ÇA IRA!
Isto vai, caro amigo.
Não como nós queremos, é certo,
mas isto vai.
Por noites de insónia e alcatrão
por laranjas e lábios ressequidos
por desespero na voz e escuridão
isto vai, caro amigo.
Pelo cabo axial que liga a nossa esperança
pela luz dos cabelos, pelo sal
pela palavra remo, pela palavra ódio
isto vai, caro amigo.
Pela ternura e pela confiança
pela vontade e força, as nossas casas
pelo fervor com que inventamos (e depois
calamos)
isto vai, caro amigo.
Pelos carris do medo, pelas árvores
pela inocência e fome, pelos perigos
pelos sinais fraternos, pelas lágrimas
isto vai, caro amigo.
Pela rudeza do espaço
e em jardins falsíssimos
isto vai, caro amigo.
João Rui de Sousa
6 comentários:
Como o Zé Carlos, mas "mais calmo" :)))
Há quanto tempo não canta esta canção da revolução francesa...
Ça ira, ao ritmo e no tempo que é o nosso. Que vamos fazer acontecer...
Beijo
Belo poema de esperança e certeza de um futura melhor.
Força camarada, continua a lembrar a poesia.
Mário Figueiredo
amuel: muito mais calmo...o que não admira, por razões várias, e especialmente porque este Ça ira é de antes do 25 de Abril...
maria. Ah, çá, ira, ça ira, ça ira, les aristocrates á la lanternes...
mário figueiredo: obrigado. E tu, não nos deixes tanto tempo sem os teus posts, camarada...
Ça ira. Tem que ir.
antuã: e vai, camarada, e vai...
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