A GRANDE NOTÍCIA
A grande notícia
chegou até mim
como um rastro azul
vestido de estrelas,
um clarim de luz
no silêncio inerte,
repentinamente,
num céu cheio de nuvens,
um jacto que surge
e roça a montanha.
O meu pensamento
abriu-se num abraço
para além dos mares,
e a grande notícia
bailava nas ruas
enquanto nos esgotos
os torturadores
pareciam ratos
e o nojo de vê-los
doía na gente.
Um clarim de luz
num céu de nuvens,
foi como irrompeu
a grande notícia
vestida de estrelas.
Só um fogo oculto
consegue acordar
um grilo no inverno
mas quando ele acorda
o frio adormece.
Foi na madrugada
de um dia sem planos
que se revelou
a grande notícia,
e as águas do pântano
não podem mais sê-lo
ao ver, de repente,
no silêncio inerte,
um jacto que surge
e roça a montanha.
Sidónio Muralha
(«Poemas de Abril» - 1974)
5 comentários:
Infelizmente... tantos ratos se salvaram por causa desse "nojo de vê-los que doía na gente"... mas quando chega esse jacto que roça a montanha, toda a gente levanta os olhos dos esgotos e olha o céu e a luz.
Abraço.
Que poema fantástico!!!
Um beijo grande.
Sem falar no nascimento dos filhos e netos, foi o dia mais feliz da minha vida.
25 ABRIL SEMPRE. Não deixaremos os ratos sair todos dos esgotos. Muitos já por cá andam... mas a força dos que verdadeiramente desejam "um mundo sem amos" detê-los-á.
Maraviloso poema.
UM beijo.
quantos jactos terão de roçar a montanha?
o raticida n chega... soltem os gatos, antes que esta peste acabe com tudo.
quero um 26 de abril, para ter outros novembros.
abraço do vale
samuel: somos uns... líricos - se calhar condenados a sê-lo sempre...
Um abraço.
Maria: foi a grande notícia para todos nós...
um beijo grande.
Graciete Rietsch: a rataria adapta-se a todas as circunstâncias...
Um beijo.
duarte no vale: e eu estou contigo.
Um abraço.
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