POEMA

VIAGEM ATRAVÉS
DE UMA TIPOGRAFIA CLANDESTINA


Gritar Liberdade!, é fácil
quando existe liberdade.
É fácil defender a liberdade de expressão
num off-set sofisticado
com ar condicionado, telex, telefones,
salário, hora para almoço, avales bancários,
protecção das leis e do governo
amplas janelas para o Sol, quebrado
por estores de alumínio, docemente.

Assim
ser pela liberdade de expressão
é cómodo e é fácil.

Mas do que eu estou a falar é doutra coisa.
Se entendeste, o poema está cumprido.
Se não, o poema espera
com a paciência tradicional de todos os poemas.


Mário Castrim
(«Viagens» - edição da Célula do PCP da Renascença Gráfica/Diário de Lisboa, para a Festa do Avante!/77)

4 comentários:

Anónimo disse...

O Mário Castrim...Era dos muito bons, sarcástico quanto baste.
Quem queria ver um fascista irritado, era falar-lhe que, O Mário Castrim,disse ou comentou.
Tenho saudades das suas crónicas!
José Manangão

Maria disse...

Excelente!
Vou "desviá-lo" para, um dia destes, o colocar no meu blog.
Obrigada pela partilha, por teres trazido aqui Castrim, 30 anos depois desta Festa que é nossa!

Abraço

GR disse...

Mário Castrim, tantas saudades da sua escrita!
A força deste indíssimo poema!

GR

Fernando Samuel disse...

josé manangão: o Castrim era isso tudo e muito mais: um camarada, um amigo, um homem de grande coragem.

maria: vou partilhar todas estas «viagens» do Mário Castrim - que são um pequenino volume de 11 poemas. É claro que podes «desviar» os que quiseres.

gr: a história que contaste sobre a ida aí do Mário Castrim é bem o exemplo do que era este nosso querido camarada.

Abraço e beijos para vocês.