«A MINHA POLÍTICA É O TRABALHO»

A notícia diz, em título:
«Warren Buffett volta aos lucros milionários» - o que significa que o referido Buffett deixou de ter, em algum momento, «lucros milionários» e, agora, passou a tê-los novamente.
E quando é que deixou de ter esses lucros e quando é que voltou a tê-los?

Lendo a notícia toda, ficamos a saber que, no último trimestre de 2008, Buffett arrecadou apenas 117 milhões de dólares - um lucro insignificante, mexeruco, que não dava para mandar cantar um cego - e que no último trimestre de 2009, obteve um lucro de 3000 milhões de dólares - este sim, um lucro como deve ser, a premiar todas os ciclópicos trabalhos, os estafantes empreendedorismos, as brutais preocupações e as incomensuráveis canseiras sofridas pelo pobre Buffett ao longo de todo um longo trimestre.
A confirmar que não há crise que não dê em fartura - para quem tem fortuna farta...

Warren Buffett é «o homem mais rico do mundo»: era-o no último trimestre de 2008 e é-o ainda mais no último trimestre de 2009 - e sê-lo-á ainda mais no terceiro trimestre de 2010: é «a ordem natural das coisas» que nos ensina que «ricos e pobres sempre houve e há-de haver» e que nos alerta para «o que seria dos pobres se não existissem os ricos»...

E quanto ganhou nesse mesmo trimestre o homem mais pobre do mundo?
E quanto ganharam nesse mesmo trimestre os 500 000 homens mais pobres do mundo?
E o milhão de homens mais pobres do mundo?
E os cem milhões de homens mais pobres do mundo?...

Mas lá está: fazer estas perguntas, encontrar as respostas e procurar o seu significado, é uma pessoa estar a meter-se em política...
E, como nos ensinaram a dizer desde pequeninos, «a minha política é o trabalho»...

6 comentários:

Maria disse...

O problema é que muitos desses cem milhões de homens mais pobres do mundo ainda diz 'a minha política é o trabalho'. Porque a 'formatação das mentalidades' continua, em sentido único...
Quando essa gente toda acordar... tanto trabalho para fazer!

Um beijo grande.

samuel disse...

Desde que não dê muito trabalho... e pensar, dá. Imenso!

Abraço.

Anónimo disse...

O problema é que muita gente está formatada de tal maneira que faz lembrar a história que se conta do perú a quem traçaram, com giz, um círculo em volta. O pobre do perú não se mexe porque julga que está preso dentro duma gaiola.
Pois é... romper grades não é fácil mas é o único caminho.

Campaniça

Fernando Samuel disse...

Maria: é verdade; tanto trabalho para fazer!...
Um beijo grande.

samuel: se dá!...
Um abraço.

Campaniça: se esse é o único caminho - e é - sigamos em frente...
Um beijo amigo.

João Valente Aguiar disse...

O Warren Buffett proferiu em 2006 umas palavras imensamente eloquentes e que, até certo ponto, negam mtas tretas dos ideólogos do capital: "existe uma guerra de classes, mas é a minha classe que está a ganhar" (NY Times). Portanto, um grande capitalista apresentar as coisas de uma maneira tão límpida e cristalina merece o nosso "aplauso". Primeiro, porque mostra que as balelas que a comunicação dominante (ao serviço dos Buffetts todos, claro está) apregoa do fim das classes e da luta de classes são desmentidas pela voz do dono. Segundo, mostra que a luta de classes tb é feita pela burguesia: aí está o neoliberalismo para mostrar a mais recente ofensiva do grande capital contra os trabalhadores. Resumindo camaradas. Quando algum banana vos vier com a conversa de que a luta de classes acabou, que a negociação é que é "fixe", ou que as sociedades de hoje são tão democráticas que nem sequer precisam de classes sociais usai este dito do Warren Buffett. É limpinho. A desfaçatez dele mostra os reais objectivos de classe do capital: amordaçar e derrotar os trabalhadores. Cá estaremos nós para lhe dar luta.

Um grande abraço

Fernando Samuel disse...

Joao Valente Aguiar: certeiro, o teu comentário.
Um abraço grande, camarada.