O Público dá-nos conta de um estudo «organizado pelos politólogos André Freire e José Manuel Viegas»: «Representação política - o caso português em perspectiva comparada».
De entre as várias conclusões a que chegaram os autores do estudo - designadamente a de que «a satisfação dos portugueses com a democracia bateu no fundo» (pudera!, com uma democracia de faz-de-conta como é a nossa...) - há uma que despertou a minha atenção.
Tem a ver com os partidos políticos que, segundo nos é dito por um dos «politólogos», se tornaram «meros instrumentos dos seus líderes».
O que é verdade.
Mas, já agora, acrescente-se que essa realidade decorre do conceito de democracia dominante (a tal que bateu no fundo...) e que, até agora, não mereceu qualquer nota crítica por parte dos politólogos de serviço... - e a mais elementar honestidade política obrigaria a que se dissesse que há um partido que não é um mero instrumento do seu líder: o PCP.
Como a realidade nos mostra todos os dias.
Acrescenta o «politólogo» que «as eleições directas dos líderes (que substituíram as eleições em congresso) vieram dar um contributo negativo, enfraqueceram os partidos».
O que é verdade.
Mas, já agora, acrescente-se que as «eleições directas» nos partidos foram importadas, primeiro pelo PS, depois pelos restantes partidos da política de direita, e apresentadas como se fossem o supra-sumo da democracia, o último grito em matéria de democraticidade partidária... - e a mais elementar honestidade política obrigaria a que se dissesse que não é assim em todos os partidos: que o PCP elege o seu secretário-geral em congresso, após uma ampla auscultação às organizações partidárias.
Como pode confirmar quem nisso estiver interessado.
Aduz o referido «politólogo» que tudo isto cria uma situação em que os líderes estão acima dos partidos, em relação aos quais «actuam autonomamente», o que faz com que «os órgãos dos partidos quase desapareçam».
O que é verdade.
Mas, já agora, acrescente-se que essa prática absolutista - o partido sou eu!... - tem sido vendida como coisa altamente positiva e altamente democrática, por isso proliferando no campo fértil de todos os partidos da burguesia ... - e a mais elementar honestidade política obrigaria a que se dissesse que há uma excepção a essa regra: o PCP, partido no qual - porque o colectivo é quem mais ordena - são os órgãos dirigentes democraticamente eleitos que, colectivamente, tomam as decisões que os militantes (aí incluído o secretário-geral do Partido) colectivamente levam à prática.
Como facilmente constatará quem quiser constatar.
Num tempo em que - por razões óbvias... - tanto se insiste na ideia de que «os partidos são todos iguais», a mais elementar honestidade política obriga a que se sublinhe que «o PCP é diferente dos que são todos iguais».
E que é nessa diferença que está o futuro.
15 comentários:
É assim mesmo que funcionamos. E esta nossa forma de trabalhar ainda perturba muita gente. Mas esta nossa forma de trabalhar vai também trazendo mais gente para o nosso lado, engrossando as fileiras do Partido que somos.
Um beijo grande.
Os Partidos são todos iguais!!!! Não, há um diferente. Que bem explicaste isso!!!!!
Um beijo.
Exactamente! Mai'nada!
Obrigado eum grande abraço
se um comunista incomoda muita gente, muitos - e organizados - incomodam muito mais!
abraço
E não há pai!...
Exactamente. Esta, uma das diferenças fundamentais, entre tantas outras.
Pois é, se houvesse essa "elementar honestidade política" estes politólogos deixariam de viver como nababos, sustentados por programas de "investigação" generosamente subsidiados/pagos - em muitos casos, com o nosso dinheiro!
Abraço.
Esses "iluminados" podiam dar uma uma vista de olhos pelo ensaio de Álvaro Cunhal,"O Partido com Paredes de Vidro"(...) Dirigir não é mandar,nem comandar,nem dar ordens,nem impor.É antes de tudo,conhecer,indicar,explicar,ajudar convencer,dinamizar(...)
Abraço
Estes senhores politólogos não deixam de não ter a sua (graça),passam a vida a dar elogios á formula usada pelos Partidos que quase se degladiam para escolherem o lider, criticando o PCP pelo facto de ser diferente, depois quando se trata de criticar pretendem juntar o PCP no mesmo saco.
Pobres coitados!
Como eu lastimo que tenha sido com o dinheiro dos nossos impostos que se formaram estes vesgos politólogos.
Abraço
Eles sabem! Não deve ter passado de um lapso... esqueceram-se!...
Abraço.
A nossa diferença entre os outros é grande e notória;
“o Partido, somos todos nós!”
Eles sabem!
Bjs,
GR
Maria: é em sermos como somos que está a nossa força.
Um beijo grande.
Graciete Rietsch: um beijo.
do zambujal: um abraço grande.
Antonio Lains Galmba: ó se incomodam!...
Um abração.
Antuã: essa é uma grande verdade.
Um abraço.
filipe: uma diferença que começa no nosso objectivo supremo de construir uma sociedade sem exploradores nem explorados.
Um abraço.
Curioso do Mundo: dar uma vista de olhos e, depois, ler atentamente...
Um abraço.
poesianopopular: o esquema é sempre o mesmo...
Um abraço.
samuel: foi, foi um esquecimento...
Um abraço.
GR: «todos nós» é um grande trunfo!
Um beijo.
Apenas uma precisão. No PCP quem é eleito em congresso é o Comité Central. E este em reunião é que elege o seu Secretário Geral. Parece um pormenor insignificante, mas não é. O PCP até teve um periodo sem Secretário Geral ...
Um abraço,
Nuno
Nuno: obrigado pela «precisão»: é um aspecto relevante, a sublinhar a supremacia do colectivo; e de facto, o PCP esteve sem secretário-geral de 1942 (data da morte de Bento Gonçalves) até 1961 (data da eleição de Álvaro Cunhal).
Um abraço.
"partidos políticos que, segundo nos é dito por um dos «politólogos», se tornaram «meros instrumentos dos seus líderes»"
Nada mais falso!
Os partidos sejam eles quais forem são é meros instrumentos das classes que defendem.
O PCP, claro é o instrumento que os trabalhadores portugueses se servem para defender os seus interesses de classe.
Os outros a gente sabe muito bem quem na verdade servem e para que servem.
aferreira: mais uma precisão oportuna...
Um abraço.
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