POEMA

UMA CERTA MANEIRA DE CANTAR

Nunca ouvi um alentejano cantar sozinho
com egoísmo de fonte.

Quando sente voos na garganta
desce ao caminho
da solidão do seu monte,
e canta
em coro com a família do vizinho.

Não me parece pois necessária
outra razão
- ou desejo
de arrancar o sol do chão -
para explicar a reforma agrária
no Alentejo.

É apenas uma certa maneira de cantar.


José Gomes Fereira

4 comentários:

Anónimo disse...

Esta maneira de cantar reflecte aquela maneira de ser.

Anónimo disse...

Esta maneira de cantar reflecte aquela maneira de ser.

Fernando Samuel disse...

antuã: o ser colectivo e fraterno...

Justine disse...

Que ritmo, que certo, que belo. Grande Zé Gomes