É PELO SONHO QUE LUTAMOS

O anticomunismo constitui o mais relevante capítulo da multifacetada história da repressão e da violência postas ao serviço da velha sociedade baseada na exploração do homem pelo homem e contra a sociedade nova, liberta de todas as formas de opressão e de exploração.
Por efeito de uma longa experiência, o anticomunismo assume as expressões adequadas a cada momento, ora recorrendo à brutalidade, às prisões, às torturas, aos assassinatos (quando as circunstâncias o exigem e permitem), ora exibindo a mistificadora máscara democrática (quando as circunstâncias o permitem e exigem).

Foi assim que a ditadura salazarista - sistema capitalista servido por um regime fascista - diabolizando o comunismo e os comunistas, perseguiu, prendeu, torturou, assassinou milhares de comunistas - procurando liquidar a resistência e assegurar a brutal exploração a que submetia os trabalhadores portugueses.
E foi assim que, derrotado o fascismo, o anticomunismo recorreu à sua máscara democrática e na nova situação criada - sistema capitalista servido por um regime de democracia burguesa - fez do PCP o inimigo a abater, de forma a melhor prosseguir a sua acção exploradora, desprezando e violando direitos, liberdades e garantias dos trabalhadores e dos cidadãos - mas fazendo-o democraticamente e em liberdade...

O anticomunismo é velho: nasceu há 160 anos, no dia em que o Manifesto do Partido Comunista fez tremer os donos do mundo de então, ao demonstrar inequivocamente que havia uma alternativa à sociedade VELHA, opressora e exploradora - e que essa alternativa era a sociedade NOVA, sem exploradores nem explorados, socialista, comunista.
Foi nesse dia que nasceu - fruto do medo do futuro - o anticomunismo e, com ele e para começar, as patranhas ampla e intensamente difundidas sobre os malandros dos comunistas, que comiam criancinhas e matavam os velhos com uma injecção atrás da orelha... - argumento ainda hoje utilizado, aliás, como vimos nas campanhas dos recentes referendos da Venezuela e da Bolívia, onde os que o utilizaram visavam, em primeiro lugar, as democracias em construção naqueles dois países latino-americanos.


Quer isto dizer que o anticomunismo é - em primeiro lugar, acima de tudo e sempre - antidemocrático.
Ignorar ou negar esta verdade constitui perigo grave para a democracia e para todos - sublinho: TODOS! - os democratas.
Como a História nos mostra, sempre que os democratas não-comunistas igoraram esta realidade, a democracia sofreu pesadas derrotas: primeiro, levaram os comunistas, mas eu não me importei porque não era comunista... - escreveu Brecht, certeiro e luminar.

É claro que os mandantes, os produtores e os difusores do anticomunismo sabem que travam uma guerra que, apesar de vitoriosa em muitas batalhas, está irremediavelmente condenada à derrota.
Porque sabem que lutam contra um inimigo que - porque portador do mais humano e do mais belo de todos os ideais - traz consigo o Futuro: o Sonho de liberdade, justiça social, paz, solidariedade, fraternidade - e a determinação revolucionária de lutar, lutar sempre, até à concretização desse Sonho.

E também essa determinação revolucionária (expressa nesses precisos termos) nasceu há 160 anos...
No cadastro policial de Marx, encontra-se uma anotação, feita por um oficial prussiano, que define «o sujeito em questão» como «extremamente perigoso».
E o referido oficial explica as razões do «perigo»:
«Marx é um sonhador que pensa e um pensador que sonha».

Por mim, aceito esta definição de comunista - verdadeira há 160 anos; verdadeira hoje, verdadeira daqui por 160 anos...

10 comentários:

Anónimo disse...

Verdadeira sempre, não há volta a dar-lhe, a não ser seguie-lhe o exemplo!

Maria disse...

E é pelo sonho que vamos, e é pelo sonho que lá chegaremos...
Excelente post!
Não resisto a deixar-te "o resto" de Brecht:

Primeiro levaram os comunistas,
Mas eu não me importei
Porque não era nada comigo.

Em seguida levaram alguns operários,
Mas a mim não me afectou
Porque eu não sou operário.

Depois prenderam os sindicalistas,
Mas eu não me incomodei
Porque nunca fui sindicalista.

Logo a seguir chegou a vez
De alguns padres, mas como
Nunca fui religioso, também não liguei.

Agora levaram-me a mim
E quando percebi,
Já era tarde.

Um beijo grande

samuel disse...

"um sonhador que pensa e um pensador que sonha"

Quem me dera conseguir sê-lo... consequentemente.
Grande post!

Abraço

Anónimo disse...

... e é pelo sonho que lutamos e lá vamos.
Este post - obrigado! - obriga-me a perguntar se se pode assinar duas vezes a ficha que atesta que fazemos parte de um colectivo de comunistas, para lhes cumprirmos os estatutos, o programa, os princípios, o Manifesto em suma?

Anónimo disse...

O oficial prussiano era deveras inteligente. Não é para todos, definir "ser comunista" com a profundidade com que ele o fez.
Lá vou eu dizer o mesmo - é a "visão poética" que não me larga (Marx é um sonhador que pensa e um pensador que sonha)é sublime e perdurará!!!!
Um beijo, amigo

Anónimo disse...

" Os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras; o que importa é modificá-lo" Karl Max

" O dinheiro é a essência alienada do trabalho e da existência do homem; a essência domina-o e ele adora-a" Karl Max

Anónimo disse...

" Os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras; o que importa é modificá-lo" Karl Max

" O dinheiro é a essência alienada do trabalho e da existência do homem; a essência domina-o e ele adora-a" Karl Max

Anónimo disse...

Que bom é conseguir-se ser sonhador que pensa e pensador que sonha, ainda que só â escala da nossa própria pequenez de simples homens detentores de algumas virtudes e de tantos defeitos...

rui silva

Hilário disse...

Lindo Post.

E com ele o nosso sonho o mundo pula e avança!

Um grande abraço

Fernando Samuel disse...

poesianopopular: vamos a isso.
Um abraço.

maria: e ainda bem que não resististe: obrigado.
Um beijo.

samuel:e eu também...
Abraço.

zambujal: duas, três, quatro vezes...
Abraço.

ausenda: este oficial prussiano, talvez sem o saber, produziu uma notável definição de comunista.
Um beijo.

maria teresa: marx sempre actual...
Um beijo.

rui silva: é de muitas «pequenesas» que se fazem asgrandezas»...
Abraço.

hilário: ...como bola colorida...
Um abraço.