POEMA

EPITÁFIO


A Pátria, de olhos sem fundo como dois buracos,
vela o teu corpo e põe-te uma promessa nas mãos frias...
- tu que foste a força dos fracos,
tu que foste maior que todas as poesias.
Tu, puro e oculto como as cisternas de água,
tu que eras presente e invisível como a aragem,
tu que continuas a ligar-nos pela mágoa
como sempre o fizeste pela coragem.

Por todo o sofrimento, por todas as desgraças,
e em nome das madrugadas que rasgam as vidraças,
a Pátria põe-te uma promessa nas mãos frias.

Largos versos irrompem no teu silêncio de granito,
e tu vives inteiro em cada grito,
tu que foste maior que todas as poesias.


Sidónio Muralha

(«Companheira dos Homens» - 1950)

8 comentários:

GR disse...

Ao ler este belíssimo poema, veio-me á memória os Heróicos Resistentes assassinados pela PIDE que não morreram em vão!

Bjs,

GR

Mário Pinto disse...

De quem se trata não sei, sei de quem se poderia tratar, e são muitos...

Um abraço.

Fernando Samuel disse...

GR e CRN: este poema de Sidónio Muralha foi dedicado a Soeiro Pereira Gomes - e foi escrito quando da morte do autor de Esteiros.
Um beijo e um abraço.

Graciete Rietsch disse...

Obrigada querido camarada por nos relembrares esta tão grandiosa homenagem a Soeiro Pereira Gomes.
Abraços.

samuel disse...

Promessa que tudo faremos por cumprir.
Grande poema!

Abraço.

Maria disse...

Fico sem palavras perante a intensidade deste poema. Obrigada por o teres publicado!

Um beijo grande.

svasconcelos disse...

Grande poema!...
(não sabia que tinha sido dedicado ao Soeiro, que lindo, lindo e mais que merecido tributo!)
beijo,

Fernando Samuel disse...

Graciete Rietsch: o nosso obrigado vai para o Poeta.
Um beijo, camarada.

samuel: e que cumpriremos.
Um abraço.

Maria: um beijo grande.

smvasconcelos: e eu só soube muito recentemente.
Um beijo.