POEMA

IN MEMORIAM

Esses mortos difíceis
que não acabam de morrer
dentro de nós; o sorriso
de fotografia,
a carícia suspensa, as folhas
dos estios persistindo
na poeira; difíceis;
o suor dos cavalos, o sorriso,
como já disse, nos lábios,
nas folhas dos livros;
não acabam de morrer;
tão difíceis, os amigos.

Eugénio de Andrade

7 comentários:

samuel disse...

Os grandes amigos são na verdade esses, que "não acabam de morrer", vão ficando presentes nas pequenas e grandes coisas em que os lembramos, como se tivessem a delicadeza de esperar por nós...

Maria disse...

Alguém disse, não me lembro neste momento quem "temos um cemitério dentro de nós".
É o que eu sinto, neste preciso momento.

Um beijo

Anónimo disse...

Sinto que dedicas este poema do Eugénio de Andrade, ao nosso camarada Àlvaro Rana, que bem o merece, pela luta que travou durante muitos anos, em prol dos trabalhadores.

Fernando Samuel disse...

samuel: são esses, cuja morte doi mas cuja lembrança conforta e dá alento...
Um abraço.

maria: um muito grande «cemitério» - felizmente, talvez, não?...
Um beijo.

josé manangão: e sentes bem, camarada...
Um abraço.

Justine disse...

Não morrem nunca, os amigos. Mesmo os amigos que nunca conhecemos pessoalmente, como alguns poetas.

Anónimo disse...

E os que da lei da morte se vão libertando?!...

Fernando Samuel disse...

justine: exacto.

antuã: esses são os amigos...