POEMA

HERANÇA


Lá onde o ser tarde ou cedo
é um jogo de claridades,
vivem a ignorância e o medo,
criadores das divindades.
E, acocorado no chão,
um velho negro selvagem,
vai desenhando a carvão
para deixar como herança
um deus, feito à sua imagem
e perfeita semelhança.


Sidónio Muralha

(«Companheira dos Homens» - 1950)

5 comentários:

poesianopopular disse...

Nestas palavras, ficamos a conhecer como o Sidónio Muralha conhecia tão bem o seu semelhante!
Que grande poeta e humanista, e comunista!
Abraço

Justine disse...

Belíssimo!

Maria disse...

É um poemaço! Enorme no seu conteúdo!.

Um beijo grande.

Graciete Rietsch disse...

Sem ofensa para qualquer raça ou sociedade, o Homem criou realmente Deus à sua imagem e semelhança. É ver os tremores de terra e guerras que andam por aí.
Só mais uma coisa. O Sidónio Muralha era um dos poetas que sempre me acompanharam na minha juventude,
Um beijo e obrigada por mo trazeres de volta.

samuel disse...

Assim nasceram todos...

Abraço.