A Amnistia Internacional/Portugal e a Rede Europeia Antipobreza, em conjunto, realizaram um inquérito sobre a pobreza em Portugal.
Os resultados obtidos não surpreendem: a maioria dos inquiridos diz que a situação piorou nos últimos cinco anos, que irá continuar a piorar e que são poucas, ou nenhumas, as esperanças de melhorar.
Quanto às causas da pobreza, a maioria dos inquiridos situa-as no emprego - e, presumo, nos salários, já que a pobreza, hoje, atinge milhares e milhares de pessoas que, tendo emprego, ganham salários de... pobreza.
Quanto à questão essencial - a de saber quem é que tem a responsabilidade e a obrigação de resolver o problema da pobreza - a mesma maioria dos inquiridos respondeu que é o Governo.
Quanto a essa questão essencial, a opinião dos promotores do inquérito é diferente da dos inquiridos: pensam os inquiridores que atribuir tal responsabilidade ao Governo «pode sugerir que existe uma demissão colectiva dos cidadãos em relação à sua directa responsabilidade», coisa que, dizem, configuraria uma «ausência de vontade de participação cívica» que «poderá constituir um dos principais e mais fortes impedimentos ao combate à pobreza».
Ora, esta ideia de assacar responsabilidades a uma indefinida «ausência de participação cívica», cheira-me a paleio que mais não visa do que aliviar de responsabilidades aquele que é o verdadeiro e principal responsável, ou seja, o Governo que, com a sua política de direita, espalha pobreza por todo o lado.
Por este caminho, um dia destes ainda vamos ler por aí que os os responsáveis pela pobreza são... os pobres.
Os resultados obtidos não surpreendem: a maioria dos inquiridos diz que a situação piorou nos últimos cinco anos, que irá continuar a piorar e que são poucas, ou nenhumas, as esperanças de melhorar.
Quanto às causas da pobreza, a maioria dos inquiridos situa-as no emprego - e, presumo, nos salários, já que a pobreza, hoje, atinge milhares e milhares de pessoas que, tendo emprego, ganham salários de... pobreza.
Quanto à questão essencial - a de saber quem é que tem a responsabilidade e a obrigação de resolver o problema da pobreza - a mesma maioria dos inquiridos respondeu que é o Governo.
Quanto a essa questão essencial, a opinião dos promotores do inquérito é diferente da dos inquiridos: pensam os inquiridores que atribuir tal responsabilidade ao Governo «pode sugerir que existe uma demissão colectiva dos cidadãos em relação à sua directa responsabilidade», coisa que, dizem, configuraria uma «ausência de vontade de participação cívica» que «poderá constituir um dos principais e mais fortes impedimentos ao combate à pobreza».
Ora, esta ideia de assacar responsabilidades a uma indefinida «ausência de participação cívica», cheira-me a paleio que mais não visa do que aliviar de responsabilidades aquele que é o verdadeiro e principal responsável, ou seja, o Governo que, com a sua política de direita, espalha pobreza por todo o lado.
Por este caminho, um dia destes ainda vamos ler por aí que os os responsáveis pela pobreza são... os pobres.
14 comentários:
Também não compreendo como é que a falta de consciência cívica aprofunda a pobreza, porém, também já cansa ouvir que é o governo o culpado.
Tudo bem que tem a sua quota de culpa, que não é pouca, mas de uma vez por todas gostava de ver as pessoas apontar o dedo a quem também as governa e não tem de prestar contas a elas, como os empresários que constroem fortunas à conta do trabalhador e do consumidor, que a maior parte das vezes são um e o mesmo.
É que mesmo sabendo que o governo é representante e executante político da classe burguesa, não deixa de ser esta mesma classe a raíz do problema.
Pelo menos para alguma direita... já são. Tudo "gente que não quer trabalhar"... ou "para quem quer trabalhar há sempre o que fazer"... ou "profissionais do rendimento mínimo".
Fizeram toda a campanha eleitoral em cima destes bordões.
Abraço.
Nesse dia, veremos que nem será propriamente uma novidade, tantos são os exemplos deste típico exercício de mistificação da realidade. Lembra as bondosas campanhas pela defesa do meio ambiente, contra o "aquecimento global", etc, nas quais, invariavelmente, somos todos os grandes responsáveis e culpados!...
De outra forma, sobre a pobreza: entre dois tipos, o rico comeu um perú e o pobre nem o viu mas, "per capita", este comeu metade...
Abraço.
Enquanto continuarmos neste estado a que chegámos os culpados de tudo serão sempre os mesmos, na boca desses inquiridores. Nem adianta inquirir, porque manobram os resultados a seu bel-prazer.
Toda a gente sabe de quem é a culpa. Só não vê quem não quer, pois até os cegos vêem...
Um beijo grande
A boa notícia é que a maioria dos inquiridos ainda sabe quem é o culpado! A má notícia é que de facto tem a sua cota parte de culpa por votar neles! Afinal, pelo menos em Portugal, não é por falta de alternativa!
A minha opinião foca-se na da Ana Martins e do Nelson Ricardo: Os que ilegitimamente (embora legalmente) constroem fortunas com explosão tanto da força de trabalho alheia como da necessidade de consumo, e os que constantemente votam na mesma orientação politica são tão responsáveis como os legisladores da burguesia.
Claro que o culpado é o governo que faz tudo o que a burguesia exploradora quer. os eleitores também têm culpa porque teimam em votar naqueles que os exploram.
Quando o governo se desresponsabiliza pela pobreza que gera, por intermédio da sua política pouco social e muito capital, o futuro não augura melhores dias...
beijos,
À primeira vista poderiamos atribuir certa culpabilidade à cidadania, penso contudo que, incorreriamos no mesmo erro que leva à falta de participação efectiva das populações se não assumissemos a manipulação da qual formam parte também as conclusões e assim este mesmo estudo.
Enquanto responsabilizam o Povo sem contemplar e enunciar, os factores que constituem realmente o motivo da paupérrima realidade de mais de 20% dos Portugueses (bastante mais), passam um atestado de imcompetência que, somado à necessidade de debelar contradicções constantes da própria vida, muitas vezes - a maioria - sem êxito, afunda a convicção de, poder construir um mundo melhor através do usufructo da vontade de cada um; que unida a vontade do soberano não é viável a opressão por uns poucos; que a aposta por opções de mudança vale a pena, entregando de bandeja aos esbirros do capital um redil de braços sem critério, incapazes de contrariar os designios dos seus senhores.
Lutar contra as assimetrías, nos mais diversos aspectos, é hoje mais que nunca, se atendermos ao constatável e efectivo colapso do sistema capitalista que há mais de 40 anos, sem uma guerra mundial que apazigue os seus perversos efeitos nos países centrais, e num paradigma cada vez mais próximo ao imperialismo, uma das preocupações que constitui, em conjunto com a solidariedade internacional e a defesa da paz, a forma de erradicar o neocolonialismo fascista de caraça demagôga.
Mudar começa cá dentro, em cada um de nós, na assunção do nosso lugar no universo.
A revolução é hoje!
À primeira vista poderiamos atribuir certa culpabilidade à cidadania, penso contudo que, incorreriamos no mesmo erro que leva à falta de participação efectiva das populações se não assumissemos a manipulação da qual formam parte também as conclusões e assim este mesmo estudo.
Enquanto responsabilizam o Povo sem contemplar e enunciar, os factores que constituem realmente o motivo da paupérrima realidade de mais de 20% dos Portugueses (bastante mais), passam um atestado de imcompetência que, somado à necessidade de debelar contradicções constantes da própria vida, muitas vezes - a maioria - sem êxito, afunda a convicção de, poder construir um mundo melhor através do usufructo da vontade de cada um; que unida a vontade do soberano não é viável a opressão por uns poucos; que a aposta por opções de mudança vale a pena, entregando de bandeja aos esbirros do capital um redil de braços sem critério, incapazes de contrariar os designios dos seus senhores.
Lutar contra as assimetrías, nos mais diversos aspectos, é hoje mais que nunca, se atendermos ao constatável e efectivo colapso do sistema capitalista que há mais de 40 anos, sem uma guerra mundial que apazigue os seus perversos efeitos nos países centrais, e num paradigma cada vez mais próximo ao imperialismo, colapsa, uma das preocupações que constitui, em conjunto com a solidariedade internacional e a defesa da paz, a forma de erradicar o neocolonialismo fascista de caraça demagôga.
Mudar começa cá dentro, em cada um de nós, na assunção do nosso lugar no universo.
A revolução é hoje!
(coisas da pressa)
À primeira vista poderiamos atribuir certa culpabilidade à cidadania, penso contudo que, incorreriamos no mesmo erro que leva à falta de participação efectiva das populações se não assumissemos a manipulação da qual formam parte também as conclusões e assim este mesmo estudo.
Enquanto responsabilizam o Povo sem contemplar e enunciar, os factores que constituem realmente o motivo da paupérrima realidade de mais de 20% dos Portugueses (bastante mais), passam um atestado de imcompetência que, somado à necessidade de debelar contradicções constantes da própria vida, muitas vezes - a maioria - sem êxito, afunda a convicção de, poder construir um mundo melhor através do usufructo da vontade de cada um; que unida a vontade do soberano não é viável a opressão por uns poucos; que a aposta por opções de mudança vale a pena, entregando de bandeja aos esbirros do capital um redil de braços sem critério, incapazes de contrariar os designios dos seus senhores.
Lutar contra as assimetrías, nos mais diversos aspectos, é hoje mais que nunca, se atendermos ao constatável e efectivo colapso do sistema capitalista que há mais de 40 anos, sem uma guerra mundial que apazigue os seus perversos efeitos nos países centrais, e num paradigma cada vez mais próximo ao imperialismo vem acontecendo, uma das preocupações que constitui, em conjunto com a solidariedade internacional e a defesa da paz, a forma de erradicar o neocolonialismo fascista de caraça demagôga.
Mudar começa cá dentro, em cada um de nós, na assunção do nosso lugar no universo.
A revolução é hoje!
Nelson Ricardo: sem dúvida que a raiz do problema está nos «mandantes», ao serviço dos quais estão os «operacionais»: Governo. E o passo a dar por estes inquiridos deveria ser o de integrarem a luta para correr com «mandantes» e com «executantes»...
Um abraço
(obrigado pela visita e pelo comentário)
samuel: e esses bordões... pegam junto de milhares e milhares e milhares de pessoas, especialmente na hora do voto...
Um abraço.
filipe: nessa «estatística», contada como anedota, está a base da manipulação utilizada pelo grande capital para perpetuar o seu domínio.
Um abraço.
Maria: há os que não querem ver e há os que não sabem ver...
Um beijo grande.
Ana Martins: o que se passa em Portugal é o que se passa em Espanha, na França, na Inglaterra, etc, etc. - a verdadeira alternativa está no alargamento e intensificação da luta de massas.
Um beijo amigo.
Membro do Povo: essa é a tal raiz do problema...
Um abraço.
Antuã: o Governo cumpre o seu papel de «conselho de administração» dos interesses do grande capital.
Um abraço.
smvasconcelos: a não ser que lutemos.. e consigamos atrair à luta segmentos importantes da sociedade que dela estão afastados...
Um beijo.
CRN: essa é uma questão fundamental: a manipulação constitui um poderoso instrumento no sentido de evitar a intervenção activa dos cidadãos na defesa dos seus próprios interesses. E é verdade que as conclusões deste inquérito são, também elas, manipuladoras.
Um abraço.
Realmente há pessoas assim, gostam de arranjar chatices, de tudo o que podiam ser decidem ser pobres, há malta capaz de tudo...
Ana Camarra: só os ricos é que não...
Um beijo.
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