POEMA

ANÚNCIO


Eu que cheguei em silêncio
falarei do Homem,
falarei dos homens sobre a terra,
do Rio dos homens sobre a terra.
E eu sei que não há dois homens iguais,
por isso eu os conheço todos um por um
e os chamo pelos seus nomes,
e no entanto eu sei que são o mesmo Homem,
espelho de mil faces.
Há alguma coisa mais admirável?
Eu que falo da multidão insolúvel como de um Rio,
falo do Homem cheio
de personalidade.
Eu falo do Homem jamais cativo
mesmo quando o fecharam com grades e paredes
e mordaças,
do Homem que nasceu livre e será livre
apesar de tudo!
e estou vendo a marcha invencível dos homens
e glorificando-a.


Papiniano Carlos

4 comentários:

Ana Camarra disse...

Meu querido Camarada

Eu vejo essa marcha, principalmente hoje, que estamos cansados, um pouco doridos, mas com um cansaço bom, de quem cantou abraçado, de quem trocou ideias, de quem se reconheceu milhares de vezes na palavra camarada,de quem olhou na cara de iguais, mais velhos, mais novos, com experiências, sotaques, mãos calejadas, ou estudos profundos, as assim nesta igualdade da palavra camarada, só e apenas.

Beijos

samuel disse...

E isso faz muito medo a muita gente(inha).

Fernando Samuel disse...

ana camarra: é isso o PARTIDO, afinal.
Um beijo amigo.

samuel: o Homem é coisa perigosa...
Um abraço.

Anónimo disse...

CAPRICHO

Atrás de cada espelho
há uma estrela morta
e um arco-íris menino
que dorme.

Atrás de cada espelho
há uma calma eterna
e um ninho de silêncios
que não voara.

O espelho é a múmia
do manancial;fecha-se,
como concha de luz,
de noite.

O espelho
é a mãe-orvalho,
o livro que disseca
os crepúsculos, o eco feito carne.

Federico García Lorca