POEMA

MAR DE PENICHE


1
Todos os dias
acordam
violadas
estas praias
que dizemos
virgens.

2
A chuva
esse suor
do mar
já não desfaz
a solidão dos homens
ou o piar dos corvos.

3
Mar de Peniche
onde os peixes se atiram
contra os barcos
e as grutas dos rochedos
nada acoitam.

4
As traineiras
juntaram-se a dormir.
Mas o mar não esquece
e grita
contra a fortaleza.

5
O mar
sorveu
todo este dia
exausto.
E o que fica
da praia
são estas pedras
lassas
transidas
pelo sono.

6
O que fica
das pedras
é este mar
de sono
que os homens
já submersos
sorvem
a curtos haustos.

7
O que fica
da noite
são os presos
exaustos
que as pedras
dissimulam
e o mar
absorveu.


Armando Silva Carvalho

4 comentários:

Sérgio Ribeiro disse...

Lá iremos vê-lo, ao mar de Peniche, amanhã. E abraçar uns amigos há muito tempos amigos, e abraçar outros só conhecidos destas navegações.
Até amanhã, camaradas e amigos!

Justine disse...

Bem a propósito, este belo poema de ASC.
Até amanhã

Anónimo disse...

Não restam dúvidas trata-se de mais uma vítima da besta fascista,que vegetou no minicampo de concentração, que amanhã iremos vizitar!
Despeço-me com esta frase de que muito nos orgulhamos "até amanhã camarads"
José Manangão

Maria disse...

E é tão bonito este poema.......
Pena não teres estado lá...

Beijo