POEMA

ÇA IRA!


Isto vai, caro amigo.
Não como nós queremos, é certo,
mas isto vai.

Por noites de insónia e alcatrão
por laranjas e lábios ressequidos
por desespero na voz e escuridão
isto vai, caro amigo.

Pelo cabo axial que liga a nossa esperança
pela luz dos cabelos, pelo sal
pela palavra remo, pela palavra ódio
isto vai, caro amigo.

Pela ternura e pela confiança
pela vontade e força, as nossas casas
pelo fervor com que inventamos (e depois
calamos)
isto vai, caro amigo.

Pelos carris do medo, pelas árvores
pela inocência e fome, pelos perigos
pelos sinais fraternos, pelas lágrimas
isto vai, caro amigo.

Pela rudeza do espaço
e em jardins falsíssimos

isto vai, caro amigo.

João Rui de Sousa

6 comentários:

samuel disse...

Como o Zé Carlos, mas "mais calmo" :)))

Maria disse...

Há quanto tempo não canta esta canção da revolução francesa...

Ça ira, ao ritmo e no tempo que é o nosso. Que vamos fazer acontecer...

Beijo

Anónimo disse...

Belo poema de esperança e certeza de um futura melhor.
Força camarada, continua a lembrar a poesia.

Mário Figueiredo

Fernando Samuel disse...

amuel: muito mais calmo...o que não admira, por razões várias, e especialmente porque este Ça ira é de antes do 25 de Abril...

maria. Ah, çá, ira, ça ira, ça ira, les aristocrates á la lanternes...

mário figueiredo: obrigado. E tu, não nos deixes tanto tempo sem os teus posts, camarada...

Anónimo disse...

Ça ira. Tem que ir.

Fernando Samuel disse...

antuã: e vai, camarada, e vai...