O EXECRÁVEL BARRETO

Há criminosos que, por arrependimento sincero ou por falso (e criminoso...) arrependimento, renegam os crimes que cometeram.
Outros há que, dos crimes cometidos, se orgulham toda a vida.
Vida, aliás, abjecta e miserável, não obstante ser, como regra geral é, farta - o que não surpreende, sabendo-se que numa sociedade baseada nas injustiças, o crime é sempre altamente compensado.

Está neste caso, António Barreto, que foi ministro da Agricultura do 1º governo de Mário Soares e que, nessa qualidade, integrou o bando de malfeitores que, afrontando a Lei Fundamental do País - portanto, agindo fora da lei - iniciou o processo de liquidação da Reforma Agrária.

A execrável figura veio agora dizer (em entrevista ao Jornal de Negócios do passado dia 15), que «a Lei Barreto é o gesto político de que mais me orgulho».
A Lei Barreto foi, como toda a gente sabe (incluindo o próprio Barreto), a primeira lei inconstitucional congeminada e imposta pelos inimigos da Reforma Agrária - e foi o ponto de partida da criminosa ofensiva que, durante 14 anos, devastou impiedosamente os campos do Alentejo e do Ribatejo e reconstituiu o latifúndio opressor e explorador que durante quase meio século foi sustentáculo essencial do fascismo.
Este «orgulho» do Barreto mostra que, três décadas passadas sobre o acto, o criminoso não mudou...

A entrevista é, toda ela, por um lado, uma manifestação de ódio à Reforma Agrária, aos trabalhadores e ao PCP e, por outro lado, um hino de adoração à contra-revolução e aos latifundiários - Barreto mostra-se, até, indignado pelo facto, «inadmissível», de alguns deles não terem ainda recebido «as indemnizações»...

Quanto à ofensiva criminosa e destruidora, Barreto reconhece que «Foi preciso muita força. Foi preciso intimidar».
Reconhece, até, que «Foi preciso usar alguma violência» - mas logo ressalva: «violência controlada, pois era indispensável não causar mortos e feridos».

A «violência controlada» para «não causar mortos e feridos» sabe-se como foi: milhares de GNR's e de elementos da Polícia de Choque,
com aviões, helicópteros, jeeps, cavalos, cães, pistolas, espingardas, metralhadoras, tal como no tempo do fascismo, puseram os campos do Sul a ferro e fogo;
roubaram as terras;
roubaram os bens produzidos pelos trabalhadores, as sementeiras, os gados;
ocuparam povoações;

perseguiram, prenderam, interrogaram, espancaram milhares e milhares de trabalhadores - ferindo mais de 12 mil e assassinando dois: José Geraldo (Caravela) e o jovem António Maria Casquinha;
e, com tudo isso, destruiram «a mais bela conquista da Revolução de Abril».



Não apenas pelo que fez, mas também por se orgulhar do que fez, António Barreto é uma figura repugnante, um ser abjecto, asqueroso.
Execrável.

14 comentários:

CRN disse...

Fazendo minhas as palavras de outros camaradas: -Para quando um processo contra os crimes do fascismo, incluindo figuras de todos os âmbitos da vida nacional que foram cúmplices?
Em Espanha aconteceu, aconteceu por iniciativa de um governo que capitulou ao imperialismo, com um juiz que não era idóneo para se meter em cavalarias dessa dimensão, mas aconteceu!

Antuã disse...

Barreto não passa dum criminoso que tem vaidade nos seus crimes. Causa nojo a um cão leproso.

Ana Camarra disse...

Fernando

Há coisas que com o tempo refinam se naquela época ele teve a coragem de esmagar a Reforma Agrária, com prejuizo para o aparelho produtivo nacional, arrastando consigo vidas humanas, hoje,olhando para os seus sucessores considera-se um visionário. Afinal foi um dos que iniciou este caminho de favorecimento de clientela, de sabujice ao capital, de matar o 25 de Abril e as suas conquistas, hoje têm as costas mais quentes que nunca e pode orgulhar-se da porcaria que fez!
Com a idade refinou de sacana ás ordens, para grande sacana ás ordens que orgulha disso!

beijo

do zambujal disse...

Não tratem tão mal o SUCIÓlogo!
Por mim, desprezo-o e não gasto mais que 2 linhas (perdão: 3).

E uma 4ª para te dar um abraço e desejar que não te doam as mãos (perdão: 6 linhas e 1 balde cal).

Aristides disse...

Subscrevo na totalidade.
Abraço

João Henrique disse...

António Barreto foi o lacaiu dos grandes agrários com a aprovação de Mário Soares e companhia, na destruição da Reforma Agrária.
Um dia serão chamados à razão.

Um abraço

samuel disse...

É uma pena que não esteja nem perto de pagar pelos crimes. Este, para mim, não teria uma segunda oportunidade...

Abraço.

Anónimo disse...

Brilhante sintese: repugnante, abjecto, asqueroso - Execrável.

É a cara chapada do canalha do Barreto!

Um Abraço,

MG

CS disse...

Sem Mário Soares essa coisa nunca tinha chegado onde chegou nem feito o que fez, não porque lhe faltasse vocação. Se as condições o permitissem teria sido um Vital ou um Moura ou qualquer outro da mesma espécie.

poesianopopular disse...

O PS sempre foi, e continuará a ser o CAPATAZ sabujo do grande capital.
Sinto vómitos só de pensar nessa gentalha.
Abraço

Graciete Rietsch disse...

O orgulho dele devia ser a sua grande vergonha.
Um beijo.

salvoconduto disse...

A direita pura e dura não teria feito melhor.

Maria disse...

Não há nomes possíveis para lhe chamar. É muito mais do que os que escreves...
Mas fico de peito cheio com a frase do penúltimo parágrafo: "a mais bela conquista da Revolução de Abril". Comovo-me sempre que a leio...

Um beijo. Grande.

Fernando Samuel disse...

CRN: quando a justiça triunfar.
Um abraço.

Antuã: como o Blair, e tantos outros...
Um abraço.

Ana Camarra: os que hoje aí estão, têm nestes barretos os seus antecessores...
Um beijo.

do zambujal: o balde de cal é indispensável...
Abraço grande.

Aristides: um abraço, meu amigo.

joão l.henrique: que esse dia chegue depressa...
Um abraço.

samuel: na verdade, quem o inimigo poupa...
Um abraço.

MG: um abraço.

CS: «essa coisa» fez e fará tudo o que for necessário para ser... «essa coisa»...
Um abraço.

poesianopopular: gentalha: dizes bem.
Um abraço.

Graciete Rietsch se a tivesse...
m beijo.

salvoconduto: é muito ténue a diferença entre a direita pura e dura e os criminosos de «esquerda» que liquidaram a Reforma Agrária...
Um abraço.

Maria: Teremos que inventar novas palavras para dizermos o que ele é...
Um beijo grande.