Mas passemos a análises concretas de acções governativas (deste governo, constituído por elementos da mesma cor politica que o senhor deputado ofendido) que são uma afronta à democracia e à participação nesta pelas populações (no texto de hoje ficaremos apenas pelo novo PACOTE LABORAL, deixando outros assuntos – Lei dos Partidos, por exemplo - que são um entrave à participação democrática dos cidadãos para outro dia, quem sabe se para a semana que vem): Os avanços tecnológicos permitidos pela capacidade inventiva do Homo Sapiens Ludens apenas são avanços civilizacionais se servirem a causa democrática, caso contrário transformam-se no cavalo de tróia do humanismo. Referia o ilustre Professor Adolfo Yañes Cazal que se há 50 anos eram precisos cem homens, em cem horas para produzirem cem bolas de ténis (por exemplo), hoje, se o avanço da tecnologia fosse empregue ao serviço das populações e não apenas dos detentores dos meios de produção, os mesmos cem homens precisariam apenas de 50 horas para produzir a mesma quantidade, reservando – justamente – as horas de sobra para a sua formação, para o lazer, para a família, para a PARTICIPAÇÃO NAS COISAS PÚBLICAS. Contudo, em vez de enveredarem por este caminho humanista, os proprietários dos meios de produção, resolveram abdicar antes de metade dos seus operários, fazendo com que agora fossem precisos apenas 50 homens para produzir nas mesmas cem horas as mesmas cem bolas de ténis. Criando a ideia (utilizando as mais diversas formas, desde os tais média ou aos meios estatais fazedores de opinião – manuais escolares, por exemplo) que só não trabalha quem não quer porque trabalho há muito, os detentores de tais poderes criam a angustia nas populações, construindo um ambiente de incerteza e ansiedade que permite a mais fácil manipulação. A precariedade – que se reforça com este pacote laboral, nomeadamente através da criação dos designados «mapas de pessoal» e com a extinção dos quadros de trabalhadores – silencia as consciências e, aliada aos horários extensos – que apenas existem, dentro do quadro da situação tecnológica em que nos encontramos, por resistência dos patrões na busca do maior rendimento com a menor despesa possível (e que este pacote laboral protege e beneficia, numa clara afronta aos direitos dos trabalhadores e aos princípios consagrados na Constituição da República) – cria a ideia nos trabalhadores que calados – no sentido de que quem cala não ofende - mais facilmente conseguirão outro «contratinho» de seis meses que permita mitigar, durante esse tempo, as necessidades da sua família. Mesmo para aqueles em que a consciência impele para a intervenção pública e para a defesa dos direitos, as responsabilidades criadas pelo excesso de carga horária e pelas crescentes dificuldades financeiras, atira-os para uma letargia de cansaço dificilmente ultrapassável no panorama socio-económico que se nos apresenta o sistema capitalista. Como diria o poeta José Fanha “ hoje não temos a PIDE que nos proíba de exprimir o que pensamos, mas temos o capitalismo que nos tira o tempo para pensar.”
Senhor deputado: brevemente abordaremos outros níveis onde este governo constrói a ofensiva contra a democracia – no sentido em que esta apenas sobrevive com a participação de todos, não se tornando (como alertou Platão faz mais de 2500 anos)
1 comentário:
No nosso caso, no entanto, mais circo do que pão...
Abraço grande, meu amigo.
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