«Tratado de Lisboa avança apesar do "não" no referendo da Irlanda»: diz o Público de hoje, em primeira página - e avisa que «a Irlanda ficou com a responsabilidade de encontrar uma saída para o impasse que ela própria criou».
Reparem como em tão poucas palavras se pode resumir tudo o que paira nas cabeças dos derrotados de ontem...
Imagino a azáfama que vai por essa Europa: batalhões de juristas armados de potentes lupas à procura da «solução»; batalhões de lideres políticos a afinar os «argumentos» que hão-de «demonstrar» o carácter «profundamente democrático» da «solução» que os juristas hão-de encontrar...
Para já, e como convém, dizem todos que a bola está do lado da Irlanda que consideram obrigada, não apenas a «explicar as razões deste desaire» (irra, como é que vocês dixaram que o «não» ganhasse?), mas também - e essencialmente - a «assumir as responsabilidades de avançar com pistas para resolver o impasse», «impasse» que a própria Irlanda criou - dizem, irritados.
É claro que tudo isto é paleio: toda a gente sabe que os governantes da Irlanda farão o que lhes disserem para que o resultado do referendo não conte, para que o Tratado avance... morto, mas vivo, ainda que ligado à máquina do vale-tudo.
Há quem diga que a Irlanda deve «convocar novo referendo (...) sob pena de ver as suas relações com a Europa seriamente postas em causa». Há quem acrescente que o novo referendo seja sobre um novo texto, depois de submetido o actual a «pequenas modificações cosméticas»... Enfim, todas as possibilidades estão «em cima da mesa», à volta da qual estes paladinos da democracia se encontram reunidos.
Registe-se a impiedosa culpabilização da Irlanda, isto é: do eleitorado irlandês que, chamado a pronunciar-se, votou inequívocamente «não». Registe-se, igualmente, a insistência obsessiva na exigência feita à Irlanda de encontrar «a solução».
A dada altura, dei comigo a pensar que essa exigência continha, implícita, a hipótese de a Irlanda se auto-excluir da UE para «resolver o problema»...
Depois, pensei que era exagero meu, que tal coisa não passaria pela cabeça de ninguém...
Afinal, tal coisa passou, ou está a passar, por várias cabeças. Como se depreende destas palavras proferidas por um governante francês: «Não podemos pôr fora da Europa um país que é membro há 35 anos»...
Preparemo-nos, então, para tudo: o que é imaginável e o que pode parecer inimaginável.
Reparem como em tão poucas palavras se pode resumir tudo o que paira nas cabeças dos derrotados de ontem...
Imagino a azáfama que vai por essa Europa: batalhões de juristas armados de potentes lupas à procura da «solução»; batalhões de lideres políticos a afinar os «argumentos» que hão-de «demonstrar» o carácter «profundamente democrático» da «solução» que os juristas hão-de encontrar...
Para já, e como convém, dizem todos que a bola está do lado da Irlanda que consideram obrigada, não apenas a «explicar as razões deste desaire» (irra, como é que vocês dixaram que o «não» ganhasse?), mas também - e essencialmente - a «assumir as responsabilidades de avançar com pistas para resolver o impasse», «impasse» que a própria Irlanda criou - dizem, irritados.
É claro que tudo isto é paleio: toda a gente sabe que os governantes da Irlanda farão o que lhes disserem para que o resultado do referendo não conte, para que o Tratado avance... morto, mas vivo, ainda que ligado à máquina do vale-tudo.
Há quem diga que a Irlanda deve «convocar novo referendo (...) sob pena de ver as suas relações com a Europa seriamente postas em causa». Há quem acrescente que o novo referendo seja sobre um novo texto, depois de submetido o actual a «pequenas modificações cosméticas»... Enfim, todas as possibilidades estão «em cima da mesa», à volta da qual estes paladinos da democracia se encontram reunidos.
Registe-se a impiedosa culpabilização da Irlanda, isto é: do eleitorado irlandês que, chamado a pronunciar-se, votou inequívocamente «não». Registe-se, igualmente, a insistência obsessiva na exigência feita à Irlanda de encontrar «a solução».
A dada altura, dei comigo a pensar que essa exigência continha, implícita, a hipótese de a Irlanda se auto-excluir da UE para «resolver o problema»...
Depois, pensei que era exagero meu, que tal coisa não passaria pela cabeça de ninguém...
Afinal, tal coisa passou, ou está a passar, por várias cabeças. Como se depreende destas palavras proferidas por um governante francês: «Não podemos pôr fora da Europa um país que é membro há 35 anos»...
Preparemo-nos, então, para tudo: o que é imaginável e o que pode parecer inimaginável.
14 comentários:
Deviam ter sido mais previdentes e pedido àquele "senhor do Casino Lisboa" um artigozinho daqueles que ninguém detecta, para enfiar no meio do Tratado, como fez com a "nossa" Lei do Jogo...
Grande descuido!
meus amigos, eu não sou péssimista!
Mas nunca duvidei de que eles são capazes deTUDO, para conseguirem os seus intentos, portanto preparemo-nos...para a luta!
Abraço
Preparamos temos de estar. Eles são capazes de TUDO.
Mas o que dá gozo é vê-lo com a batata a saltar de mão em mão. Esta "saída" do governo irlandês ter de se explicar, não sendo original, continua a ser genial.
Porque não manter o governo e demitir o povo? E depois há aquele cois do "opting-out" que até não precisa de ser traduzida!
De quem eles são filhos não digo que as mãezinhas, se calhar..., até se "portavam bem".
O que me está a zucrinar é o mal que isto faz à democracia, como a descredibiliza junto do povo e o afasta em ondas de repulsa, deixando os "eleitos" com campo livre.
"O Governo irlandês tem que propor uma solução para ultrapassar esta dificuldade, que seja aceite pelos outros 26 estados-membros. O Tratado de Lisboa é demasiado importante para a Europa e para os seus cidadãos para que possa ser colocado na gaveta (...) Os tratados internacionais nunca deveriam ser objecto de referendo e tivemos agora a prova disso." Cavaco Silva em entrevista à TSF.
Porque ainda não sabem como descalçar a bota as TVs quase que ignoraram o acontecimento.
Quantos milhões não teriam dito NÃO se a consulta fosse como na Irlanda?
O "ditador" Chavez aceitou o referendo e era só o que faltava se estes "democratas" fizessem tábua rasa da vontade popular!
As forças progressistas em toda a Europa devem-se preparar para vir para a RUA para obrigar a aceitar o NÃO.
Como certa vez explicou Lénine, uma união capitalista da europa é uma utopia reaccionária...
utópica porque as contradições entre as burguesias dos vários países da Europa a tornam (quase)impossível e reaccionária porque mesmo que essa união fosse alcançada, seria à custa da sobre-exploração dos trabalhadores.
O Estado-nação (criação burguesa) foi, num primeiro momento, essencial ao desenvolvimento do capitalismo ao criar os diversos "mercados nacionais". Todavia, o desenvolvimento das forças produtivas fez da alavanca travão e o Estado-nacional já não corresponde aos interesses capitalistas - daí o "projecto europeu" de tentativa de criar um estado e mercado transnacionais.
A única classe capaz de unir o continente é a classe trabalhadora: a única classe democrática e internacionalista até ao fim. O resto é conversa e exploração
É preciso...muita lata!
Então o Chaves é ditador?
O povo venezuelano vive cultural, social e economicamente muito melhor, devido às medidas de Hugo Chaves. É ditador? (CS)
Estamos a retroceder a passos largos ao século XIX. Nós, não temos ditadores?
No caso real do nosso país; a emigração é neste momento muito preocupante, não há empregos e o que aparecem são precários, não temos acesso à cultura, tudo é para nós muito caro, a inflação dispara diariamente, passamos fome, morremos com doenças que só as podemos encontrar nos paupérrimos países do 3º Mundo, somos recordistas na tuberculose, DST, Cancro e até a velhíssima Sífilis (como no séc. XIX), somos os futuros escravos da Europa. E mandamos “bocas” ao Chaves!!!
Estamos há 32 anos, a ser governados por déspotas.
Na realidade, quem tem culpa desta situação? Sem dúvida, as políticas neoliberais (internas e externas), mas;
- quem foi o 1º a desenvolve-las? Mário Soares.
- quem foi que lhe deu força? Os votantes, os eleitores, muitos portugueses.
O PCP, Partido esteve (está) sempre ao lado do povo, foi traído por esse mesmo povo.
Se estamos numa situação muito perigosa para a Democracia, devemo-la também aos votantes.
CR – critique e lute contra os nossos verdadeiros ditadores e deixe o Presidente Chaves governar democraticamente, como o está a fazer.
Festejemos a vitória do Não! hoje.
Num amanhã muito próximo, a Luta vai ser muito dura. A vida vai ser um inferno, quando nos impingirem com forte imposição o Sim (o tratado de Lisboa).
Fernando Samuel,
Desculpa este meu comentário.
GR
A frase "a Irlanda terá de encontrar soluções para resolver este impasse" é a que mais ouvi hoje.
O gozo que me dá este "cagaço" que a maioria dos eleitores Irlandeses pregou à UE...
É claro que eles, a UE, irá resolver o problema. Seja como for. Não importa os "esquemas democráticos" que terão que arranjar...
Até podem alterar a constituição da Irlanda, pois claro!
Atentos estamos, atentos estaremos, e preparados para o que der e vier...
Há uns tempos que não tínhamos um "verão tão quente", diz a metereologia... :)
Um beijo
Calma GR, o meu ditador está entre aspas. Não é ditador, é "ditador".
Estamos entendidos?
Agora é que vamos ver os limites da imaginação dos lideres da UE. Mesmo que não se consiga derrotar o Tratado definitivamente, o Não da Irlanda já valeu a pena para ver a reacção dos primeiros-ministros e outros responsaveis da UE. Uma reacção inaceitavel para com o povo da Irlanda. Se tivesse aprovado seria um povo lucido, europeista e com mil e uma qualidades, assim já foi acusado dos piores defeitos. É extraordinaria a concepção de democracia desta gente.
CR
Vivo numa terrinha de grande emigração,onde o ódio ao Chaves está, sempre presente.
Um grande grupo de emigrantes abastados “fugidos à ditadura comunista de Chaves”, como gostam de dizer.
Aceita as minhas desculpas,
GR
A ver vamos até onde é que os povos deixam ir os democraciáticos senhores!...
sanuel: descuido que urge ser remediado... a Bem da Europa...
josé manangão: preparemo-nos para a luta!
zambujal: é o tal caldo de cultura que conduz... ao caldo entornado...
josé neves: este Cavaco é um poço sem fundo em matéria de... cavaquices...
cs: Chavez confia no povo, o povo confia no Chávez; aqui... ninguém confia em ninguém...
Vamos para a rua, então!
fausto: é essa «utopia reaccionária» que está em processo de construção - e que só a classe trabalhadora poderá impedir.
gr e cs: está tudo esclarecido, como não podia deixar de ser...
maria: esperemos que o Verão aquece ainda mais...
crixus: desvendar o conceito de democracia destes... «democratas», é uma das razões pelas quais o «não» irlandês valeu a pena...
antuã: eles avançarão, ainda, mais uns passos (grandes, talvez), mas chegará... o dia das surpresas...
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