POEMA DA MULHER NOVA
Vejo-te no mundo que não pára,
como um grande lenço rubro desfraldado.
Vejo-te em mim quando me sinto massa
com milhões de braços e de pernas e uma cabeça de anjo.
Vejo-te na vida em marcha,
nas mãos estendidas.
Vejo-te em toda a vibração,
nas plantações cobertas de girassóis e de papoulas,
no topo dos tractores pulverizando a terra.
Vejo-te nua das sedas
com a boca rasgada numa canção de futuro
como um punho ameaçador à pestilência dos homens.
Vejo-te bela
com os cabelos ao vento,
em frente,
sem um talvez: perfeita.
Vejo-te mãe de milhões de homens novos,
de rosto calmo e olhos firmes,
através das labaredas e do fumo,
sem país e sem lar, a caminho da vida
- na descoberta constante.
Mário Dionísio
(«Com Todos os Homens nas Estradas do Mundo»)
6 comentários:
Que 'coisa' linda!
"Vejo-te mãe de milhões de homens novos," é muito forte. E muito bonito!
Um beijo grande
"sem um talvez"...mas con tantas dúvidas!
Sim, apesar do «rosto calmo e olhos firmes», com muitas dúvidas. O futuro é sempre incerto, «na descoberta constante».
MR
Sim lutemos e construamos "o homem novo" nós, mulheres e homens que, em conjunto, procuramos construir um mundo em que todos teremos iguais oportunidades.
O poema é extrordinàriamente belo.
Um beijo.
Um pouco mais de... mulheres assim e o mundo será outro.
Abraço.
Maria: os homens novos do mundo novo...
Um beijo grande.
Justine: mas também certezas...
Um beijo.
MR: é isso que o torna ao futuro) fascinante...
Um abraço.
Graciete Rietsch: do mundo novo nascerá o homem novo.
Um beijo.
samuel: será... novo.
Um abraço.
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