OS APAZIGUADORES
A tribo é indócil.
Os apaziguadores são boas pessoas.
Eles cantam a paz
na boca das armas.
Eles desarmam as bocas
quando cantam a paz.
Só não desarmam as armas
porque a paz desarmada
passaria a ser paz
e eles ficariam desempregados
porque não há apaziguadores
em tempo de paz.
O medo tocou os apaziguadores.
O medo tocou o gatilho das armas,
e os indóceis ficaram apaziguados,
definitivamente apaziguados,
horizontalmente apaziguados.
E os apaziguadores voltaram aos lares
e com gestos medidos e apaziguados
guardaram as armas, lavaram as mãos,
e distribuíram beijos pacificamente
a toda a família.
Sidónio Muralha
(«Que Saudades do Mar» - 1971)
4 comentários:
E assim cumprem (!!!) os apaziguadores a sua tarefa...
Um beijo grande.
Tão terrível quanto actual...
Abraço.
Que belo retrato de um certo país!!!!
Beijos.
Maria; tarefa mortífera...
Um beijo grande.
samuel: é de hoje...
Um abraço.
Graciete Rietsch: sem dúvida...
Um beijo.
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