POEMA

DA DEMOCRACIA

Descendia o rei
de outros reis e senhores
matadores
de Índios
(pois já o diz a sabedoria
das grandes nações:
que o único índio bom
é o índio morto).
E então o bom rei quis
silenciar o índio.
Mas a era dos índios
calados
acabara
e o rei saíu da sala
com a coroa entre as
pernas
e a fama de democrata -
como convém a um rei
por um grande democrata
nomeado.
Os democratass, em
uníssono,
aplaudiram.
O índio?
Não! O rei.


José António Gomes
(in «Avante!» 22.11.2007)

3 comentários:

Maria disse...

Eu aplaudo o índio, claro.....

beta disse...

Apetece-me perguntar:

"Para que se saiba

Será uma democracia
em que se não pode dizer
que ela não é
uma verdadeira democracia
verdadeiramente uma
verdadeira democracia?"

Erich Fried

Descobri este poeta na magnifica Biblioteca Dom Dinis,quando ainda pertenciamos á Camara de Loures e a cultura fazia parte das prioridades camarárias.
Depois... Depois vimo-nos com uma Comissão Instaladora, seguida de uma Camara PS,em que as prioridades passam por não existir prioridades culturais!
Ou melhor, passam por não existir prioridades que não sejam as prioridades do PS!!!
E livros novos na Biblioteca Dom Dinis,nem pensar!!
Até porque ler faz pensar!
E quem pensa questiona,quem questiona exige respostas,quem exige respostas é incómodo,quem é incómodo é perigoso,quem é perigoso tem que ser vigiado,quem tem que ser vigiado torna-se dispendioso e... este governo está em contenção financeira!!
Por isso o melhor é não se investir em livros!
Até breve camarada. Um abraço.

Fernando Samuel disse...

maria: nós aplaudimos o índio, e se Sua Majestade não gostar... que saia do blog...

beta: na «democracia» em que vivemos, pensar começa a ser um acto subversivo.