O Record enviou um jornalista e um fotógrafo à Bósnia - país cuja selecção nacional de futebol defrontará a selecção portuguesa no playoff de acesso ao Mundial 2010 - certamente com o intuito de ir preparando os seus leitores para o grande jogo.
A reportagem ontem publicada mostra-nos que jornalista e fotógrafo resolveram - e ainda bem - visitar a cidade de Travnik, que é, no país, «uma das mais conceituadas a nível cultural».
A Casa-Museu Ivo Andric (Prémio Nobel da Literatura em 1961 e de quem está publicado, em Portugal, um excelente romance: A Ponte sobre o Drina) foi um dos locais visitados.
Ali chegados, os dois portugueses foram recebidos pelo responsável da Casa-Museu, um jovem de nome Enes Skrgo, que cheio de simpatia começou por dizer-lhes: «Amigos, sou um dos maiores admiradores de um compatriota vosso...»
O jornalista («imbuído do espírito da bola"») arriscou: «Cristiano Ronaldo?, Eusébio? Figo?»...
Não: «Fernando Pessoa, esse é que é o maior de sempre», respondeu Enes Skrgo, mostrando-lhes vários livros de Pessoa editados na Bósnia, e acrescentando: «É um dos maiores mestres de sempre e aqui em Travnik tentamos fazer com que a sua memória não se perca. Fizemos na década de 90 uma apresentação de obras dele em teatro e correu muito bem. Ganhou ainda mais admiradores».
E também José Saramago: «Ler O Ano da Morte de Ricardo Reis foi uma experiência única. Bem sei que Saramago é controverso, mas é um génio vivo».
Nas despedidas, o jovem Enes deixou um recado: «Gostaríamos de ter um maior acesso à cultura, pintura, cinema do vosso país, mas às vezes é complicado».
E em remate final: «Vocês têm bem mais do que apenas bons futebolistas».
E é que temos mesmo.
A reportagem ontem publicada mostra-nos que jornalista e fotógrafo resolveram - e ainda bem - visitar a cidade de Travnik, que é, no país, «uma das mais conceituadas a nível cultural».
A Casa-Museu Ivo Andric (Prémio Nobel da Literatura em 1961 e de quem está publicado, em Portugal, um excelente romance: A Ponte sobre o Drina) foi um dos locais visitados.
Ali chegados, os dois portugueses foram recebidos pelo responsável da Casa-Museu, um jovem de nome Enes Skrgo, que cheio de simpatia começou por dizer-lhes: «Amigos, sou um dos maiores admiradores de um compatriota vosso...»
O jornalista («imbuído do espírito da bola"») arriscou: «Cristiano Ronaldo?, Eusébio? Figo?»...
Não: «Fernando Pessoa, esse é que é o maior de sempre», respondeu Enes Skrgo, mostrando-lhes vários livros de Pessoa editados na Bósnia, e acrescentando: «É um dos maiores mestres de sempre e aqui em Travnik tentamos fazer com que a sua memória não se perca. Fizemos na década de 90 uma apresentação de obras dele em teatro e correu muito bem. Ganhou ainda mais admiradores».
E também José Saramago: «Ler O Ano da Morte de Ricardo Reis foi uma experiência única. Bem sei que Saramago é controverso, mas é um génio vivo».
Nas despedidas, o jovem Enes deixou um recado: «Gostaríamos de ter um maior acesso à cultura, pintura, cinema do vosso país, mas às vezes é complicado».
E em remate final: «Vocês têm bem mais do que apenas bons futebolistas».
E é que temos mesmo.
8 comentários:
Pois temos. Talvez nem o jovem Enes saiba quantos ou quem, mas sabe seguramente mais do que o jornalista..
Um beijo grande
O Enes deve ser maluco... pensaram muitos leitores do jornal, mas é sempre bom que se saiba!
Abraço.
Quando fui a Cuba apanhei com toda a liberdade um taxi. quando o condutor soube que eu era português começou-me a falar de Vasco da Gama, pedro Álvares Cabral, pessoa e camões. Quando entro num taxi em Portugal só me falam do Sporting, Benfica e porto. Aqui em Portugal pensa-se muito com os pés...
O Enes sabe mais da cultura do nosso país do que uma grande percentagem de portugueses, e afirmo isto sem proceder a qualquer investigação numérica rigorosa, claro, porém sem grandes dúvidas... é que o desconhecimento da nossa cultura ( e o seu reconhecimento!) são evidentes no nosso quotidiano. Basta ligar a TV, por exemplo...
beijos,
Pois temos!
Temos é muitos portugueses que não conhecem o que o Enes conhece!
O que é triste, muito triste!
Abração
Maria: e repara que este jornalista... nem parece jornalista...
Um beijo grande.
samuel: em todo o caso, espanta o interesse cultural do jornalista desportivo...
Um abraço.
Antuã: o povo cubano é o mais culto que conheço.
Um abraço.
smvasconcelos: ligar as têvês, as rádios, abrir os jornais...
Um beijo.
Ana Camarra: essa é que é essa!
Um beijo.
fernando samuel,
em relação à sua resposta a Maria: terá o Enes semelhanças a um jornalista desportivo? (pois...)
resposta a samuel: cada um interessa-se pelo que quer, já ouviram dizer?
resposta a Antuã: será?... já foi alguma vez a cuba? já viveu lá?
Acha que os portugueses são todos taxistas e barbeiros e jantam todos os dias na tasca?
(o seu taxista cubano talvez tivesse um doutoramento em história ou sabe-se lá)
quanto à resposta a smvasconcelos: já experimentou ligar a tê-vê sem ser na hora da bola? e abrir um jornal que não seja temático, nomeadamente desportivo?...
Ana Camarra: não percebi o que quiseram dizer, de parte a parte, mas sei que a culpa é minha.
a todos e ao blog em geral: gosto de vir cá de vez em quando, adoro os poemas, muitos pormenores que não têm foco noutro lado e também admiro a maneira de escrever do Fernando Samuel mas nunca tinha deixado por cá um comentário, sou daquelas pessoas que se limita a ler e não gosta de interferir.
Muitas vezes li aqui que "a luta continua" mas fica a impressão que é mentira (desculpem-me o desabafo e também a intrusão...)
Eu também gosto de pensar com os pés de vez em quando (dizem que nem só de pão vive o homem... eu não sei se é verdade porque nunca estive em cuba!)
Camaradas: a luta continua! (e é vermelha)
Pena é que por cá poucos valorizem o que de facto há para valorizar. Sem desprimor para os craques da bola, felizmente, há em portugal e na sua história, bem mais do que músculo e treino - há génio e força criativa.
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