LÍRICA SEM NEBLINA
Já nos versos dos Vedas,
há 2 500 anos,
crepitavam as labaredas
dos problemas humanos.
Já então, quando as aves emigravam,
os homens não falavam de saudade,
mas simplesmente levantavam
uma canção à liberdade.
Então e sempre entrou a luta na poesia
como um pregão pela janela aberta
e enriqueceu-se dia a dia
numa perpétua descoberta.
Nem narcóticos, nem neblinas, nem adornos, nem véus,
pega o poeta em palavra, tijolos e argamassa,
e constrói um arranha-céus
que cada hora se ultrapassa.
E nesta maré de novo e de renovo,
movimento ascensional,
em cada poema o povo
põe a sua impressão digital.
Sidónio Muralha
(«Companheira dos Homens» - 1950)
4 comentários:
"E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão."
...como algum tempo depois escreveria este...
Abraço.
E as canções à Liberdade continuam a ser levantadas!
Extraordinário poema!!!!!
Obrigada.
Mais uma vez a poesia ligada à Liberdade... só assim é poesia.
Um beijo grande.
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