A reportagem do Público sobre a manifestação dos trabalhadores da Administração Pública é uma peça estranha.
Não tanto pelo que nos conta, mas especialmente pelo que não nos diz.
Na verdade, sobre a dimensão da manifestação - se os manifestantes eram muitos; se eram poucos; quantos eram - nada nos é dito.
E lá vem a habitual fotografia manhosa, daquelas a que o Público usa recorrer para (não) nos mostrar as manifestações de massas...
Por isso esclareça-se desde já que foram mais de 50 mil, os trabalhadores que, ontem, desfilaram até ao Terreiro do Paço, numa grandiosa manifestação, e que ali afirmaram, inequivocamente, a sua firme determinação de darem continuidade à luta - à semelhança, aliás, do que aconteceu há uma semana com a igualmente grandiosa manifestação dos enfermeiros.
Mas voltando à reportagem do Público: o repórter optou por conversar com alguns manifestantes e ouvir e registar diálogos travados entre eles - diálogos por vezes interessantes e, até, muito esclarecedores sobre as razões que ali os levaram a manifestar o seu protesto e as suas exigências.
Num desses registos diz um manifestante:
«Eu sou comunista. Desde os 16 anos. Desde o 25 de Abril».
Um companheiro aconselha-o a não dizer aquilo em voz alta:
«Olha que isso pode prejudicar-te, pá»
Ora aqui está um diálogo por demais elucidativo do estado da democracia em Portugal - uma democracia em que o facto de um cidadão assumir a sua condição de comunista... «pode prejudicar-te, pá»...
11 comentários:
Desgraçadamente, a verdade é que sempre o foi!
Antes do 25 de Abril, naturalmente, nem se fala...
Mas - e então - depois... ?
Sendo que, agora é bem pior! (com "socialistas" no governo, a gerir o tal estado da democracia).
Rui Silva
Eu ouvi na TV a resposta do entrevistado e o comentário do amigo!!!!!!! Bem esclarecedor de facto.
Um abraço.
Porreiro, pá!!!
Abraço.
Resta-nos um único caminho, o de sempre: o da LUTA!
Um beijo grande
Os jornalistas cumprem o seu papel, não o de dizer a verdade ou o que vêem, o de agradar ao patrão, ou pelo menos não desagradar, porque o desemprego seria o caminho.
É que esta "demcracia" está bem encenada.
Um abraço
Não temos dúvidas de que os comunistas sempre foram prejudicados, mas isto faz parte da genética do capitalismo. A nós cabe-nos a luta para a mudança.
Já me deparei muitas vezes com essa frase " cuidado, não digas isso...". Parece uma frase vinda de uma qualquer ficção ou de um "outro tempo" , mas não é. Passados 35 anos a liberdade de expressãoe afirmação ainda é condicionada por ameaças de "fogueiras" , perseguições ou ostracismos a quem se afirma comunista.
beijo,
Se todos tivessem a militãncia e a consciência de classe que têm os comunistas - outros valores se levantaríam, mas nós não vamos desistir de lembrar isso aos portugueses, muitos são os que já começam a perceber que a nossa mensagem é de luta pela justiça social, e pela vardadeira democracia.
Porque será que o grande capital, tem tanto medo dos comunistas?
Porque será?
Abraço
QUEM TEM MEDO DO COMUNISMO? a resposta (é)era dada numa canção de 74/75 do século passado...
pois que este 1º Maio seja um grande dia de luta do Povo Português (e não só dos trabalhadores) pois que deveriam ser os desempregados a encabeçar a grandiosa manifestação que, espero, assim será! e os estudantes e até crianças (porque não?!?!) não são elas as primeiras vitimas deste capitalismo selvagem?!
a LUTA CONTINUA e os COMUNISTAS ESTARÃO SEMPRE NA VANGUARDA DA DEFESA DO POVO!!! é com isto que os capitalistas, socialistas (ps), e a burguesia NÃO PERDOAM!!! NÓS NÃO DESISTIMOS DE CONSTRUIR UMA SOCIEDADE MELHOR E MAIS JUSTA!!! como diria o outro: "é a vida!!"
Rui Silva: em matéria de anticomunismo, os «socialistas» pedem meças...
Um abraço.
Graciete Rietsch: e coisas destas são banais nesta «democracia»...
Um beijo.
samuel: os democratas porreiros...
Um abraço.
Maria: e é um excelente caminho!
Um beijo grande.
alex campos: como diz o outro: «no meu jornal os jornalistas têm toda a liberdade de escrever o que eu penso»...
Um abraço.
Antuã: cá estaremos, sempre na primeira fila da luta.
Um abraço.
smvasconcelos: enquanto houver inquisidores, haverá fogueiras...
Um beijo.
poesianopopular: por quer será?...
Um abraço.
maria povo:é por saberem que os comunistas nunca desistirão de lutar que eles nos odeiam tanto...
Um beijo.
por acaso, é engraçado que o jornalista em causa se deu ao trabalho de transcrever inclusivamente as palavras mais "rasteiras" do diálogo ouvido (e sabe-se lá se autorizadamente transcrito), mas não teve uma palavra para as razões da manif e para a sua dimensão. Aliás, na minha opinião, tentou de certa forma, tratar de forma leviana e demasiadamente ligeira a manif, como quem relata uma tarde de cavaqueira na taberna.
Parece-me que o resultado é claro: desvalorizar.
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