POEMA

VOSSOS NOMES


No chumbo, no terror, na morte, com sangue escrevo,
Alfredo e Catarina,
vossos nomes.

Na pedra, no ácido, neste branco muro escrevo,
Humberto e Militão,
vossos nomes.

Nas trevas, no medo, na raíz da aurora, escrevo,
Maria e Lourenço,
vossos nomes.

No sonho, nos ventos, na flor do trigo escrevo,
Pedro e Guilherme,
vossos nomes.

No aço das duras tarefas, no relâmpago escrevo,
Álvaro e Rui,
vossos nomes.

No amor, na cólera, na fome desta ave escrevo,
Virgínia e António,
vossos nomes.

No sol que levamos, na verde esperança escrevo,
Paula e Dinis,
vossos nomes.

No riso, nas lágrimas, no coração da pátria escrevo
e semeio
vosso nomes.

No ventre em flor da minha amada semeio, escrevo
e multiplico
vossos nomes.

Papiniano Carlos

3 comentários:

Justine disse...

Emocionante. "Assim se faz o poema"

GR disse...

Lindo!
Uma bela homenagem a todos os Resistentes!

GR

Fernando Samuel disse...

justine: com as palavras que a memória dita,com os afectos, os sonhos...

gr: os resistentes de ontem, os de hoje... os de amanhã...