey, ministro da Justiça escolhido por Bush, que está a ser ouvido pela comissão judiciária do Senado, a qual tomará a decisão final no princípio da próxima semana.

Entretanto, Bush fez saber que «não é justo que façam essas perguntas a Mukasey».

Sobre o assunto, o novo ministro da justiça de Bush disse que «pessoalmente» considera o «submarino» uma «prática repugnante», mas que tem dúvidas sobre se o seu uso «viola o compromisso internacional dos EUA em não recorrerem à tortura».

Já agora, lembro que a prática do «submarino» consta em mergulhar a cabeça do prisioneiro na água até ficar sem ar - repetindo a operação tantas vezes quantas as necessárias para que o interrogado confesse o que os interrogadores querem que confesse.
Simples?: sem dúvida.
Tortura?: Mukasey tem dúvidas.

Acrescente-se, ainda, que esta prática começou por ser muito utilizada pela Sagrada Inquisição e que, a partir do ano 2002, foi repescada pelos EUA nos interrogatórios a suspeitos de ligações ao terrorismo.

Deixo uma sugestão para ajudar Mukasey a resolver a dilacerante dúvida que o atormenta: pergunte-se-lhe se o «submarino» é tortura e mergulhe-se-lhe a cabeça na água tantas vezes quantas as necessárias para ele ficar sem dúvidas.


NOTÍCIA DE DIA DE FINADOS

EM NOME DA MÃE


O Público de hoje, Dia de Finados, informa que «morreu Paul Tibbets, o piloto que deixou cair a bomba atómica americana sobre a cidade de Hiroxima».

«Deixou cair»: curiosa forma de dizer, não é? Como se se tratasse de deixar cair um prato, um copo...
Depois, há o raio da coincidência de estas bombas que caem, caírem sempre sobre outros países; e matarem, sempre e só, pessoas desses outros países.

Diz-nos o mesmo Público que essa bomba, ao cair, matou 78.000 pessoas.
Ainda que pecando por defeito, este número é bem demonstrativo do que significam palavras como: BARBÁRIE, HORROR.

Diz-nos, ainda, o Público que a bomba deixada cair sobre Hiroxima levou à rendição do Japão e ao fim da II Cuerra Mundial - estória que, como se vê, continua a fazer caminho nos média dominantes, apesar de ser por de mais sabido que se trata de uma monumental patranha.
E se dúvidas houvesse, bastaria o que sobre a matéria consta no célebre dossier, elaborado, em 1946, pelos serviços secretos dos EUA, e divulgado cerca de cinquenta anos depois.

Um dia destes, se se proporcionar, voltarei ao assunto - quanto mais não seja para relembrar com factos que, cerca de dois meses antes do lançamento das bombas sobre Hiroxima e Nagasáqui, os EUA sabiam que o imperador japonês decidira render-se.

Diz-nos, ainda, o Público, que Paul Tibbets - que morreu com 92 anos de idade - «nunca se arrependeu» de, então com trinta anos, ter deixado cair a bomba que matou dezenas de milhares de pessoas.
Assim sendo, é óbvio que este homem morreu feliz, de consciência tranquila, sem arrependimentos fosse do que fosse - a não ser, talvez, daquela bofetada que, num dia de má disposição, deixou cair sobre um filho traquina... Isto digo eu.

Aliás, o extremado amor de Paul Tibbets à família está bem patente no facto de ter «baptizado com o nome da sua mãe: Enola Gay», o B-29 do qual, no dia 6 de Agosto de 1945 - em nome da mãe - deixou cair a bomba atómica que matou dezenas de milhares de mães, de pais, de filhos.


UM POEMA

ANA E ANTÓNIO


A Ana e o António trabalhavam
na mesma empresa.
Agora foram ambos despedidos.
Lá em casa, o silêncio sentou-se
em todas as cadeiras
em volta da mesa vazia.

«Neo-realismo!» dirão os estetas
para quem ser despedido
é o preço do progresso.

Os estetas, esses, nunca
serão despedidos.

Ou julgam isso, ou julgam isso.


Mário Castrim

E tu...?

Terrorista: 1. s.m., s.f. e adj. Pessoa partidária do terrorismo. 2. s.m., s.f. e adj. Pessoa que infunde terror.


Iraque: 150 mil civis mortos directamente pela guerra desde 2003.
Dinheiro investido na guerra do Iraque: 204,6 BILHÕES de dólares.


E tu... ainda aceitas que os teus impostos sustentem o terrorismo?


«NÃO HÁ ESCUTAS ILEGAIS»


TODOS SOB ESCUTA


Ouvindo e lendo o que, nos últimos dias, tem sido dito e escrito sobre:

- escutas telefónicas legais e ilegais, feitas pelas várias polícias, pelos serviços secretos, por detectives particulares e por particulares anónimos;

- os múltiplos e sofisticados equipamentos de escuta à disposição de qualquer pessoa que tenha umas escassas centenas de euros para os comprar;

- a possibilidade real de qualquer denós ser escutado, não apenas nas conversas telefónicas, mas também no emprego; no autocarro; no carro; no encontro de rua; no cinema; no teatro; no café; no bar; no restaurante; na (a partir de agora) mal chamada nossa casa - onde podemos ser escutados, a) - por um escutador situado no passeio em frente e devidamente apetrechado para o efeito; ou, b) - por engenhos de escuta (lá engenhosamente introduzidos quando estamos ausentes) colocados num candeeiro, na mesa, na secretária, na casa de banho - e, obviamente, no quarto e na cama, se se tratar de um écoutoyeur...

dizia eu, então, que ouvindo e lendo o que, nos últimos dias, tem sido dito e escrito sobre esta matéria, só podemos concluir que, em princípio, estamos todos sob escuta.

O que nos vale é que, segundo garante, repetitivo e peremptório, o ministro da Justiça, «não há escutas ilegais». Assim, todos podemos dormir tranquilos.
Escutados, mas tranquilos. Porque escutados legalmente.

Uma relembrança: quando se iniciou a era do telefone em Portugal - corria o ano de 1936, ano em que Salazar completava o processo de fascização do Estado - a companhia dos telefones fez uma campanha de publicidade na imprensa, incentivando as pessoas a adquirirem o, então, novo engenho. A campanha constava de um anúncio no qual podia ver-se um rapaz e uma rapariga, sorridentes, cada qual com o seu auscultador bem juntinho ao respectivo ouvido, e a legenda: «São felizes, porque falam e ninguém os ouve, vantagens de quem tem telefone».
E logo houve quem comentasse o anúncio nestes termos: «Falam e ninguém os ouve?, então, mais dia menos dia, a PVDE arranja forma de os ouvir, se é que ainda não o fez». Bruxo.

É claro que estamos a falar - sempre, sempre, senhor ministro - de escutas legais. Nem podia ser de outra forma: nas democracias em que, ao longo dos anos, temos vivido, «não há escutas ilegais». Como V. Exa. sabe.