Em 1958 - há cinquenta anos! - Papiniano Carlos publicava o seu sétimo livro de poemas: «Caminhemos Serenos» - poemas que, passados à máquina e distribuídos, lidos em convívios, desde logo passaram a ser armas da luta contra o fascismo.
O fascismo apressou-se a proibir e apreender o livro. As razões apresentadas constam da nota de apreensão da Comissão de Censura:
«Livro de poesias, quase todas de sabor comunisante, e algumas mesmo de índole comunista».
Entretanto, os poemas de Papiniano Carlos passaram a integrar o cancioneiro da resistência e eram declamados nas mais diversas iniciativas antifascistas:
«A teu lado, amor,
não há muros, silêncio, morte»...
«No chumbo, no terror, na morte, com sangue escrevo,
Alfredo e Catarina,
vossos nomes»...
«Na fome verde das searas roxas
passeava sorrindo Catarina»...
Em homenagem a Papiniano Carlos, relembramos hoje o poema
CAMINHEMOS SERENOS
(Para Julius e Ethel Rosemberg)
Sob as estrelas, sob as bombas,
sob os turvos ódios e injustiças,
no frio corredor de lâminas eriçadas,
no meio do sangue, das lágrimas,
caminhemos serenos.
De mãos dadas,
através da última das ignomínias,
sob o negro mar da iniquidade,
caminhemos serenos.
Sob a fúria dos ventos desumanos,
sob a treva e os furacões de fogo
dos que nem com a morte podem vencer-nos,
caminhemos serenos.
O que nos leva é indestrutível,
a luz que nos guia connosco vai.
E já que o cárcere é pequeno
para o sonho prisioneiro,
já que o cárcere não basta
para a ave inviolável,
que temer, ó minha querida?:
caminhemos serenos.
No pavor da floresta gelada,
através das torturas, através da morte,
em busca do país da aurora,
de mãos dadas, querida, de mãos dadas,
caminhemos serenos.
O fascismo apressou-se a proibir e apreender o livro. As razões apresentadas constam da nota de apreensão da Comissão de Censura:
«Livro de poesias, quase todas de sabor comunisante, e algumas mesmo de índole comunista».
Entretanto, os poemas de Papiniano Carlos passaram a integrar o cancioneiro da resistência e eram declamados nas mais diversas iniciativas antifascistas:
«A teu lado, amor,
não há muros, silêncio, morte»...
«No chumbo, no terror, na morte, com sangue escrevo,
Alfredo e Catarina,
vossos nomes»...
«Na fome verde das searas roxas
passeava sorrindo Catarina»...
Em homenagem a Papiniano Carlos, relembramos hoje o poema
CAMINHEMOS SERENOS
(Para Julius e Ethel Rosemberg)
Sob as estrelas, sob as bombas,
sob os turvos ódios e injustiças,
no frio corredor de lâminas eriçadas,
no meio do sangue, das lágrimas,
caminhemos serenos.
De mãos dadas,
através da última das ignomínias,
sob o negro mar da iniquidade,
caminhemos serenos.
Sob a fúria dos ventos desumanos,
sob a treva e os furacões de fogo
dos que nem com a morte podem vencer-nos,
caminhemos serenos.
O que nos leva é indestrutível,
a luz que nos guia connosco vai.
E já que o cárcere é pequeno
para o sonho prisioneiro,
já que o cárcere não basta
para a ave inviolável,
que temer, ó minha querida?:
caminhemos serenos.
No pavor da floresta gelada,
através das torturas, através da morte,
em busca do país da aurora,
de mãos dadas, querida, de mãos dadas,
caminhemos serenos.
9 comentários:
Há (quase) 50 anos descobri Papiniano e o "caminhemos serenos". E tudo me parecia tão fácil, tão belo, tão próximo...
Foi bom teres vindo lembrar o que tantas vezes lembro. Esta procura, algumas vezes frustrada, outras adiada, da mão dada para serem dois a fazer serenamente o caminho (ou os caminhos porque, sendo dois, dois são os caminhos). E seremos muitos, para além de dois.
E tudo é fácil, tudo é belo... mas nunca será próximo. Ou ali.
De mãos dadas, sim.
Isso será (parece-me) decisivo...
Abraço
Gosto muito de Papiniano Carlos,conheço os seus poemas mas, não da forma como nos apresentas.
Com tanto saber e também poesia.
Bjs,
GR
E nós serenamente continuaremos, a caminhada de mão dada,com o Papiniano Carlos no pensamento.
Abraço e obrigado por este brinde!
E eu, que não conhecia o Papiniano Carlos, estou para aqui a pensar que existe tanto para aprender...
Obrigada por me apresentares este poema belíssimo. Um dia destes ainda to vou roubar...
beijinhos
perante a vida dura a que o partido Sabujo nos obriga, caminhemos serenos.
zambujal, samuel, gr, josé manangão, sal, antuã: Caminhemos Serenos... sempre, até ao fim do caminho que escolhemos, que está ali à frente, perto,longe, perto...
Abraços e beijos de amizade.
Caminhemos então, de mãos dadas e serenamente, para o futuro.
Beijo
justine: de mãos dadas... e o mundo será nosso...
Beijo amigo
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