A LIÇÃO

Juan Luis Cebrian - que foi fundador do diário El País e é administrador do grupo espanhol Prisa - esteve na Universidade Lusófona a ensinar jornalistas e estudantes de jornalismo.

Eis o essencial da lição proferida pelo abalizado mestre.
Cebrian começou por ensinar que «os jornais são um fenómeno do passado» - opinião que vale o que vale e não se fala mais nisso.
Já as afirmações produzidas em matéria de propriedade dos média, merecem observação.
Para o professor/empregado da Prisa - grupo que, recorde-se, detém em Portugal a Média Capital (TVI) - «a necessidade de concentração dos média é absolutamente inevitável», dado que, ensina o empregado/professor, «sem empresas fortes não há liberdade de expressão»...
Sabendo-se que a «concentração» de que fala Cebrian é, naturalmente, a concentração nas mãos do grande capital, é evidente que o professor/empregado só pode estar a gozar connosco quando apresenta tal concentração como condição indispensável para que haja liberdade de expressão...
Aqui para nós: ele não disse, mas de facto estava a pensar na célebre modalidade de «liberdade de expressão» definida por aquele proprietário de jornal - democrata-todo-o-terreno e paladino da imprensa livre... - que dizia, orgulhoso da sua condição:
«No meu jornal, os jornalistas têm toda a liberdade de escrever o que eu penso.»

Noutra etapa da lição, o empregado/professor mostrou-se preocupado com a Internet que, ensinou ele, «alterando o espaço público no qual se faz a oposição ao poder, está a mudar o paradigma de participação na sociedade, não necessariamente para melhor.»
Porquê «não necessariamente para melhor»?: porque, esclarece o professor/empregado, se trata de «um espaço em que se mistura publicidade e informação» - coisa que, como toda a gente sabe, não acontece nos média propriedade do grande capital...
Mas, nesta matéria, o que o empregado/professor queria, era alertar para o risco da crescente proliferação de jornais digitais, blogues e publicações feitas por cidadãos, «nos quais circulam informações valiosas mas também mentiras.»
Ora, a Prisa - perdão: o professor/empregado da Prisa - não tolera a mentira, abomina-a; para ele só a verdade e nada mais do que a verdade conta. E a verdade - perdão: a VERDADE - quem a conhece é o patrão - perdão: o PATRÃO.
Daí que, advertiu o professor/empregado do PATRÃO, em relação a esses jornais digitais e blogues e etc, há necessidade «de controlar os seus conteúdos»...
A bem da «liberdade de expressão», obviamente.
Para acabar com as «mentiras», obviamente.
Para fazer chegar a todo o lado a VERDADE!

Que grande lição!
E que bem empregado/professor, é este Cebrian da Prisa!

6 comentários:

Anónimo disse...

É de ficar banzado com tanta desfaçatez (sinceridade?) do dito senhor. E diz-nos isso logo a nós que todos os dias topamos com exemplos fabulosos de liberdade de expressão/informação e de amor à verdade como são os casos do Público, DN,etc, e de alguns dos seus colunistas, directores incluídos. Fabuloso!

Grande abraço

Anónimo disse...

É de ficar banzado com tanta desfaçatez (sinceridade?) do dito senhor. E diz-nos isso logo a nós que todos os dias topamos com exemplos fabulosos de liberdade de expressão/informação e de amor à verdade como são os casos do Público, DN,etc, e de alguns dos seus colunistas, directores incluídos. Fabuloso!

Grande abraço

Anónimo disse...

Ora aquí estão as palavras do advogado de defesa, dos assassinos da verdade e da liberdade, advogado dos traficantes da DESinformação:-a DESinformação é uma arma, e este terorista anda a ensinar amaneira de a manejar.
Abraço
Manangão

Anónimo disse...

Duas coisas.

1- o que esse macaco disse não é mentira nenhuma. Ele apenas foi incompleto, pudera, sobre as suas intenções. A concentração dos media evidentemente reforçam a liberdade de expressão. Faltou-lhe acrescentar "da burguesia". De facto, para essa gentalha liberdade de expressão, democracia, liberdade de organização, etc. é tudo muito bonito mas apenas se for para a sua classe. Do ponto de vista ideológico, eles sabem que só equiparando a liberdade para a sua classe com uma pretensa liberdade universal podem ter sucesso na legitimação do seu sistema de poder e de exploração.

2- A desfaçatez do canalha mostra o grau de perversão a que o sistema chegou em Portugal (melhor dizendo, em quase todo o lado). Quer dizer, o gajo tem a lata de apresentar uma forma de criar (des)informação autoritária como se fosse uma virtude democrática. O acolhimento que o discurso desses bandalhos colhe deve-se a duas razões: a) o controlo que a classe dominante tem dos media o que lhes permite veicular os seus interesses de classe como se de coisas anódinas fossem; b) decorrente da anterior, o controlo ideológico permite despolitizar e desorganizar amplas massas que ainda não viram a luta como a forma para melhorar as suas vidas. Esta despolitização que, em termos relativos, é ainda maior junto de certa juventude dita letrada e licenciada garante condições para que este tipo de discurso dos patrões seja aceite passivamente pelos seus empregados. Claro que quando falo de despolitização não estou a falar de ausência de enunciados políticos, mas da descaracterização de um pensamento crítico (de classe) para a aceitação de um pensamento pretensamente neutro mas que, de facto, é produzido e difundido pela classe dominante.

por tudo isto, resta-nos continuar a nossa luta: ideológica, política, reivindicativa, chamando as massas à luta.

Um abraço

GR disse...

Para que haja total “liberdade de expressão”, mais tarde ou mais cedo, irão arranjar um estratagema para que só alguns escrevam e tenham blog’s.
Este Grupo Prisa é um perigo, tipo deus “está em todo o lado”, com teorias assustadoras.
Resta-nos o jornal semanal onde a liberdade de expressão existe com verdade, sem montagens, nem manipulações.
O AVANTE! é o único jornal (papel) actualmente compro (apesar de ler diariamente muitos). Será por vício ou só para me irritar?

GR

Maria disse...

Tenho para mim que a BLOGOSFERA é o FUTURO.....
... a não ser que arranjem para aí uns "esquemas" de coartar a liberdade de expressão...

Beijo