PORTUGAL CAMPEÃO DA EUROPA

Não falo do campeonato da Europa de futebol que é, desde há várias semanas, a grande notícia de todos os média nacionais - e que proporciona ao treinador Scolari (indíviduo inculto, arrogante, presunçoso e, pior do que isso, admirador confesso de Pinochet) para além de um ordenado amoral, uma vaga de anúncios publicitários pagos a peso de ouro.
Ser ou não ser campeão da Europa em futebol é, para todos esses média, a grande questão que se coloca a Portugal e aos portugueses neste ano da Graça de 2008...

Ano memorável este, em que Portugal acaba de ser consagrado com um honroso primeiro lugar em matéria de desigualdades sociais, sagrando-se Campeão da Europa a 25 - e ultrapassando, mesmo, os Estados Unidos da América nessa modalidade clássica de exibição de democracia, de liberdade e de direitos humanos...

Assim, neste ano em que a vitória de Portugal no europeu de futebol constitui uma questão de vida ou de morte, e em que a eventual vitória da selecção portuguesa será a vitória da Pátria de todos nós, da bandeira nacional em todas as janelas e do hino nacional em todas as bocas (a de Scolari incluída...), o Governo PS/Sócrates, coloca Portugal em destacado primeiro lugar nas desigualdades sociais, que constituem, como é sabido, a pedra de toque da política de direita.

Dois milhões de potenciais campeões da Europa em futebol vivem na miséria; desses, um milhão vive com menos de dez euros por dia; e destes, 230 mil vivem com menos de cinco euros por dia...
Factos que justificariam o apelo para a colocação de bandeira negras em todas as janelas de todas as casas de todas as ruas de todos os becos...
Desde já: antes que os governantes (Scolari incluído...) façam o outro apelo: o das bandeiras nacionais, com as quais pretendem esconder o primeiro lugar em desigualdades sociais...
Bandeiras nacionais que se vendem ao preço de cinco euros - precisamente o rendimento diário de 230 mil portugueses...

8 comentários:

samuel disse...

Grande post!

Abraço

Anónimo disse...

Povo que lavas no rio, que talhas com teu machado as t�buas do teu caix�o!
� uma casa Portuguesa concerteza!
� com a massa que temos , que haveremos de fazer o melhor p�o, � s� esperar que ela cres�a!
Este teu post, merecia uma plateia mais vasta!
Obrigado camarada
Abra�o

Anónimo disse...

Grande post.
Diria patriótico e por más razões que a ele o obrigam.
Aliás, esta questão da dispersão de rendimentos é, como dizem os entendidos, já recorrente. E que se agrava. Temos o leque mais largo e que se vai alargando. O que é uma vergonha. Nos países ditos "desenvolvidos" somos os Estados Unidos da Europa, os países como maiores indicadores estatísticos de desigualdade social.
E depois? Que importa... venha aí, e depressa!, a histeria futeboleira.
Mas!, que ninguém pergunte se há jogo no dia 5 de Junho!

Crixus disse...

É a antiga formula romana do pão e circo, na variante sem pão. Hoje em dia o circo (futebol) é utilizado para desviar as atenções das politicas de direita que só servem o grande capital. Entretanto esses milhões de pessoas que vivem na miseria (maioria trabalhadores) vão trabalhando para aumentar a riqueza de muitos Scolaris...

Sal disse...

Gostei muito deste post, e já está a circular por email para alguns amigos meus.
Espero que não te importes.

beijinhos

Maria disse...

Às vezes apetece-me emigrar... por estas e por outras parecidas, dos mesmos actores...
(já tinha recebido este texto por mail, enviado por uma amiga...)
:)))

Anónimo disse...

Durante algum tempo eles ainda pensarão com os pés. A alienação é tal que nem os mais que muitos escândalos da mafia futebolística os faz pensar no seu futuro, dos filhos e dos netos. Temos também que lutar contra esta desinformação.

Fernando Samuel disse...

samuel: abraço!

josé manangão: a massa crescerá...
Abraço.

zambujal: 5 de Junho o jogo é outro... e a equipa tem que se apresentar reforçada...
Abraço.

crixus: bem visto.
Abraço.

sal: beijinhos.

maria: quem terá sido essa amiga?...
Beijo.

antuã: são muitas e complexas as frentes da nossa luta, mas tem que ser...
Abraço.