POEMA

TEMPO DE POESIA


Todo o tempo é de poesia.

Desde a névoa da manhã
à névoa do outro dia.

Desde a quentura do ventre
à frigidez da agonia.

Todo o tempo é de poesia.

Entre bombas que deflagram.
Corolas que se desdobram.
Corpos que em sangue soçobram.
Vidas que a amar se consagram.

Sob a cúpula sombria
das mãos que pedem vingança.
Sob o arco da aliança
da celeste alegoria.

Todo o tempo é de poesia.

Desde a arrumação do caos
à confusão da harmonia.

António Gedeão

6 comentários:

samuel disse...

Olha, olha... uma cantiga das que eu canto!...

É muito bonita!

GR disse...

Harmoniosamente ajuda-nos a arrumar toda esta confusão.
Como a vida seria mais difícil, sem Gedeão!

GR

Anónimo disse...

"Desde a arruma�o do caos
� confus�o da harmonia"
Parece um contra-senso, tal como "o amor � cego e v�"
O verdadeiro vate v� o que os outros n�o conseguem.
Obrigado Fernando Samuel
Abra�o
Manang�o

Justine disse...

Um dos meus preferidos, de leitura cíclica obrigatória.
Este poema é dos que nos deixam a cintilar por dentro...

Anónimo disse...

Até na morte a poesia acontece. Onde é que eu já ouvi isto?

Fernando Samuel disse...

samuel: e eu, vergonha minha!, não te conhecia esta canção!
Um abraço.

gr: Gedeão é para ler sempre...
Um beijo.

josé manangão: o poeta ve para lá do real...
Um abraço.

justine: e sempre, a cada leitura, a descobrir coisas novas...
Um beijo.

antuã: a algum poeta, presumo...
Um abraço.