POEMA

CASA NA CHUVA


A chuva, outra vez a chuva sobre as oliveiras.
Não sei porque voltou esta tarde
se minha mãe já se foi embora,
já não vem à varanda para a ver cair,
já não levanta os olhos da costura
para perguntar: ouves?
Oiço, mãe, é outra vez a chuva,
a chuva sobre o teu rosto.


Eugénio de Andrade
(«Escrita da Terra» - 1971-1975)

6 comentários:

samuel disse...

A chuva e as oliveiras são eternas...

Abraço.

GR disse...

Como gostava que a chuva tivesse a beleza deste poema.

Bjs,

GR

Maria disse...

E como eu gosto de andar à chuva, e do cheiro a terra molhada...
E como Eugénio faz um poema tão belo sobre... a chuva e a mãe...

Um beijo. Grande.

Fernando Samuel disse...

samuel: e a mãe, claro...
Um abraço.

GR: às vezes tem: depende...
Um beijo.

Maria: é a memória triste, triste, da infância...
Um beijo grande.

Ana Camarra disse...

No rosto das mães de vez em quando chove!

Abraço

Fernando Samuel disse...

Ana Camarra: e no dos filhos também...
Um beijo.