POEMA

A CORJA


A vida é bonita,
mas alguém sujou
seus rios que riem,
roubou os seus pães
alvos e morenos,
queimou os seus livros
que eram livros livres,
cortou suas flores
que tinham sol dentro,
fechou os seus homens
com sede de fora,
degradou as grades
imundas o mundo.

A vida é bonita
fizeram-na feia,
quem for o culpado
que levante o dedo.

- E a corja impassível
de braços cruzados,
falando da lua,
fingindo que não.


Sidónio Muralha

(«Poemas de Abril» - 1974)

5 comentários:

samuel disse...

Felizmente e apesar da corja, a vida tem formas várias e extraordinárias de se purificar e regenerar.

Abraço.

Maria disse...

Como sempre, a corja assobia para o lado...
(são todas iguais!)

Um beijo grande.

poesianopopular disse...

A melhor vacina contra a corja, é o voto seguro e certo no PCP e na CDU, mas,se ela persistir, é aconselhável a extreminação.
Abraço

Graciete Rietsch disse...

Contra a corja lutar, lutar sempre sem desânimo...

Um beijo

Fernando Samuel disse...

samuel: valha-nos isso...
Um abraço.

Maria: não é nada com eles...
Um beijo grande.

poesianopopular: Essa é uma boa vacina, de facto.
Um abraço.

Graciete Rietsch: não há outra solução.
Um beijo.