DIREMOS A VERDADE, SEM DESCANSO
Diremos a verdade, sem descanso,
pela honra de servir, sob os pés de todos.
Detestamos os grandes ventres, as grandes palavras,
a indecente ostentação do ouro,
as cartas mal distribuídas pela sorte,
o denso fumo do incenso a quem é potente.
Agora é a vil raça dos senhores,
agacha-se no seu ódio como um cão,
ladra de longe, ao pé usa cacete,
segue, para além da lama, caminhos de morte.
Com a canção construamos no escuro
altas paredes de sonho, defesa deste turbilhão.
Pela noite chega o rumor de muitas fontes:
estamos fechando as portas do medo.
Salvador Espriu
3 comentários:
Lentamente demais, para noso mal!
Também aqui a canção é uma arma, paredes de sonho que fecham as portas do medo. Lindo!
samuel, josé manangão, justine: aqui termina o ciclo catalão... Segue-se um Torga que,de algum modo, faz a síntese disto tudo...
Abraços e beijo.
Enviar um comentário