INEVITABILIDADE...

... INEVITABILIDADES


No singular ou no plural, esta é uma palavra a que os média recorrem todos os dias, seja nos noticiários (ditos) informativos, seja nos textos dos politólogos e analistas de serviço - é uma entre as muitas palavras constantes do big-brotheriano dicionário da novilíngua, uma das muitas palavras que, pela sua multiplicada utilização, tendem a integrar o discurso dominante, transformando-o de opinião muitas vezes publicada em opinião pública.

A inevitabilidade justifica e avaliza tudo o que ao grande capital interessa que seja justificado e avalizado: em primeiro lugar, o lucro! - e, na decorrência e do outro lado do lucro:
o fim do direito ao emprego; a precariedade; os salários baixos; as baixas pensões e reformas; o apertar dos cintos; a liquidação de direitos essenciais dos trabalhadores e dos cidadãos; os ataques à acção sindical e às estruturas representativas dos trabalhadores; os aumentos do custo de vida; a destruição dos serviços públicos...
Ou seja: a exploração capitalista é feita de inevitabilidades - é uma inevitabilidade - e quanto mais amplo for o leque de situações em que a palavra é utilizada, mais acentuada é a exploração.
Assim, as inevitabilidades são o caminho para a aceitação passiva - mais do que passiva: agradecida - por parte dos explorados, de tudo o que é decidido pelos exploradores.

Todas essas falsas inevitabilidades nos colocam perante a inevitabilidade - esta verdadeira - de prosseguirmos a luta contra a sociedade capitalista e por uma sociedade liberta de todas as formas de opressão e de exploração - luta cujo desfecho vitorioso é, e eles sabem-no tão bem como nós, uma inevitabilidade.

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