POEMA

DESAFIO


Desafio,
travo de amora silvestre,
agulhas da chuva no rosto,
soco do vento contrário,
distância além do horizonte,
vem
desafio
salutar vem,
revigorante vem
dizer-me que não sou capaz
para que te prove que sou.

Vem, desafio,
esfarrapa a flanela do dia-a-dia
com as tuas patas de corcel selvagem
que faiscam estrelas do chão,
galopa nas trevas e vem,
atravessa os povoados e vem,
carregado da palavras duras,
de palavras autênticas,
de palavras-palavras,
bate na minha vidraça
e na dos meus companheiros
para que acordemos todas as manhãs
plenamente
quando os galos acordam.


Sidónio Muralha

(«Poemas de Abril» - 1974)

9 comentários:

samuel disse...

E que belo desafio este!

Abraço.

Maria disse...

Apetece ir. Para dizer que conseguimos!
Tão bonito!

Um beijo grande.

Graciete Rietsch disse...

Muito lindo! E temos o desafio à porta. O poeta merece que mostremos que somos capazes!!!!!!

Um beijo.

Ana Camarra disse...

Desafio irresistivél!

beijo

Fernando Samuel disse...

samuel: e estimulante!...
Um abraço.

Maria: dizia o Jean Cocteau: «ele não sabia que era impossível. Foi lá e fez»...
Um beijo grande.

Graciete Rietsch: e seremos capazes.
Um beijo.

Justine disse...

Que beleza!

Fernando Samuel disse...

Justine: um beijo amigo.

Ana Camarra disse...

Olha não tenho direito a beijos....
Estás zangado comigo?!

Fernando Samuel disse...

Ana Camarra: falha imperdoável, mas explicável: as horas a que comentaste e a que eu respondi aos comentários coincidem, pelo que só agora vi a tua observação ao «desafio irresistível»...
E aqui vai o beijo: grande, de muita amizade, de muita camaradagem.