SONETO IMPERFEITO DA CAMINHADA PERFEITA
Já não há mordaças, nem ameaças, nem algemas
que possam perturbar a nossa caminhada,
em que os poetas são os próprios versos dos poemas
e onde cada poema é uma bandeira desfraldada.
Ninguém fala em parar ou regressar.
Ninguém teme as mordaças ou algemas.
- O braço que bater há-de cansar
e os poetas são os próprios versos dos poemas.
Versos brandos... ninguém mos peça agora.
Eu já não me pertenço: Sou da hora.
E não há mordaças, nem ameaças, nem algemas
que possam perturbar a nossa caminhada,
onde cada poema é uma bandeira desfraldada
e os poetas são os próprios versos dos poemas.
Sidónio Muralha
(«Passagem de Nível» - 1942)
5 comentários:
"e os poetas são os próprios versos dos poemas."
Não é a primeira vez que o digo. Este verso é uma das coisas mais extraordinárias que li...
Abraço.
Chama-lhe o poeta 'soneto imperfeito', e eu acho que é um soneto perfeito, e beíssimo!
Um beijo grande.
A poesia como (re) afirmação da LIBERDADE, "sem mordaças, ameaças ou algemas".
Beijo,
Mais uma recordação do passado, a mesma bandeira de luta.
Um abraço, camarada.
A poesia é a arma do poeta!
Abraço camarada.
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