Assinala-se hoje o quinquagésimo oitavo ano da morte de António Aleixo.
Poeta popular, quase analfabeto, tendo sido pastor, servente de pedreiro e cauteleiro. Nesta última profissão, de terra em terra, de feira em feira, encontrou o ambiente inspirativo para desenvolver os dotes invulgares de fazedor de quadras de sabor aforismático e profundamente popular, a traduzirem forte “capacidade de expressão sintética de conceitos com conteúdo de pensamento moral”. “Que esperança será aquela/Que sinto desde criança/Que ainda dou restos dela/Aos que já não têm esperança?!” O tom dolorido, emanando de uma certa visão amarga da existência, com ironia por vezes mordente, traz-nos o eco da vida difícil que ao poeta foi dado viver. “O Destino, por ser forte,/esta má sorte me deu/de ter de vender a sorte/ aos mais felizes do que eu.”
Os títulos que compõem a obra de António Aleixo têm sido reeditados e desde 1969 aparecem reunidos em Este Livro que Vos Deixo …, a que posteriormente (1984) se juntou um volume de Inéditos.
10 comentários:
Que o mundo está mal, dizemos
E vai de mal a pior; E, afinal, nada fazemos Para que ele seja melhor.
«Quem trabalha e mata a fome,
não come o pão de ninguém,
mas quem não trabalha e come,
come sempre o pão de alguém»
Versos espectaculares, simples como a simplicidade do poeta e donos de uma grande verdade.
"Vós que lá do vosso império
prometeis um mundo novo,
calai-vos, que pode o povo
qu'rer um mundo novo a sério."
Sei que pareço um ladrão
Mas há muitos que eu conheço
que não parecendo o que são
São aquilo que eu pareço
E...não é que:estão aumentando!
josé manangão
Homenagem bem merecida.
Alguns "privilegiados" já tiveram oportunidade de compor música original para versos do Aleixo.
Eu sou um deles. Foi para um disco da Luisa Basto, já lá vão... pronto, vá lá... uns dias.
Justíssima homenagem a António Aleixo..
Uma mosca sem valor
pousa com a mesma alegria
na careca dum doutor
como em qualquer porcaria.
Samuel,
Vou estar atento a essa composição.
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