DOIS POEMAS DO SONHO
1
Quando as pálpebras caíram nos diversos recantos da cidade,
cada vagabundo só se conhecia a si mesmo,
à sua miséria e ao seu desgosto da vida.
Mas o vento fustigou-os indiferentemente
e a chuva ensopou-os a todos da mesma maneira inóspita e miserável.
E o sonho subiu e juntou-se ao ar.
Cada velha sinfonia se desflorou numa nova sinfonia.
A chuva secou nos fatos e as lágrimas nos olhos.
E quando as pálpebras se ergueram nos diversos recantos da cidade,
todos os vagabundos se conheciam
e sorriam uns para os outros.
Mário Dionísio
(«Com Todos os Homens nas Estradas do Mundo»)
6 comentários:
...e já não eram vagabundos. Nunca mais!
Abraço.
Chego à conclusão que praticamente não conheço Mário Dionísio...
E sorrio para os outros...
Um beijo grande.
Não é dos meus poetas preferidos, mas reconheço a excelência da construção, a riqueza das imagens.
Tinhas razão... estou a adorar este poeta!
beijo,
É tempo de esse "milagre" voltar a acontecer.
Um beijo.
samuel: o antes e o depois...
Um abraço.
Maria: sorrir, sorrir sempre...
Um beijo grande.
Justine: um beijo.
smvasconcelos: ainda bem.
Um beijo.
Graciete Rietsch: que chegue depressa...
Um beijo.
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