MAR DE PENICHE
1
Todos os dias
acordam
violadas
estas praias
que dizemos
virgens.
2
A chuva
esse suor
do mar
já não desfaz
a solidão dos homens
ou o piar dos corvos.
3
Mar de Peniche
onde os peixes se atiram
contra os barcos
e as grutas dos rochedos
nada acoitam.
4
As traineiras
juntaram-se a dormir.
Mas o mar não esquece
e grita
contra a fortaleza.
5
O mar
sorveu
todo este dia
exausto.
E o que fica
da praia
são estas pedras
lassas
transidas
pelo sono.
6
O que fica
das pedras
é este mar
de sono
que os homens
já submersos
sorvem
a curtos haustos.
7
O que fica
da noite
são os presos
exaustos
que as pedras
dissimulam
e o mar
absorveu.
Armando Silva Carvalho
4 comentários:
Lá iremos vê-lo, ao mar de Peniche, amanhã. E abraçar uns amigos há muito tempos amigos, e abraçar outros só conhecidos destas navegações.
Até amanhã, camaradas e amigos!
Bem a propósito, este belo poema de ASC.
Até amanhã
Não restam dúvidas trata-se de mais uma vítima da besta fascista,que vegetou no minicampo de concentração, que amanhã iremos vizitar!
Despeço-me com esta frase de que muito nos orgulhamos "até amanhã camarads"
José Manangão
E é tão bonito este poema.......
Pena não teres estado lá...
Beijo
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