POEMA

CORDIALIDADE SEM CORES



Homens divididos. Brancos e pretos,
mulatos, vermelhos e amarelos,
divindades, crenças, amuletos,
choupanas e castelos.

Como se a condição e a cor da tez
fossem deste momento supersónico
que vai estourar o muro da estupidez

- eu sou daltónico.


Sidónio Muralha

(«Os Olhos das Crianças» - 1963)

4 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Mais um maravilhoso poema! Obrigada.

samuel disse...

Que venham momentos supersónicos. Um por dia...

Abraço.

Maria disse...

Que maneira bonita de ser daltónico!

Um beijo grande.

Fernando Samuel disse...

Graciete Rietsch: Sidónio Muralha - que este ano faria 90 anos - é um dos grandes poetas cirurgicamente silenciados pelos actuais mandantes.
Um beijo.

samuel: já não era nada mau...
Um abraço.