POEMA

SOLIDARIEDADE


Vamos, dêem as mãos.

Porquê esse ar de eterna desconfiança?
esse medo, essa raiva?
Porquê essa imensa barreira
entre o Eu e o Nós na natural conjugação do verbo ser?

Vamos, dêem as mãos.

Para quê esses bons-dias, boas-noites,
se é um grunhido apenas e não uma saudação?
Para quê esse sorriso
se é um simples contrair de pele e nada mais?

Vamos dêem as mãos.

Já que a nossa amargura é a mesma amargura,
já que a miséria para nós tem as mesmas sete letras,
já que o sangrar dos nossos corpos é o vergão da mesma chicotada,
fiquemos juntos.
sejamos juntos.

Porquê esse ar de eterna desconfiança?
esse medo, essa raiva?

Vamos, dêem as mãos.


Mário Dionísio

(«Com Todos os Homens nas Estradas do Mundo»)

7 comentários:

poesianopopular disse...

Grande lição de humildade e de apêlo á consciência de classe, tão necessários aos princípios revolucionários.
Abraço

samuel disse...

Seria tudo tão mais simples...

Abraço.

Maria disse...

Dou-te a minha mão! E a quem comentou acima!

Um beijo grande.

Graciete Rietsch disse...

Demos as mãos e sigamos em frente. Mais um grande poema.

Beijos

Anónimo disse...

... uma roda ou...
várias correntes humanas
entrelaçadas:
de mão dadas

8-)
MR

Anónimo disse...

e perguntam-me:"- estais sempre a tratar-vos por "camaradas", porquê?
-porque não consigo entender a palavra futuro, sem a capacidade de construção, que reside na humilde união dos seres"....
abraço do vale

Fernando Samuel disse...

poeasianopopular: solidariedade é uma palavra muito bonita.
Um abraço.

samuel: seria tudo de uma simplicidade... imparável.
Um abraço.

Maria: demos as mãos!
Um beijo grande.

Graciete Rietsch: de mãos dadas tudo é mais fácil.
Um beijo.

MR: é isso a solidariedade.
Um abraço.

do vale: e porque «camarada é a mais bela de todas as palavras»...
Um abraço.