«ROUPA SUJA» E «PRATOS LIMPOS»

Dizem os jornais que, após longa conversa entre o bispo do Porto e o cónego António Ferreira Santos, ficou decidido que este «vai pôr tudo em pratos limpos» e, assim, demonstrar a falsidade das acusações de suposto abuso sexual de que é alvo.

Dizem os jornais que o cónego contactou «o conhecido advogado Gil Moreira dos Santos - que tem representado, entre outras pessoas, o presidente do F.C. Porto, Pinto da Costa - a fim de reagir contra quem está a lançar suspeitas de crimes sexuais» - e que o Correio da Manhã já foi intimado a «rectificar as notícias veiculadas ontem e anteontem, onde se dava conta de (o cónego) ser suspeito de pedofilia».

Dizem os jornais que o rapaz em 2008 «denunciado pelo cónego, por extorsão, exigiu, durante meses, centenas de euros para poder fazer uma viagem até Londres e obras em casa» - e que, «através de 49 mensagens escritas, ameaçou denunciar uma suposta relação amorosa».

Dizem os jornais, sobre a «extorsão», que o rapaz «chegou a pedir-lhe, em Abril de 2008, 500 euros para viajar até Londres (...) para onde dizia querer ir trabalhar em prol dos filhos»; que «o padre deu-lhe a verba mas desconfiou que, à semelhança de outros casos, não seria aplicada na viagem»; que, «apesar disso, acompanhou-o até ao autocarro», vindo a «certificar-se no dia seguinte que o jovem, afinal, saíra logo na primeira paragem».

Dizem os jornais que «as ameaças (do rapaz ao cónego) chegaram à entrega na igreja da Lapa, em Outubro de 2008, de uma fotografia, tirada por telemóvel, de António Ferreira dos Santos em trajes menores na casa de banho da sua casa, acompanhada de uma carta».

Dizem os jornais que «perante este quadro, o padre apresentou queixa» e que, no decorrer de um encontro marcado pelo padre com o rapaz, este foi preso e, interrogado, «confessou ser o autor da carta ameaçadora e chegou mesmo a autorizar uma busca a sua casa (...) onde foram apreendidas mais cinco fotografias do padre sem roupa - tiradas "à socapa", disse. Também havia uma foto de uma cama»

Dizem os jornais que, de tudo isto, «não resultaram indícios suficientes para determinar a abertura de um inquérito-crime por supostos abusos sexuais», e que o rapaz, «arrependido» e a troco de que «o caso não avançasse para julgamento», concordou em «efectuar 90 horas de trabalho comunitário», sendo o processo «suspenso provisoriamente pelo prazo de um ano».


Dizem os jornais que «junto à igreja da Lapa são poucos os (fiéis) que acedem a comentar este caso». Ainda assim, são divulgados dois depoiamentos: o de uma senhora que diz que «tudo isto não passa de invenções absurdas a que a comunicação social dá crédito»; e o de um senhor que garante ser o cónego «uma pessoa extraordinária, um homem íntegro e um padre exemplar», e que acha que «o povo devia juntar-se e manifestar toda a solidariedade que o senhor cónego merece».


Digo eu que aplaudo a decisão do bispo e do cónego de «pôr tudo em pratos limpos», e que essa é a melhor forma de «lavar a roupa suja» - quando a há, obviamente.

7 comentários:

samuel disse...

Já um cónego não pode estar acompanhado de rapazes e em trajes menores... sem que estes lhe tiram fotografias "à socapa". Já não há respeito, é o que é!

Abraço.

Mário Pinto disse...

Mas o tal cónego não assume, não sendo esta a primeira vez, haver pago 500€ para calar o condenado? Qual foi o motivo de ter andando a financiar o "mentiroso"?
Caridade?

Antuã disse...

Há aqui alguma coisa que não soa bem ao ouvido. Deve ser mau português!...

Graciete Rietsch disse...

Vão lavar a roupa suja para eliminar as nódoas.E os verrdadeiros culpados ficarão impunes como em tantos outros casos. Até onde irá a nossa justiça?

Um beijo.

Maria disse...

Os jornais dizem cada coisa...

Um beijo. Grande.

Anónimo disse...

Será que compreendi correctamente o último parágrafo?

-Consideremos que o Sr. padre é inocente;

-Consideremos, também, que as notícias que têm vindo a público são o resultado de um caso que já foi julgado e exemplo de um péssimo trabalho jornalístico.

-Consideremos que o Sr. Padre ficou, como qualquer pessoa ficaria, incomodado com a situação.

-Consideremos ainda que por tudo isto quis reivindicar a reposição da verdade dos factos!Que repito: já foram julgados!

Diga-me honestamente, considera, que os indivíduos só recorrem à justiça e só prestam declarações, quando são culpados de algo??

Atente nos episódios do nosso primeiro, este pelo contrário, gosta pouco de por em pratos limpos estas situações curiosas, considera que, por isso, seja inocente?

Esperava um pouco mais de si.

Fernando Samuel disse...

samuel: lá que já não há respeito, é verdade...
Um abraço.

CRN: perguntas que terão resposta depois dos «pratos limpos».
Um abraço.

Antuã: é possível...
Um abraço.

Graciete Rietsch: justiça é o que este cónego pede: que ela lhe seja feita.
Um beijo.

Maria: os jornais são o que são...
Um beijo grande.

Anónimo: considerando tudo o que você considera, acho que não há nada melhor do que «pôr tudo em pratos limpos», coisa que, como diz, «o nosso primeiro» não faz - e faz mal, ao contrário do cónego da igreja da Lapa, que eu aplaudo.
Obrigado pela visita.