CONFISSÕES DE UM MINISTRO

O ministro do Trabalho (que, em rigor, deveria ser designado por ministro do Capital) não pára na sua cruzada em favor do Código do Trabalho (que, em rigor, deveris ser designado por Código do Capital).
Quando é confrontado com os argumentos da razão, o ministro baralha-se, irrita-se e não resiste a revelar o que lhe vai na alma.
Há dias, num debate realizado no Porto, Vieira da Silva, incapaz quer de convencer os assistentes da justeza do Código quer de contrariar as objecções vindas da plateia, explicou-se assim: «Temos hoje uma arquitectura de relações laborais pouco adequada às exigências da globalização» - pelo que, concluiu, há que adequar as leis à nova realidade laboral...
Ou seja: quem manda nisto tudo é o grande capital, e aos governos e respectivos ministros cabe a tarefa de cumprirem fielmente as ordens do patrão.

Já sabíamos que era assim, mas não deixa de ser digno de registo o facto de este ministro vir confessar em público a sua condição de lacaio do grande capital.


A dada altura do debate, confrontado com as contradições entre as promessas eleitorais feitas pelo PS e a sua prática governativa, o ministro irritou-se - e criticou severamente aqueles que acham que um partido que apresenta ao eleitorado um determinado programa ( com o qual ganha, por maioria absoluta, as eleições) deve, no governo, cumprir esse programa!!!
Acha o ministro que só gente irresponsável pode pensar assim...
Isto é: uma coisa - esta certa, correcta, normal - são as promessas feitas em campanha eleitoral, para caçar o voto dos incautos; outra coisa - esta errada, irresponsável, absurda - seria cumprir, depois, essas promessas... - e é a isto que se chama ser «eleito democraticamente»

Já sabíamos que era assim, mas não deixa de ser digno de registo o facto de este ministro vir confessar em público a sua condição de vendedor de banha de cobra.

5 comentários:

Anónimo disse...

Mas que gente é esta, mas que tempos são estes?!
E estão sempre a botar faladura, entram-nos pela casa dentro naquela infernal caixinha. Nas rádios, nos jornais, mentem, enganam, intoxicam. Confundem, tentam dividir,fazem tudo quanto podem para levar as pessoas ao desânimo e à passividade.
Mas, numa tarde quase de Verão, quando se julgavam bem seguros e descansados,aparecem 250.000 nas ruas, vindos sabe-se lá donde, a dar-lhes cabo do socego.
Ainda por cima muitos gritavam "Governo para a Rua" e lá ficaram alguns com cólicas no fígado e a tarde tão estragada que até se foram queixar para os "midia".
Realmente, sempre há gente muito ingrata!

Campaniça

samuel disse...

Cada medida deste governo deve ser encarada e suportada com abnegação, como uma espécie de castigo pela manifesta "burrice" que foi acreditar nas promessas eleitorais do PS.
Admito que isso seria "lindo" (embora não o sinta realmente) se essas medidas governamentais apenas afectassem aqueles que votaram PS e agora estão como estão... para "desespero" de Manuel Alegre, que se lembra deles a toda a hora (excepto quando deve).
Tirando isso, quem se safou à grande foi a grande pintora Vieira da Silva, que já não teve que "conviver" com este homónimo lamentável e embaraçoso. Quanto ao médico/cantautor Vieira da Silva... tem toda a minha solidariedade :)))

Abraço

Anónimo disse...

o nosso amigo vieira da silva deve ficar incomodado quando lhe perguntam se é alguma coisa a semelhante besta.

Anónimo disse...

Como li nas parangonas de um jornal na banca, um ex-ministro (pós-25 de Abril!), em entrevista, afirmou que a democracia cria a mediocridade! Eu diria que o capital se serve dos mediocres, dos cupidos, dos corruptos, para destruir a democracia, para manipular o povo, para explorar os trabalhadores.
Para mais, invocando a palavra socialista... o que, ao que parece, é pecado quando invocado em vão (ou desvão).
Excelente post informativo. Obrigado

vieira da silva disse...

Só hoje, ao fim de tanto tempo, é que reparei nestes comentários. Obrigado pelos gestos de solidariedade... Vieiras da Silva há muitos (como os chapéus de Vasco Santana no filme "A canção de Lisboa"...) e não há volta a dar-lhe. Resta-me a esperança de que se consiga acabar de vez com a política destes democratas "travestidos" (parafraseando o grande ideólogo José Sócrates ... ah ah ah ).

Abraço.