A France Telecom - empresa com cerca de 120 mil trabalhadores - iniciou em 2006 uma reorganização que teve como consequências, até agora, a eliminação de 22 mil postos de trabalho e a mudança de funções na empresa, ou a mudança de local de trabalho (ou ambas as coisas) de metade dos seus trabalhadores.
Tudo isto, feito num processo em que abundam as pressões do mais diverso tipo sobre os trabalhadores, gerou entre estes um clima de insegurança e de medo generalizados, traduzido em múltiplos casos de problemas psíquicos e no suicídio, até agora, de cerca de 40 trabalhadores - para além de dezenas de casos de suicídios falhados.
Um relatório da Inspecção de Trabalho, divulgado há uma semana, considera que «estes suicídios são consequência da política de reorganização e da gestão aplicada a partir de 2006» e acusa os dirigentes da empresa e o processo de reorganização em curso de responsáveis por esta onda de suicídios - e de não terem considerado os alertas, feitos em diversas ocasiões por médicos, sindicalistas e inspectores de trabalho.
«Estas coisas são inevitáveis» - dizem e escrevem os analistas de serviço, que se dizem surpreendidos com a situação, pois para eles, os trabalhadores não têm razões de queixa, na medida em que têm a sorte de ter emprego e de trabalhar 35 horas semanais...
Ou seja: para estes analistas, o direito ao emprego deixou de ser um direito humano fundamental e passou a ser uma bênção concedida pelo grande patronato aos trabalhadores... desde que se portem bem e não façam ondas...
(e quanto às 35 horas semanais, é verdade que estão consagradas na lei - mas é verdade, também, que segundo dados da União Europeia, os trabalhadores franceses trabalham, em média, 41 horas semanais)
Face a tudo isto, o responsável pelos Recursos (ditos) Humanos da France Telecom foi peremptório e sintético: «Não podemos parar a reorganização».
Talvez pensando lá para com ele que quantos mais se suicidarem, menos terá que despedir...
Assim vai a democracia.
Assim vai a liberdade.
Assim vão os direitos humanos.
Lá como cá.
9 comentários:
E menos serão reformados. O que é vantajoso para a s. social. Lá como cá...
Um beijo grande.
De vez em quando o patronato tem que lembrar quem realmente manda na governação... lá como cá.
Abraço.
Lá como cá o Capital trata as pessoas como coisas.
Custa a acreditar que:toda esta pré-concebida desumanização é feita por seres,ditos humanos!
Mas,a verdade é que:é mesmo.
Abraço
Maria: é a mesma cambada.
Um beijo grande.
samuel: lá como cá...
Um abraço.
Antuã: está-lhe no sangue...
Um abraço.
poesianopopular: ditos humanos...
Um abraço.
Isto não passa de uma nova forma de escravatura. Não nos admiremos porque antigamente quando havia escravos mesmo, eles também eram domados por humanos iguais a eles. A raça humana adapta-se bem e há "pessoas" que quando lhes mostram ao olfacto uma paveia de notas são capazes de escravisar os seus colegas de trabalho. Por cá também tem havido disto. Portanto: Lá como cá.
Lá como cá e onde o capitalismo mande.
Um abraço.
essa treta das 35h semanais(entretanto "revisitada" por sarko) não passa disso mesmo.
em todas as empresas que trabalhei, eram sempre (no minimo) 8h diarias, sendo que as horas em excesso seriam recuperadas(por os quadros da empresa) em alturas de menos serviço. alturas essas que nunca chegava nem chegou. assim vi, assim foi.
O problema é não existir sindicancia a valer, esquerda assumida, etc.
não demora aquilo dá o estoiro( como é bom costume nos franceses)
abraço do vale
Carlos: de acordo.
Um abraço.
joão l.henrique: mais coisa menos coisa, o capitalismo é igual em todo o lado.
Um abraço.
duarte: também por lá andei e vi como era...
Um abraço.
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