Discurso azedo

Ora pois, que a nossa “benemérita” Sra. Madre Manuela Ferreira Leite, num discurso proferido no 34º aniversário da juventude, não toda, mas da que representa, considera desadequadas as “políticas assistenciais, de ajudas e subsídios aos jovens”, pois, estas, são inimigas do espírito de iniciativa (privada), causa de inércia e falta de autonomia relativamente à vida profissional e à família. Aliás espírito bem presente na juventude que representa, autónomos, inteligentes e perspicazes em aproveitar o que o berço lhes proporcionou.
Pois se vê o quão afastada da realidade dos jovens a Sra. está, do alto do seu pedestal, arrogante e empinado. Dos jovens… Dos que não representa… Dos que não têm direito a uma política de emprego digno e com salários justos, dos que não têm acesso a um sistema de saúde operacional, consistente e de assistência permanente, dos que nem acesso têm ao ensino “pouco rigoroso e pouco exigente”, tal como o classifica, dos que têm que se endividar até ao pescoço e durante toda a vida para poderem ter uma habitação, dos que têm que aturar políticas de incentivo ao trabalho e ao investimento, que raramente estão ao seu alcance… Empreendedores? Estes? Talvez não… Desmotivados e sem respostas? Talvez sim.
E a responsabilidade recai sobre quem? Claro, os jovens que não querem nada com o trabalho, os que se encostam à sombra da bananeira, à espera que lhes caia em cima a banana premiada. Sim, porque as sucessivas políticas de direita, ao longo destes mais de trinta anos, nada têm a ver com o estado actual da vida do povo e dos (jovens) trabalhadores.
E a Sra. nem sequer foi um agente activo, em governos anteriores, à escalada da calanzisse. E assim, se vai fugindo (ou tentando, porque há aqueles que não se esquecem) com o rabo à seringa.

5 comentários:

Anónimo disse...

Bom post. De uma jovem, com certeza. E não "daquela juventude" da Sra. Dra. Mas é preciso lembrar que a Sra. Dra. foi ministra das finanças e ministra da educação (!). Cavaca.
Calorosas saudações

Anónimo disse...

Vamos ver com atenção as palavras da Manuela.

A ex Ministra tem razão.

Os subsidios foram criados com excelentes intenções, podiam ser de facto usados para combater certas dificuldades sociais. Contudo o que se sucede hoje em Portugal é que existem jovens e trabalhadores que por causa dos subsidios, como é o caso dos subsidios de desemprego, nao procuram emprego. Alguns ficam em casa a fazer absolutamente nada. Tem que haver trabalho, empenho, esforço, competitividade, procura.
Nao se pode ficar com os braços cruzados.
Por exemplo, quando fui a Nova Iorque, em tempos, fiquei impressionado com a quantidade de empresas que à noite tem os seus serviços em funcionamento. Digam o que disserem dos EUA, uma coisa é certa: eles trabalham muito e não é por acaso que são a potência nº1 e que têm grandes génios das mais diversas áreas do conhecimento. Isso fruto do trabalho. E nós com o excesso de Estado estamos na cauda da Europa.
Obviamente que os subsidios nao devem acabar, mas deve-se rever o sistema de subsidios porque existem muitos chicos-espertos que se aproveitam de politicas sociais do Estado.

Um abraço

J.Z.Mattos

Ana Maria Teixeira disse...

Hoje em Portugal, as pessoas que estão no desemprego e recebem subsídio, têm que se apresentar quinzenalmente sob pena de lhes ser retirado, têm que comparecer às reuniões do centro de emprego, sob pena de lhes ser retirado, têm que apresentar, no centro de emprego, um papel assinado pelas entidades em como foram a x entrevistas e em como fizeram uma procura activa de emprego. Já cheguei, na minha empresa, a receber telefonemas de centros de emprego que querem saber se tal candidato veio e se ficou colocado. É um começo, mas ainda muito pouco. A mudança terá que ser de mentalidades/ consciências. Um jovem, e tendo em conta os ordenados que se praticam, pouca ou nenhuma autonomia consegue ter, nem lhe é possível a não ser que haja incentivos que o permitam, como é que, com um ordenado mínimo é possível pagar uma renda e todos os outros encargos? Muito menos consegue investir na sua formação, a não ser com a ajuda dos pais, pois recorrer ao tão afamado crédito que os nossos governantes têm tentado instituir como solução, é uma fraude e um endividamento dos jovens a longo prazo. Está criada a interdependência, e a depressão está em crescendo nos jovens, porque será? Os EUA são um bom exemplo, do que não se deve seguir, a saúde e a educação são pagas a peso de ouro e não há “abébias” para ninguém, ou pagas ou morres, se calhar é por isso que trabalham de noite, para poderem pagar a operação da mãe ou do filho, é preciso é saber se eles estão felizes, com os dinheiros a serem investidos em tudo menos no que é mais importante para eles, agora a guerra e mais tarde os psiquiatras pelo surto de Perturbação de Stress Pós-traumático que vai haver. Os génios, muitos são grandes cabeças estrangeiras, convidadas a dar o seu contributo, com a ilusão do sonho americano.
Tudo custa dinheiro e ele não abunda na carteira e se é mal gerido é porque o jovem nunca foi ensinado a fazê-lo, os pais não o fazem e os media ainda menos ajudam, com toda a “porcaria” que nos entra pelos olhos dentro de forma constante e por vezes, com informações contraditórias e manipulatórias, apela-se à gestão eficaz do dinheiro e alerta-se quanto ao endividamento das famílias, mas olhe, a CGD tem um crédito pessoal ou para férias, bastante aliciante. É uma sociedade esquizofrénica com tanto discurso paradoxal. Mas até de interesse governativo, porque melhor controlável.
Os jovens são jovens até mais tarde, porque a estabilidade que lhes permite avançar é pouca ou nenhuma, se calhar muitos deles se lhes for perguntado, preferiam concerteza ter a sua independência o mais cedo possível, longe do conflito de gerações que caracteriza a vida relacional pais-filhos adolescentes. O problema também é esse, nunca se pergunta nada a ninguém, tomam-se decisões à revelia dos que por direito têm uma palavra a dizer.
Um jovem que vai estudar para fora do local de residência e tem que arrendar casa, recorre ao subsídio para arrendamento, para poder estudar e investir no que mais tarde o pode catapultar, no entanto, se estes acabam e o jovem tem o azar de não ter nascido abastado, quem o pode culpar de falta de iniciativa e investimento em algo que poderá vir a ser útil e produtivo? E emprego, depois de ter queimado as pestanas durante tanto tempo? Sou licenciada, antes de Bolonha, foram 5 anos, mais 5 a saltar tipo passarinho, de emprego em emprego, e depois, a desculpa de sempre, ou tinha habilitações a mais ou tinham medo que me fosse embora para um melhor ou ainda reivindicasse melhor salário ou condições de trabalho, não tinha experiência na área, ela adquire-se com o tempo de prática e se não são dadas oportunidades pela primeira vez, como é que se pode alguma vez tê-la, desculpas esfarrapadas, contudo convenientes. Como posso ter espírito de iniciativa e empreendedorismo? O que ganho, e sempre trabalhei, não dá para abrir um qualquer negócio na minha área de formação, e juntar-me a outras pessoas e arriscar-me a ficar sem nada, viver na incógnita de que resulte ou não, é por a cabeça a prémio. Na Suiça, realidade que conheço, os jovens saem de casa aos 18 anos, são os próprios pais a incentivar a sua saída, alguns ainda a estudar, conseguem arrendar casa (os chamados estúdios) com um part-time, aprendem a gerir o dinheiro e fazem uma vida normal de jovem, com saídas incluídas. Em Portugal, nem com um full-time isso é possível.
Há muitas ideias que tresandam da boca dos que querem “mandar”, muitas delas pura demagogia e sempre na direcção do benefício de alguns, se calhar dos que têm os olhos bonitos. A Sra. já lá esteve, e é co-responsável pelo estado de miséria em que se encontra o país, é um facto, e esteve duas vezes, para quem pudesse ter dúvidas dos seus skills para a governação. Ela não quer saber de ajudar os jovens a serem isto ou aquilo, (deve reger-se pela Teoria de Darwin - Selecção Natural - adaptadada para a versão portuguesa Selecção Artificial, não é o mais forte que sobrevive, mas aquele que consegue fazer a aposta mais alta, o mais rico) e quem acredita nisso, na minha opinião está bem ludibriado.

Fernando Samuel disse...

Magnífico post. Magnífico e esclarecedor comentário.
Parabéns.

Um beijo amigo.

Anónimo disse...

Na generalidade,todos somos bons trabalhadores; se o salário tambem for bom!
com maus salários ninguém é bom trabalhador!
O trabalho terá de ser sempre a matéria prima mais valiosa, em relação a todas as outras, só assim o ser humano poderá viver condignamente!
Ana bom post e melhor resposta!