A VOZ DOS QUE NÃO TÊM VOZ.

Em Janeiro deste ano, um jovem electricista - Pedro Jorge - trabalhador da Cerâmica Torreense, denunciou no programa Prós e Contras a sua situação laboral.
Em consequência disso, a empresa moveu-lhe um processo disciplinar apontando para o despedimento, posteriormente substituído por 12 dias de suspensão - penalização de que o jovem Pedro Jorge recorreu para o Tribunal do Trabalho.

O acontecimento foi silenciado pela generalidade dos média dominantes - o que não surpreende, sabendo-se que estes estão essencialmente vocacionados para a tarefa de defender os interesses dos seus donos, os grandes grupos económicos e financeiros.

Eis que, inusitadamente, o Público de hoje dedica quase uma página ao caso, relatando o que se passou e acrescentando-lhe algumas sequências posteriores à cena do Prós e Contras - atitude louvável e que, pelos seus sete meses de atraso, justifica o recurso ao velho ditado popular que nos diz que antes tarde que nunca.

Apenas uma observação: aludindo à luta travada pelo Pedro Jorge contra a ameaça de despedimento - luta que «envolveu a CGTP e o seu partido» - a notícia refere como expressões concretas dessa luta um protesto de trabalhadores em frente à fábrica, um comunicado dos sindicatos e um artigo no Avante!
Ora, sendo verdade que os referidos protesto, comunicado e artigo aconteceram, a verdade é que a luta tem sido muito mais do que isso.
Designadamente da parte do Avante! - e é isso que quero aqui sublinhar - que tem acompanhado e noticiado todo o processo.
Aliás, cumprindo a sua tarefa de, enquanto órgão central do PCP, defender os interesses de quem trabalha e vive do seu trabalho.
Tarefa iniciada no longínquo ano de 1931, quando o fascismo explorava, oprimia e reprimia os trabalhadores e o povo português - e o Avante! era o único órgão de informação digno desse nome, porque era o único que não se submetia à censura imposta pela ditadura terrorista do grande capital e dos grandes agrários.
Por isso era conhecido como «a voz dos que não têm voz» - designação que, como a actual realidade mediática nos mostra, é hoje tão verdadeira como o era nesses tempos longínquos...

6 comentários:

Anónimo disse...

Um sentimento quente de dever cumprido (e a continuar a cumprir), de sempre valer a pena lutar. De que pode haver o tarde, por vezes tão tarde, tão tarde, mas que, sem a luta, tudo será nunca.
Um grande abraço

Anónimo disse...

O triste é ser preciso recordar isto a tantos trabalhadores!...Eu sei que tambem há muitos que reconhecem, mas deveriam ser muitos mais, se assim acontecêsse, esta situação nunca tería chegado ao que chegou.
É nosso lema, continuar a esclarecer , e ser solidários, quero dizer...revolucionários, mas, parece que esta palavra, ainda assusta, alguns trabalhadores.

Maria disse...

E esta luta nossa que continua, e vai continuar, até que...

Um beijo

Crixus disse...

O Avante! é, e continuará a ser, a voz de todos nós. Um jornal com mais de 70 anos de uma História de entrega á defesa dos interesses dos trabalhadores e do povo português. E com muitas páginas de heroismo, principalmente dos camaradas das tipografias e que faziam a distribuição do AVANTE!durante a ditadura fascista.

samuel disse...

Chegam a ser patéticos na canalhice!

Abraço

Fernando Samuel disse...

zambujal: esse «sentimento quente» que nos conforta a todos...
Um abraço.

josé manangão: persistir, persistir, persistir sempre...
Um abraço.

maria: até à «vitória final»...
Um beijo.

crixus: 77 anos ao serviço dos trabalhadores, do povo e do País - e desses, como lembras,43 em pleno fascismo...
Um abraço.

samuel: dizes bem: a canalhice é mesmo patética.
Um abraço.