A MULHER DE CÉSAR

Já aqui falei da ida de Jorge Coelho para CEO da Mota-Engil.
Se hoje volto à questão é porque o Expresso, na sua última edição, avança com mais alguns dados sobre a matéria.

Jorge Coelho, enquanto ministro das Obras Públicas, atribuíu mais de mil milhões de euros em concessões à Mota-Engil.

Quando o então ministro Jorge Coelho despachou a favor da Mota-Engil, era secretário de Estado Luís Parreirão - que, mal deixou o cargo governamental, passou a ser um dos principais gestores da Mota-Engil.

Aliás, a entrada de Jorge Coelho na Mota-Engil não é mais do que o cumprimento de uma tradição - já que entre os actuais administradores da Empresa está o também ex-ministro das Obras Públicas (PSD), Valente de Oliveira.
E, para que a tradição seja completa, Valente de Oliveira está também ligado à atribuição de vultosas concessões à Empresa.

O peso das encomendas do Estado corresponde a cerca de 60% da facturação da Mota-Engil.
Por tudo isto, diz o Expresso, a Mota-Engil é conhecida no meio como «a construtora do regime».

Segundo o Presidente da Mota-Engil, «Jorge Coelho é uma mais-valia para o grupo nesta nova fase de desenvolvimento, pois é um gestor determinado».
Quem há aí que de tal duvide?

Jorge Coelho explicou que «não sou rico, preciso de trabalhar» - e repudiou liminarmente a ideia de que a sua ida para a Mota-Engil estivesse ligada a qualquer favorecimento seu à empresa de que agora é CEO.
O repúdio era desnecessário pela simples razão de que se tivesse havido qualquer favorecimento, Jorge Coelho não o iria confessar - isto digo eu...

Em todo o caso, o ex-ministro das Obras Públicas conhece, certamente, a exigência de prova que os romanos faziam à mulher de César em matéria de honradez: mais do que sê-lo é preciso parecê-lo...

7 comentários:

Anónimo disse...

O pobrezinho do Jorge Coelho "não é rico, precisa de trabalhar"? Ora aqui está uma solução para os nossos desempregados... desde que não sejam ricos.
Tenho é uma dúvida: será que a tal de Mota-Engil conseguirá alargar a sua administração para poder albergar os que, por não serem ricos, precisam de trabalhar? Será?

Anónimo disse...

Só que este figurão não é nem parece, antes porém!
Eles já nem precisam esconder!
Estas coisas devem chegar com maior amplitude ao conhecimento geral, as pessoas têm de ter conhecimento do que fazem aqueles a quem confiaram o seu voto.
Não basta dizerem que temos razão,
-é preciso que, nos dêm a oportunidade de mostrar que somos melhores, e mais honestos.
Abraço
José Manangão

Anónimo disse...

A mulher de César? Aquela que parecia uma puta? E que era!
Só se é de outro César que estão a falar...

Anónimo disse...

Já dizia o Marx no Manifesto: "o executivo do Estado moderno não é mais do que uma comissão para administrar os negócios comuns de toda a classe burguesa". Sem tirar nem pôr. Um ensinamento universal no capitalismo.

Um grande abraço

Fernando Samuel disse...

zambujal: vá lá, não sejas injusto, vivemos num mundo caracterizado pela igualdade de oportunidades, qualquer um pode ir para administrador de qualquer Mota-Engil... é verdade que se tiver sido ministro as oportunidades são um tudo nada maiores...
Abraço.

josé manangão: não precisam esconder nem escondem:é a desvergonha à solta.
Abraço.

soutaria: César há só um...

joão aguiar: o Manifesto até parece que foi escrito hoje...
Abraço.

Anónimo disse...

Eles não têm vergonha nenhuma. isto demonstra o ponto execrável a que a direita, incluindo o PS, levou a situação do País. Temos que continuar a lutar. não há outra saída.

Fernando Samuel disse...

antuã: é verdade, não há saída que não passe pela luta.
Abraço.