Como a realidade exuberantemente nos mostra, Manuel Alegre é um exímio praticante da arte conhecida por «um pé lá, outro cá» - sendo que o «pé cá» é em jeito de faz-de-conta, enquanto que o «pé lá» é pé-da-casa, pé instalado.
O DN , na sua primeira página de hoje, incita-nos à leitura de um artigo de Alegre, intitulado «Viva a Irlanda! Não há Europa contra os cidadãos».
Confesso a minha estupefacção ao ler tal coisa!
Pensei para mim: será que a actual onda de esquerda de Alegre o levou a deixar de ser entusiástico apoiante do Tratado de Lisboa e a instalar definitivamente os dois pés cá? Será que ele passou a ver no referido Tratado aquilo que é, ou seja: um gigantesco passo em frente na construção da União Europeia do Grande Capital (UE do GC) e na perda de soberania de Portugal?
Se assim é, continuei a pensar, tenho que dar a mão à palmatória e reconhecer o erro da minha tese de «um pé lá, outro cá» - e saudar o ingresso de Alegre nas fileiras dos que lutam contra o Tratado Porreiro, pá, a política de direita, etc, etc.
E apressei-me a ler o artigo.
Bom: li, li, li... e a verdade é que, no longo texto, não encontrei fosse o que fosse - uma ideia, uma frase, um parágrafo, uma palavra, uma vírgula... - diferente do que Alegre, por hábito e vocação, diz nestas ocasiões: o habitual blá-blá-blá democratóide usado como música de fundo para melhor instalar o «pé lá».
Isto é: Alegre continua a pensar o que sempre pensou sobre o Tratado e o referendo; continua a apoiar a UE do GC; continua a achar bem a venda ao desbarato da soberania e da independência nacional - o que indicia a continuação do apoio, de facto, à política de direita.
Perguntar-se-á: então porquê esta espampanância de artigo?, porquê o tonitroante brado de «Viva a Irlanda»?, porquê esta declamação a fingir que «não»?
E a resposta é: este tempo de vitória histórica do «não» na Irlanda; este tempo de alegria justificadíssima da Esquerda; este tempo de recarregar de baterias entre a malta para a luta contra o Tratado, e contra a política de direita - é, naturalmente, tempo de Alegre estar com um «pé cá»: junto aos que comemoram a vitória do «não».
Mas que o «pé lá» continua instalado, não há dúvida. Como pode depreender-se lendo o penúltimo parágrafo do artigo, o qual, nas suas 33 breves palavras, diz TUDO.
Leiam, por favor:
«É preciso respeitar a vontade popular, gritava-se em 1975 nas ruas de Portugal. Pois é. E é por isso que, ainda que sendo a favor do "sim", hoje me apetece dizer: Viva a Irlanda».
Pois é: Alegre o diz: gritar, hoje, «Viva a Irlanda», tem o mesmo significado que tinha, em 1975, intervir activamente na organização da contra-revolução.
Chega para lá o pé, pá.
O DN , na sua primeira página de hoje, incita-nos à leitura de um artigo de Alegre, intitulado «Viva a Irlanda! Não há Europa contra os cidadãos».
Confesso a minha estupefacção ao ler tal coisa!
Pensei para mim: será que a actual onda de esquerda de Alegre o levou a deixar de ser entusiástico apoiante do Tratado de Lisboa e a instalar definitivamente os dois pés cá? Será que ele passou a ver no referido Tratado aquilo que é, ou seja: um gigantesco passo em frente na construção da União Europeia do Grande Capital (UE do GC) e na perda de soberania de Portugal?
Se assim é, continuei a pensar, tenho que dar a mão à palmatória e reconhecer o erro da minha tese de «um pé lá, outro cá» - e saudar o ingresso de Alegre nas fileiras dos que lutam contra o Tratado Porreiro, pá, a política de direita, etc, etc.
E apressei-me a ler o artigo.
Bom: li, li, li... e a verdade é que, no longo texto, não encontrei fosse o que fosse - uma ideia, uma frase, um parágrafo, uma palavra, uma vírgula... - diferente do que Alegre, por hábito e vocação, diz nestas ocasiões: o habitual blá-blá-blá democratóide usado como música de fundo para melhor instalar o «pé lá».
Isto é: Alegre continua a pensar o que sempre pensou sobre o Tratado e o referendo; continua a apoiar a UE do GC; continua a achar bem a venda ao desbarato da soberania e da independência nacional - o que indicia a continuação do apoio, de facto, à política de direita.
Perguntar-se-á: então porquê esta espampanância de artigo?, porquê o tonitroante brado de «Viva a Irlanda»?, porquê esta declamação a fingir que «não»?
E a resposta é: este tempo de vitória histórica do «não» na Irlanda; este tempo de alegria justificadíssima da Esquerda; este tempo de recarregar de baterias entre a malta para a luta contra o Tratado, e contra a política de direita - é, naturalmente, tempo de Alegre estar com um «pé cá»: junto aos que comemoram a vitória do «não».
Mas que o «pé lá» continua instalado, não há dúvida. Como pode depreender-se lendo o penúltimo parágrafo do artigo, o qual, nas suas 33 breves palavras, diz TUDO.
Leiam, por favor:
«É preciso respeitar a vontade popular, gritava-se em 1975 nas ruas de Portugal. Pois é. E é por isso que, ainda que sendo a favor do "sim", hoje me apetece dizer: Viva a Irlanda».
Pois é: Alegre o diz: gritar, hoje, «Viva a Irlanda», tem o mesmo significado que tinha, em 1975, intervir activamente na organização da contra-revolução.
Chega para lá o pé, pá.
10 comentários:
A táctica do Alegre é extremamente perigosa!
Esta postura de "pé lá e cá" também o povo chama "estar em cima do muro". Quando calha de se cair do muro exactamente quando se estava com um pé lá e outro cá, a coisa tem resultados catrastóficos para os "tin-tins".
Abraço
Admiro a postura de Alegre, no entanto, quando cai em exagero perde a razão toda e perde no descrédito.
o pateta Alegre é perigoso, contudo, as pessoas começam a deixar-se enganar muito menos por estes vendedores de banha de cobra.
V�ja-se que a grande preocupa�o, destes (socialistas)que governam � direita do PSD, � a de que a esquerda possa subir na vota�o!
Eles T�m todo o direito de serem de direita, mas n�o enganem o povo dizendo-se socialistas, para eles a vida nunca esteve t�o boa.
Como � que ainda existem pessoas que ainda d�o o benef�cio da d�vida a estes politiqueiros!
É gente como esta que é extremamente perigosa para os mais desatentos ou para os (ainda) crédulos "de que é possível".
Há gente honesta(?) que se agarra desesperadamente a MA porque acham que ele pode ser a saída.
Só que estas atitudes são altamente preconceituosas, porque no fim, no fim, esta gente (honesta e de esquerda???) é profundamente anti-comunista...
Ai, o que temos ainda que lutar para acabar com este preconceito...
Um beijo, Fernando Samuel
Que bela gargalhada dei com o comentário do Samuel......
Este homem não passa de um ridículo presunçoso é, uma fraude.
Ao que o dinheiro leva...na minha terrinha, gente assim, tem um nome muito feio.
Já não engana ninguém, só os frangos de aviário, porque estes, tentam enganar também muita gente.
GR
Lénine costumava designar os elementos reformistas como "agentes da burguesia no seio do proletariado".
Até parece que estava a pensar no Alegre, não é?
Mas eu não subestimava o dançarino... Os activistas por vezes tendem a esquecer que o nível de consciência das massas não é o mesmo que o seu...
Se o estrategema não colhesse frutos, não se dava o Alegre ao trabalho de tanta pirueta!!!
Caro Camarada,
Mais um bom post.
É necessário desmascarar sempre os falsos defensores dos trabalhadores e dos povos, que tem o papel de confundir.
Força.
Mário Figueiredo
samuel: chiiiiiiiiiiiçaaaaaa...
rui caetano: eu não admiro. Opiniões, não é?
antuã: deus te ouça, camarada...
josé manangão: infelizmente existem, e muito mais do que seria de desejar.
maria: temos muito que lutar, temos... (também me fartei de rir com o comentário do samuel...)
gr: é uma fraude e, porque o é, engana muita gente...
fausto: totalmente de acordo!
mario figueiredo: obrigado pela visita, camarada. Abraço grande.
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