POEMA

SONETO DO DIFÍCIL RETORNO (2)


Não. Este mar não é o que me dava
búzios que ressoavam ventanias
nas manhãs de coral e rola brava
- as horas que me dava eram macias

e macias as conchas que entregava
nas mãos que esvoaçavam alegrias,
enquanto a rola brava esvoaçava
nas manhãs de coral desses meus dias.

Não. Este mar é outro, mas às vezes
arrasta a nostalgia e os reveses
e lembra a minha praia de criança.

Suave praia, tu não estás perdida
pois nada está perdido enquanto há vida

- enxuga os olhos, pátria, tem confiança.


Sidónio Muralha

(«Que Saudades do Mar» - 1971)

6 comentários:

Maria disse...

Que maravilha!!!!
Fiquei sem palavras.
Obrigada.

Um beijo grande, do tamanho deste mar.

samuel disse...

Também fiquei sem palavras. Felizmente, não fiquei sem música... :-)

Abraço.

Graciete Rietsch disse...

Cada vez mais precisamos de esperança e confiança, E este belo poema obriga-nos a não desanimar.

Um beijo camarada.

Ana Camarra disse...

Fernando Samuel

Tão bom ouvir o mar assim nesta concha!

beijo

GR disse...

Hoje olhei para o (meu) mar, senti que estava mais revolto e salgado, talvez das lágrimas de quem o vê.
Com este lindo poema vejo raios de sol, estão longe ainda mas, aproximam-se.

Bjs,

GR

Fernando Samuel disse...

Maria: tanto mar...
Um beijo grande.

samuel: felizmente!
Um abraço.

Graciete Rietsch: é isso a Poesia...
Um beijo.

Ana Camarra: há quanto tempo não o ouço assim!...
Um beijo.

GR: ... e hão-de chegar...
Um beijo.