Foram muitos, muitos mil os que, em múltiplas manifestações, concentrações e desfiles e em diversificadas iniciativas e convívios, comemoraram ontem o 34º aniversário do 25 de Abril.
A confirmar que Abril está vivo - apesar dos muitos esforços feitos para o matar por parte daqueles que nos últimos 32 anos têm governado Portugal.
Ontem, Abril esteve nas ruas. Por isso... a mais mediática de todas as comemorações foi a engravatada comemoração ocorrida no Parlamento - e, particularmente, o discurso do Presidente da República...
Não gosto deste senhor.
Não apenas, nem essencialmente, porque nos situamos política e ideológicamente nos antípodas um do outro, mas, essencialmente, porque o habita um conjunto de características (digamos assim...) que não suporto, a saber:
- uma incomensurável incultura - que exibe como se se tratasse de atributo valiosíssimo;
uma incomensurável demagogia - visível, nomeadamente, nas «críticas» (muitas vezes justas) que produz em relação a aspectos da situação do País, contudo sacudindo a água do capote no que respeita às reais responsabilidades que ele próprio tem naquilo que critica;
- aquele tom pernóstico com que fala, enfatizando o que, de todo, não é passível de ênfase - silabando os vocábulos de uso menos frequente (nele), assim como quem diz aos ouvintes: vejam como eu sei estas palavras caras...
- etc. etc., etc.
É claro que respeito o cargo de Supremo Magistrado da Nação que o senhor ocupa - mas muitas vezes digo mim próprio que um eleitorado que elege assim, é um eleitorado que vota abaixo de zero.
Paciência: a verdade é que ele foi eleito (não acrescento o «democraticamente» por razões que já aqui enunciei várias vezes) e é o Presidente da República.
No discurso de ontem - feito na base de um estudo da Universidade Católica - o PR sublinhou a ignorância dos jovens inquiridos em relação a aspectos importantes da vida e da situação do País.
Muitos deles, informou, «não sabem sequer o que foi o 25 de Abril, nem o que significou para Portugal».
E toca de atirar as culpas de tanta ignorância para «os partidos» e «a classe política» - assim, em geral e em abstracto, em partes democraticamente iguais para todos os partidos e para toda a classe política...
Ora, generalizando assim, o PR sabe que está a generalizar mal: sabe que nem todos «os partidos», nem toda «a classe política» são responsáveis por esse silenciamento do 25 de Abril e do seu significado...
Acresce que, ouvindo o Presidente da República - que, tanto quanto sei, jamais alguém viu de cravo ao peito... - ninguém diria que;
1 - ele foi durante dez anos consecutivos o primeiro-ministro de Portugal (quase sempre dispondo de maioria absoluta) - e que não só nada fez para que os jovens portugueses soubessem o que foi o 25 de Abril, como, pelo contrário, ele foi o protagonista da, até então, mais violenta ofensiva contra os ideais de Abril e contra tudo o que de mais positivo, avançado e moderno o 25 de Abril nos trouxe;
2 - a década do consulado cavaquista foi, precisamente pelo seu carácter anti-Abril, a década da gestação de uma geração ao arrepio de Abril, em que o egoísmo, o individualismo, o salve-se quem puder, o vale-tudo - ou seja, os anti-valores dominantes - eram apresentados como caminho normal para o triunfo pessoal;
3- durante esse tempo, o então primeiro-ministro garantia, mentindo e sabendo que mentia, que Portugal estava no pelotão da frente da União Europeia.
4 - Etc., etc., etc.
Por tudo isso, o discurso de ontem do PR desagradou-me e irritou-me profundamente.
Mas adiante. Porque uma coisa é certa: por muitos esforços que «os partidos» e «a classe política»(de que o PR faz parte, recorde-se-lhe...) façam para calar Abril, no próximo ano Abril voltará às ruas em festa e em luta.
Com a presença de milhares de jovens que - apesar da prática anti-Abril dos sucessivos governos da política de direita - sabem o que foi Abril e qual o seu significado, e têm em Abril e nos seus ideais uma referência essencial da luta que travam todos os dias.
Uma luta que é por Abril. E que, por isso, vencerá.
A confirmar que Abril está vivo - apesar dos muitos esforços feitos para o matar por parte daqueles que nos últimos 32 anos têm governado Portugal.
Ontem, Abril esteve nas ruas. Por isso... a mais mediática de todas as comemorações foi a engravatada comemoração ocorrida no Parlamento - e, particularmente, o discurso do Presidente da República...
Não gosto deste senhor.
Não apenas, nem essencialmente, porque nos situamos política e ideológicamente nos antípodas um do outro, mas, essencialmente, porque o habita um conjunto de características (digamos assim...) que não suporto, a saber:
- uma incomensurável incultura - que exibe como se se tratasse de atributo valiosíssimo;
uma incomensurável demagogia - visível, nomeadamente, nas «críticas» (muitas vezes justas) que produz em relação a aspectos da situação do País, contudo sacudindo a água do capote no que respeita às reais responsabilidades que ele próprio tem naquilo que critica;
- aquele tom pernóstico com que fala, enfatizando o que, de todo, não é passível de ênfase - silabando os vocábulos de uso menos frequente (nele), assim como quem diz aos ouvintes: vejam como eu sei estas palavras caras...
- etc. etc., etc.
É claro que respeito o cargo de Supremo Magistrado da Nação que o senhor ocupa - mas muitas vezes digo mim próprio que um eleitorado que elege assim, é um eleitorado que vota abaixo de zero.
Paciência: a verdade é que ele foi eleito (não acrescento o «democraticamente» por razões que já aqui enunciei várias vezes) e é o Presidente da República.
No discurso de ontem - feito na base de um estudo da Universidade Católica - o PR sublinhou a ignorância dos jovens inquiridos em relação a aspectos importantes da vida e da situação do País.
Muitos deles, informou, «não sabem sequer o que foi o 25 de Abril, nem o que significou para Portugal».
E toca de atirar as culpas de tanta ignorância para «os partidos» e «a classe política» - assim, em geral e em abstracto, em partes democraticamente iguais para todos os partidos e para toda a classe política...
Ora, generalizando assim, o PR sabe que está a generalizar mal: sabe que nem todos «os partidos», nem toda «a classe política» são responsáveis por esse silenciamento do 25 de Abril e do seu significado...
Acresce que, ouvindo o Presidente da República - que, tanto quanto sei, jamais alguém viu de cravo ao peito... - ninguém diria que;
1 - ele foi durante dez anos consecutivos o primeiro-ministro de Portugal (quase sempre dispondo de maioria absoluta) - e que não só nada fez para que os jovens portugueses soubessem o que foi o 25 de Abril, como, pelo contrário, ele foi o protagonista da, até então, mais violenta ofensiva contra os ideais de Abril e contra tudo o que de mais positivo, avançado e moderno o 25 de Abril nos trouxe;
2 - a década do consulado cavaquista foi, precisamente pelo seu carácter anti-Abril, a década da gestação de uma geração ao arrepio de Abril, em que o egoísmo, o individualismo, o salve-se quem puder, o vale-tudo - ou seja, os anti-valores dominantes - eram apresentados como caminho normal para o triunfo pessoal;
3- durante esse tempo, o então primeiro-ministro garantia, mentindo e sabendo que mentia, que Portugal estava no pelotão da frente da União Europeia.
4 - Etc., etc., etc.
Por tudo isso, o discurso de ontem do PR desagradou-me e irritou-me profundamente.
Mas adiante. Porque uma coisa é certa: por muitos esforços que «os partidos» e «a classe política»(de que o PR faz parte, recorde-se-lhe...) façam para calar Abril, no próximo ano Abril voltará às ruas em festa e em luta.
Com a presença de milhares de jovens que - apesar da prática anti-Abril dos sucessivos governos da política de direita - sabem o que foi Abril e qual o seu significado, e têm em Abril e nos seus ideais uma referência essencial da luta que travam todos os dias.
Uma luta que é por Abril. E que, por isso, vencerá.
9 comentários:
Viajava ontem, de automóvel, quando apanhei com o discurso deste indivíduo que alguns portugueses elegeram para Presidente da República.
Fiquei, como tu, irritada. Barafustei várias vezes com a rádio, estive quase a desligar, mas depois lá ouvi até ao fim. Como é que este indivíduo tem a coragem de afirmar que "alguns objectivos de Abril não se cumpriram"?
Este filho da mãe, que não tem outro nome, esteve à frente do país durante 10 anos, e tratou de não fazer cumprir os ideais de Abril. Agora, com a maior cara de lata deste mundo vem fazer este discurso?
Concordo inteiramente contigo. Bem haja pelas tuas palavras, e excelente análise.
(E desculta lá se me foge a chinela do pé, quando me refiro ao indivíduo.)
beijinhos
Fernando Samuel
Disseste tão bem aquilo que ele merece que lhe seja dito, que eu vou limitár-me a aplaudir as tuas palavras, pois não basta que digam que temos razão, é preciso que nos façam justiça!
Um grande abraço camarada.
Manamgão
Foi um discurso extraordinario, no que á hipocrisia e cinismo diz respeito. Um conselho e uma nota para o sr PR: - se tivesse ido ao desfile na Av. da Liberdade poderia testemunhar a presença em força da juventude. - Quando fala dos partidos que não incentivam os festejos de Abril, deveria talvez abrir uma excepçao, a daquele que celebra Abril todo o ano. Ainda hoje a JCP realizou um comicio em Almada com centenas de jovens que celebram Abril, e onde o camarada Jeronimo de Sousa fez uma critica acertadissima daquilo que o PR disse ontem na Assembleia. Abraço.
Ontem quando chagávamos ao Rossio, um senhor dizia que daqui a 30 anos já não haveria ninguém que comemorasse o 25 de Abril, por isso teriamos que o fazer condignamente agora. Eu disse-lhe para olhar à volta e ver todos os adolescentes e jovens que faziam parte daquele mar de gente e para os ouvir!
Este Presidente, que já foi primeiro ministro e chegou a por a hipótese de não haver feriado neste dia, fez muito para que os jovens não saibam o que é o 25 de Abril e, realmente, é revoltante ouvi-lo agora esquecer tudo e dizer estas palermices. Mas a verdade é que com o "excelente" trabalho de omissão que ele e outros como ele fizeram, temos de ser nós a fazer para que Abril seja aprendido e nunca esquecido. Temos de ser nós a contar como era, como foi e como poderá vir a ser. Se nos esquecermos do passado, nunca poderemos construir o futuro. Para o ano lá estaremos, para gritar ainda mais alto: 25 de Abril sempre, fascismo nunca mais!!
O homem tira-me do sério...
Assim se fala, que é como quem diz, assim se faz um post....
Beijos
sal: e a quem é que não foge a chinela do pé em situações destas?
Beijinho.
josé manangão: até que a voz nos doa, temos que continuar. Com Abril sempre!
Abraço grande.
samuel: disseram-me uns sortudos que te viram/ouviram em Santarém...
Abraço grande.
crixus: a quase totalidade das comemorações de Abril, de Norte a Sul do País, foi de inicativa do PCP - este ano, como nos anos anteriores.
Abraço grande.
beta: lá estaremos SEMPRE! porque nós fomos, somos e seremos Abril...
Beijo amigo.
maria: «tira-me do sério»: boa!
Beijo amigo.
Ando atrasado e a fazer um grande esforço para me pôr em dia. Este teu post veio ajudar-me. Calculem que tive a "sorte" de não "ouver" SEXA! Andava de uma escola para outra, de uma tertúlia para outra, de uma assembleia para outra, a contar o 25 de Abril (aos meninos de escolas de Abrantes, de Sta. Catarina da Serra, do Colégio Sagrado Coração de Maria de Fátima, da EB1 de Ourém, em Aljustrel... na Assembleia Municipal). Entretanto, SEXA (maneira de não chamar nomes à mãezinha, tadinha que não tem culpa de tal filho ter parido) dizia o que dizia, depois de ter feito que fez e continua a fazer.
Como diz um camarada meu que tanto prezo como amigo e camarada, os jovens não são o futuro... são o presente!
E vivam (e lutem) os velhos!
Na realidade o PR fez muito pelo 25 de Abril, quando era um mau 1º ministro, Ocultá-lo!
Porém, mais uma vez demonstrou que nem isso conseguiu!
34 anos depois da Revolução, Abril está vivo! Mesmo nos distritos mais reaccionários do país, todos os concelhos festejaram ABRIL, os discursos foram interrompidos pelos aplausos e as palavras Viva o 25 de Abril, Abril Vencerá! A Juventude foi muito participativa em todas as iniciativas.
A situação política é grave. Porém, a força dos Trabalhadores, da Juventude, do Povo é consequente.
Abril está mais Vivo que nunca!
25 de ABRIL, Sempre!
GR
Às vezes os cavacos até usam palavras caras e que normalmente não conhecem o significado para impressionar. uma coisa é certa se a mãe o tivesse abortado os portugueses estariam mais felizes.
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