POEMA

(De uma entrevista qualquer num jornal
inquiridor: «Mas estarão os comunistas dispostos
a aceitar a alternância no poder?»)


«Democracia é alternância»
repetiu de novo a embalar o tédio,
um senhor de sonho espesso.

Como se fosse possível! - ó glória! ó ânsia! -
construir um prédio,
mudando de vez em quando
os mesmos tijolos do avesso.


José Gomes Ferreira

7 comentários:

samuel disse...

"...construir um prédio,
mudando de vez em quando
os mesmos tijolos do avesso."

É uma imagem genial!

Abraço

Hilário disse...

A alternância é o que nós estamos a assistir há mais de trinta anos.

A alternância tem contribuido para a destruição do que se conseguiu com Abril.

O que os comunistas estão dispostos é uma alternativa de poder, onde se possa levar à prática uma politica, de saúde,educação e de trabalho que favoreça o nosso povo e que acabe de vez com todas as mentiras que todos os dias entram pelas nossas casas.

Maria disse...

A lucidez do Zé Gomes...
Quanta saudade...

Um beijo grande

Anónimo disse...

Os vestidos já tenho mudado e com muito prazer, um edifício? O poeta tem muita razão.
E porque não dar continuidade à construção? Aproveitar o que está bem, substituir o que está mal e construir de raiz o inexistente?

Abraço amigo

Fernando Samuel disse...

samuel: e tão adequada à matéria...
Um abraço.

hilário: em resumo: a democracia é alternativa e não alternância...
Um abraço.


maria: a lucidez posta em poesia...
Um beijo grande.

maria teresa: na minha opinião, é por essas três etapas complementares que se fará o caminho...
Um beijo amigo.

Anónimo disse...

Nunca vi alguem defenir assim o impossível!

Fernando Samuel disse...

poesianopopular: só o Zé Gomes...
Um abraço.